domingo, 25 de setembro de 2016

Para onde

Tentar, tentar e tentar.
Quantas vezes mais será necessário recomeçar do zero? Quanto tempo mais é possível viver sendo atropelado pela fatos?
Não é doce o que acontece, não é bom o futuro que se vislumbra cheio de incertezas e com certezas de coisas ruins. Como se livrar da mágoa e da dor para poder seguir em frente? Como perdoar alguém que não vê erro em suas atitudes? Pois se não vê erro tende a repeti-las e neste sentido o perdão deve ser posterior e prévio. Como entender que a distância e a auto negação estão se tornando uma regra onde dia após dia será necessário engolir mais um sapo para permanecer ao lado de quem se ama? E se não for amor? Se for só costume ou medo? E se tudo isso não fizer sentido? Termina um caso começa outro e assim, cada dia mais, o que deveria ser alegria se torna tristeza e fúria.
Depois de um tempo vem a anestesia, parece que não dói mais. Parece que nada importa mais. É quando um plano para o final do ano, uma iminência de visita boa, um planejamento futuro te fazem sentir dor ao invés de prazer. Estarei aqui quando isso ocorrer? Quanto tempo ainda sou capaz de suportar tudo isto? Deus sabe meus motivos e tudo que se passa em minha cabeça, mas seria justo despejar isto mundo?
Quando alguém que sempre foi sereno se vê acuado, vituperado e pressionado e assim, numa noite ruim encontra a saída e tem a faca e o queijo nas mãos, a tentação de utiliza-los se torna quase uma companheira de corpo. Por que então ele simplesmente não faz o que tem que ser feito? Por que ele não quer ferir a quem o fere de morte? Por que ele tenta tanto se agarrar ao que aparentemente não tem futuro?
Seriam as coisas conquistadas? Seriam as pessoas envolvidas? Seria aquilo que não pode ir com ele ou a comodidade de não ter mais que recomeçar? Ele conhece aquela estrada, sabe onde vai dar. Assim também conhece cada detalhe da estrada que está trilhando e, embora não tenha contado a ninguém ou parte seja constantemente rechaçada por quem detém as informações, ele sabe que até o momento tudo correr exatamente como aquilo que ele já conhece e que não houveram previsões erradas mesmo tendo ele vociferado outras previsões, mais amenas e que não se confirmaram, para não ter que explicar os medos que ele mesmo não entende.
Ele sofre pelo que já perdeu, sofre pelo que ainda não perdeu mas perderá, sofre pela visão de estar novamente com uma mala de trapos a beira de uma estrada pensando em como recomeçar. Ele sofre pelo valor que sabe que tem e pelo valor que não lhe dão, sofre pelo erro e pelo possível sofrimento alheio. Ele sofre porque sabe que precisa abrir o paraquedas ou a aza delta mas ainda não entende qual dos dois fará doer menos. Ele sofre porque sabe que ficar é permanecer vendo um filme que ele não quer encontrando-se com dores que não esperava mais viver e também porque partir é dar de cara com fantasmas que ele sempre soube que estavam a sua espreita mas que não lembrava mais como eram.
Sozinho no mundo, nem conversar ele pode. Não quer ser prisão para ninguém, não quer ao seu lado ninguém que não queria estar, mas não pode viver com o que lhe é oferecido.
Novamente o mesmo impasse, novamente a vida lhe põe contra a parede para que ele tome uma atitude, para que ele escolha. Contentar-se-a com a não escolha mais uma vez? Será que não é este o motivo pelo qual este martírio se repete a cada ciclo? Ou será que ele realmente não nasceu para ser de um único alguém? Será que seu destino é ficar por um período determinado de tempo na vida das pessoas e então partir? Será que ele é mesmo um anjo? Se for, por quê tudo dói tanto?
Ele está ávido por entender as nuances daquilo que o cerca porém, mais uma vez está paralisado pelo medo de se precipitar ou de cometer uma injustiça. Mais uma vez não quer dar o passo definitivo embora a emoção implore a ele.
Quando lhe é permitido falar sobre, o faz desenfreadamente buscando qualquer coisa a que se agarrar que lhe faça finalmente subjugar o instinto de agir, mas são tão poucas oportunidades em janelas que se fecham tão depressa.
Partir ou ficar? Ele realmente não sabe.
E agora José? Para onde?

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Mais do mesmo

É um calor que corre o peito, um vazio de sentir-se roubado, de compreender a magnitude e o absurdo daquilo que o ronda. Tantas vezes lhe disseram que as pessoas eram más, tantas vezes ele disse não ser isso uma condição humana e sim um momento peculiar onde o que importava era a busca por "aquele alguém" que lhe mostrasse a verdadeira face do amor.
Ele percebe agora que buscou toda uma vida uma ilusão inalcançável pois ao ver a felicidade como algo a ser saboreado a dois, não entendeu que isto demandava também o desejo de alguém que não ele e que seres humanos são assim, mesquinhos e egoístas por natureza. Se julgam superiores, a todos julgam mas não permitem que o julgamento alheio caia sobre si.
Percebe quantas escolas erradas fez por querer acreditar em pessoas que lhe provaram não ser dignas de confiança. 70x7, ele perdoou só 21. Agora, vê a continuidade de uma história que jurou não mais viver diante de si. Vê as garantias propostas junto ao absurdo de vida que foi condicionante para seguimento serem postas por terra. Já não importa mais. Entende as constantes recusas dos últimos tempos, os sumissos inexplicados e a felicidade repentina. Tornou-se coadjuvante onde era protagonista. Pra que então continuar? Nem ele sabe.
Compelido a desistir ante as mentiras que estava certo não haveriam, ante ao fator indigesto de tudo que se apresentou diante dele, só consegue pensar no que deveria ter feito de diferente. Só consegue pensar que tudo deveria ter sido abortado naquele primeiro momento de cheque. Deseja ardentemente ser amado, ser desejado, ser visto como mais que um enfeite. Quer ser respeitado e entendido coisa que já sabe, não terá de ninguém.
Em meio a todo este retrocesso de um passado que ele considerava superado, em meio a toda esta destruição de seu próprio ser e de absolutamente tudo que ele considerava ter construído de sólido nos últimos tempos, só lhe resta a solidão, a certeza da impossibilidade, a percepção da necessidade de ação e a estagnação que o faz sentir ainda menos homem.
Se ele não for capaz de agir vera sua vida tomada assalto por quem não se importa com seus anseios, quem não consegue olhar para ele com empatia. Ou ele pensa em si ou ninguém o fará por ele. Justo ele que sempre acreditou que o amor e a entrega geravam a reciprocidade e que na vida a dois um cuida do outro.
O fim parece deixar de ser uma questão de se, e ele observa o horizonte tentando entender o quando, já que para ele cada passo precisa ser antecipadamente planejado. Ou ele vive ou morre, mas como viver sem entender o cenário num deserto tão morto?

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Pra que?

É lamentável. É lastimável. O que é mais corrosivo? A briga intensa de uma noite ou os pequenos socos no estômago do dia a dia?
Tem aqueles momentos na vida em que se é confrontado com a própria insignificância, e não por autopiedade mas por uma constatação fatídica irrefutável. Como quando você passa meses com barba e um dia a retira e vai trabalhar normalmente sem que absolutamente ninguém perceba qualquer mudança.
As pessoas costumam viver indicando uma independência em relação aos outros. Somos condicionados a crer que somos bons e que nossas escolhas são imponentes, mais bem pensadas e acertadas que aqueles a quem criticados. Beira ao estranho notar que a insignificância incomoda principalmente à alguém que exibe no peito a certeza lidar bem com a solidão.
Se eu sumisse do mundo, que de mim faria falta a quem? Provavelmente a ausência da presença seria sentia por um curto período de tempo, a ausência mais duradoura seria principalmente a de ações, quase como se estragasse uma máquina, algo facilmente reparável com a compra de uma nova.
Ver. Uma postura aqui, uma omissão ali, um abraço negado, um comentário alheio em uma postagem que mostra mais intimidade com o ser amado do que você, um trecho lido sem intenção ao passar perto que demonstra mais abertura com outro que contigo. É quando você é confrontado com a realidade de ser descartável que começa a se perguntar o por quê de tanta luta. É porque ou por que?
São os pequenos detalhes que minam a autoconfiança e a fé. Pra que eu sirvo? Qual minha real função no mundo? Será que sou só um pai meia boca e um funcionário pouco importante? "Quando é que ele volta de férias? Cheio de coisa pra passar pra ele". Só que eu estou aqui. Então pra que eu sirvo?
Sem importância em casa, despercebido no visual, substituível no trabalho. Só mais um fracassado.
Como voltar a sorrir ante a tanta coisa junta? Como não entender o que é claro? Aquele que nunca toma decisões precipitadas começa a caminhar a passos lerdos, com entendimento de que a não escolha, sua escolha comum, desta vez irá leva-lo a morte. E ele já sente o seu gosto após um breve período de felicidade em uma vida plena. Sente medo, como em outros momentos em que não querendo precisou se mover.
Não se é feliz, felicidade é um estado. Assim também não se é triste, mas é muito mais difícil sair deste estado. Ele precisa se sentir vivo, se sentir importante, talvez não exija tanto ... Mas ele não vive se não for ao menos necessário. Não uma frase de "você é importante" mas uma atitude de "sem você isto seria impossível".
É curioso a devastação que sente em si, não tem mais forças pra lutar, não consegue mais vociferar o que sente, passa o tempo todo com sensação de choro, mas nem isto ele sabe fazer.
Precisa desesperadamente achar o seu lugar no mundo. Precisa sentir que não está só. Precisa de um lugar onde descansar, um recanto de paz. Não pode reclamar, não tem com quem se abrir, não consegue projetar o amanhã. Precisa sentir que está vivo, que faz alguma diferença para alguém, precisa entender onde ir e o que fazer. Do jeito que vive não durará muito tempo. Lutar todo o tempo por conquistas perdidas ao mesmo tempo tentando o obter novas. Então, pra que viver?

sábado, 10 de setembro de 2016

Os bêbados e o equilibrista

E fica tudo assim, meio certo meio errado. As vezes toda sujeita sai de uma vez debaixo do tapete e demora até que se encontre uma forma de limpa-la totalmente.
Quantas vezes o que vem a cabeça é a ideia de se desfazer de tudo e tentar um novo começo? Mas ele já está cansado de recomeçar, sente que cada vez é mais difícil e mais dispendioso iniciar um novo movimento e agora há muito mais o que pensar.
O que ele sente agora, de tão corriqueiro já chama pelo apelido. Já não crê mais que alguém no mundo seja diferente então nada muda independente do cuidado na construção. Sempre os mesmos problemas, sempre as mesmas pedras, aquilo que ele conhece tão bem.
Se sente distante, só e incompreendido, se sente vituperado, vilipendiado e cansado. Sente que não tem mais forças pra lutar contra o destino, se é isto que ele tem que viver será senhor da correnteza, dominará a maré.
Ele atravessou um deserto com a promessa de um lugar melhor e agora só encontra uma terra infértil e salgada onde morrem os sonhos.
Verdade que fora avisado a retornar antes, mas não via motivo para deixar a caravana apesar dos avisos. Hoje, com pesar entende que deveria ter ido quando lhe deram a ordem, assim ainda acreditaria que fosse possível.
Agora não faz mais diferença ir ou ficar, ele já não tem mais esperanças de um novo amanhã, ele não crê que uma decisão sua mude algo. Mudar a estrutura novamente com muito esforço para se deparar novamente com os mesmos problemas não é algo que ele fará ou que ele suportaria. É quase como um carro com defeitos, ele sabe que reparos tem que fazer neste, mas troca-lo implica em adquirir um com outros problemas que ele nem imagina a extensão.
Como guerreiro, ele está agora vestindo a armadura e preparando arsenais para lutar uma batalha da qual ele sempre fugiu, lutar contra si mesmo para se adequar ao padrão do mundo em que vive, não o que deveria ter nascido. Ele sabe bem a doença desta geração e sabe que só será feliz aceitando que nunca encontrará alguém que não sofra deste mal.
No fim, todos os seres humanos são assim, talvez tenham nascido doentes, talvez tenham adoecido no caminho, certo é que se ele não adoecer também nunca terá uma vida plena.
Sente-se como alguém sóbrio em uma mesa de bêbados, ou se levanta e vai embora, ou bebê para nivelar-se aos outros que perdidos acreditam ter se encontrado. O grande problema é que está mesa é o mundo e não há uma maneira fácil de levantar-se e ir embora. O jeito parece ser mesmo aceitar a bebida e ver no que dá. Ocupar-se de viver ou ocupar-se de morrer.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

The dream

E tudo isto pra que? Ele nem sabe mais há quanto tempo não se sente realmente amado, só segue.
Quantas vezes você já parou para reparar em tudo sem entender porque tanto esforço? A gente sempre segue, a gente sempre busca uma forma de entender, mas aos poucos parece que nada mais faz sentido, como se as forças fossem indo embora e parecesse que você só é importante para si próprio.
Quantas vezes você já quis um abraço apertado no meio da tarde ou um olhar diferente de alguém. As vezes realmente não importa quem, desde que te faça sentir que é mais que o pilar que sustenta uma casa.
Ser pai é um ofício de tempo integral, ser marido é uma jornada desafiadora ainda mais quando combinada a paternidade. Como não deixar faltar nada a ninguém? E o que te faria sentir-se reconhecido? É quase como se tudo que se faz fosse só uma maneira de ser uma engrenagem que com o tempo desgasta e é finalmente substituída por outra que faça a mesma função.
E esta tua síndrome de super homem? És mesmo tão necessário quanto pensas ou só mais uma peça descartável neste tabuleiro?
A vida sempre encontra um jeito, nem sempre o melhor para todos mas ainda assim é um jeito. E se você deixasse tudo desabar? Finalmente alguém te diria com sinceridade que você é importante ou o jeito da vida seria o suficiente?
Amar ao próximo é uma tarefa árdua que alguns tentam cumprir geralmente sem sucesso. Na maioria das vezes saem com as mãos calejadas e o coração cansado de esmurrar uma parede intransponível de seres caminhando na direção contrária. Talvez, teu altruísmo seja só uma forma diferente de egoísmo e tudo que você acreditou ser desprendimento e bondade seja apenas ansea de ser reconhecido e amado.
Quem é capaz de entender o que se passa em tua mente? Ninguém nem mesmo busca olhar além do teu silêncio. Ninguém quer ler o enorme texto escrito em teu olhar silencioso.
Quando tudo pelo que se luta perde o sentido, que sentido dar a uma vida que não sabe o que valorizar? Talvez o amor seja mesmo egoísta, ou talvez seja somente uma forma de se sentir seguro com alguém ao seu lado. Como então seguir acreditando quando não se sabe em que pedras pisar? Como dar passos firmes quando a neblina não te deixa ver muito além do que está perto?
Que aventura é esta do viver, onde as certezas que se tem mudam a todo instante e grande parte de teus anseios não dependem só de ti. Talvez a única forma ser feliz seja não pensando sobre o futuro, mas que sentido teria? E como eu faria?
Entender o passado, aceitar o presente e molhar um futuro de sonhos egoístas. Mas que sonhos podem ser sonhados que não dependam de outro alguém ao seu lado? E que tipo de vida seria esta?
Talvez não existam respostas a estas perguntas mas seguir perguntando é uma forma de manter-se vivo e são. Então, talvez um dia as perguntas se tornem mais leves, o sorriso mais fácil e a vida mais simples sem medo de te errado ou de não entender o caminho.
Até lá, existe a barriga que tudo empurra e leva as rupturas e decisões para quando se torne mais simples entender o que se sente e o que se quer.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

A mariposa

Hipócrita, dono da verdade, insuportável, chato, insosso, fraco, sem ambição, pobre, infantil. Todas estas acusações vindas de alguém a quem se dedica amor unicamente por uma encruzilhada de diferentes visões de mundo. Sou hipócrita por concordar com vontades mesmo entendendo que muito se tem a perder quando saem da esfera do pensamento? Ou será que sou hipócrita por ser humano e em determinados momentos sentir o sangue correndo nas veias? Quem sabe eu seja hipócrita por aceitar o que ninguém aceitaria, ou por dizer a verdade. Ou talvez minha hipocrisia tenha relação direta com minha revolta com esta merda de vida que somos obrigados a levar.
Hipocrisia é ignorar os riscos das decisões e não aceitar que tudo tem uma consequência, é colocar sua vontade acima de todos e não reconhecer o esforço de quem com o coração partido mantém o mundo nas costas pra que uma aventura irresponsável seja possível. Hipocrisia é saber que está doente e não buscar tratamento porque no fim das contas quem sofre são os outros. É reclamar que não sabe sobre o outro e gritar quando ele fala de si.
Hipocrisia é um poderoso corrosivo do qual ninguém pode me acusar de aplicar, afinal, não pedi pra entrar nesta, não se pode cobrar que eu aceite isto feliz.
Hipocrisia é não querer mudar uma vírgula em si mas querer que eu mude completamente quem sou pra melhor me adequar a este novo ser no qual ainda busco uma única qualidade que justifique o esforço.
Soberba, tirania, psicopatia, manipulação, autodestruição. Qual destas qualidades o torna melhor que aquele a quem substituiu?
Se precisa mesmo que viva, mas não há como pedir que alguém o veja como mais que um zero a esquerda. Se todos tentam o tempo todo se melhorar, eis o único ser que quer e se orgulha de se destruir e é hábil em se tornar pior. Quer a admiração de todos simplesmente por ter coragem de se tornar abominável, de jogar para o alto tudo que foi construído.
Ser de palavras ríspidas, pensamentos execráveis, atitudes frias e repugnantes e postura enojante. Se vê como o mais belo dos cisnes e na verdade não passa de uma lagarta rastejante que talvez forme um casulo se tornando uma borboleta ou talvez se torne somente uma insossa mariposa.
É uma grande perda visto o potencial que havia em seu hospedeiro. Uma grande perda para humanidade, para o hospedeiro e para todos a sua volta.
Agora só um doente jogado ao chão, aguardando o próprio fim. Aguarda pela piedade alheia orgulhoso de sua miséria esperando ardentemente que todos o felicitem por ter finalmente se tornado ninguém.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A chama do amor

Para ama-la e respeita-la me fiz saúde quando ela foi doença e assim, durante muito tempo fomos ricos da verdadeira riqueza. Estar ao lado de alguém é também ter estômago para suportar coisas inimagináveis por saber que talvez seja a cura da alma ferida de quem se quer bem.
O amor não é cegueira, ele tudo suporta e mesmo vendo, ele não se ensoberbece quando dele se espera a nobreza da auto reclusão, ele não enfrenta quando o outro precisa de compreensão. Mas como saber quando o enfrentamento passa também a ser um ato de amor?
Proteger alguém de si mesmo é a mais árdua tarefa daqueles que amam. O mundo se vê satisfeito quando alguém se destrói e é então reduzido a só mais um infeliz perdido adequado aos seus moldes de auto piedade e irresponsabilidade inerente aqueles que buscam ser livres sem entender o verdadeiro significado da palavra. Este parece ser o padrão imposto.
Conhecer o amor é talvez o único e verdadeiro escudo daqueles que buscam ser luz. Mas como reconhecer, mesmo que diante de si, algo que só se ouviu falar?
Quantas vezes somos incompreendidos ao tentar proteger aqueles que amamos? Qual a melhor abordagem para que se seja escutado? Amor é também uma vida de mãos e neste ponto cabe indagar quanto tempo alguém é capaz de suportar a doação unilateral mesmo quando é nítido o amor bilateral?
"Se ela não respeita não te ama mais ou te ama menos e neste ponto os dois são muito ruins". É o que se ouve. Seria isto?
Amar é servir, é ser base para algo maior, para o crescimento e para a felicidade do outro. Amar é continuar acreditando quando todos já desistiram, é olhar pra si buscando forças mesmo quando não se vê, para percorrer um pouco mais o caminho que se acredita. Amar é é guardar sua dor e seus problemas dentro de si como forma de parecer forte para encarar os dragões que afligem a pessoa amada. Amar, é não se permitir dormir sem ter uma solução que faça quem se ama feliz.
Este fogo que arde dentro de nós é também a centelha divina que nos faz entender do que Deus é feito e que somos parte dele, nos faz olhar para o outro com o carinho e o respeito que sentimos por nós, com a ânsia de ver o sucesso nele, com a felicidade no olhar de saber que ali, diante de nós está um ser humano perfeito, único, moldado em cada detalhe por Deus mesmo e cuja felicidade é também a nossa.
Não há para mim como imaginar a infelicidade de uma vida sem amor, mas pode-se compreender a tristeza daqueles que o perderam pelo caminho sem saber que o haviam conhecido.
Amor não é possuir alguém, é doar-se a si mesmo esperando que seja suficiente para a completa felicidade daquele ser que dentre tantos deixou uma tatuagem personalizada em sua alma. Amar é compreender as mudanças, é estar pronto a ser apaixonar mais uma vez. Amor não é fidelidade mas ele te faz pensar a cada passo em como o outro se sentiria. Amar não é desejar carnalmente um único alguém, mas é entender que uma única carne se encaixa perfeitamente em si e que  todas as outras teriam a falta de um ingrediente único, uma liga que só a pessoa amada pode te dar.
Amar não é nunca discutir, mas é saber mesmo em meio as brigas que se está diante de alguém insubstituível, é pensar cada detalhe como forma de gerar a harmonia.
Talvez eu só entenda parte do que representa amar, mas assim como todo o ser, também estou na busca constante de me aperfeiçoar, de conhecer. O amor está presente em casa criatura que existe neste mundo, até na brisa se pode encontra-lo. Quando um anjo te visita, percebe-se que o material que o compõe é o amor, e quando se sente a presença de Deus, você transborda de amor.
Talvez eu tenha minha maneira romântica de ver o mundo, mas se o mundo for mesmo parecido com o que vejo eu prefiro acreditar no mundo meu jeito. Se é mesmo necessário se corromper, se é mesmo imprescindível se trancar o coração a sete chaves, talvez nada disto valha a pena e talvez então não exista um sentido.
A única maneira de mudar o mundo é sendo luz pois, quando as pessoas pensam em mudar esbarram sempre na premissa de que seriam os únicos fazendo o bem. Pois bem, se você for luz, aqueles que desejam ser encontrarão em ti um par. Você sofrerá, mas talvez mude alguém, nem que uma única vida.
Se você pudesse vislumbrar o que vejo, entenderia a razão de tudo, veria que a existência deste mundo está diretamente ligada ao amor, veria que a vida só se mantém por causa dele que ele está em sua essência.
A luta não é simples, são anos em que o amor vem sendo constantemente vituperado, maltratado e assinado toda vez que uma nova fagulha se acende. E assim, por muito tempo o mundo não tem custo sua chama brilhar. O que o mundo ganha com isso? Eu não sei, mas entender e conhecer o amor me faz ver com clareza que, ainda que a jornada seja árdua, ainda que somente no final de tudo, eu ei de perceber que, valeu a pena não me deixar apagar.

sábado, 3 de setembro de 2016

Fechar os olhos

Fechar os olhos para entender.
Fechar os olhos para viajar pra longe.
Fechar os olhos para reviver um momento distante no passado.
Fechar os olhos para ver dentro si buscando encontrar aquele que se perdeu.
Fechar os olhos como forma de melhor falar com Deus.
Fechar os olhos é também uma forma de não pensar, ou de ouvir mais alto seus pensamentos. É ver as imagens do passado e também do futuro projetadas diante de si.
Que coisa mais emblemática é esta de se ter uma ação que é ao mesmo tempo um start para o dormir e para o acordar.
Porque fechar os olhos é sempre uma forma de busca. Crescemos e deixamos de crer que nos tornamos invisíveis quando o fazemos, mas quando fechamos os olhos como adultos, por vezes esperamos sumir, ou não ser vistos, ou não ver.
Todo o sonho incessantemente buscado, todo anseio vociferado, toda dor suportada, todo o plano traçado tem sempre em maior ou menor grau a participação de um momento onde os olhos foram fechados.
As vezes é necessário imergir dentro de si fechando as janelas da alma para ressurgir fortalecido. Lágrimas são importantes mas talvez não exista uma melhor forma de se entender ou de esquecer do que fechando os olhos.

Fecho meus olhos para dormir, para não ver e também para enxergar com clareza.
E você?
Já fechou seus olhos hoje?

Isto importa?

Conforme o tempo passa, novos e maiores desafios são colocados diante daqueles que ousam sonhar com a grandeza. Verdade que alguns lutam por ela e outros a tem imposta a si.
Quando pensamos sobre o que podemos ter ou sobre o que não podemos ter, nunca questionamos se pra que tenhamos tudo alguém não abriu mão de parte. Então o que é o certo? De certa forma não se pode viver em função do outro, entretanto, como seres sociáveis também seria impossível vivermos em uma ilha sem olhar para os lados e para os anseios e esperanças em nós depositados.
Como equilibrar a balança de uma vida sedenta pela aventura com a solidez de uns relação a dois? E como equilibrar tudo isto com um orçamento limitado?
Não se importar com o outro pode ser fatal. Quando o outro sente que não há mais interesse em si, que está vivendo só, se doando a toa por alguém que não se importa se ele está ou não ao seu lado, passa também a ansiar um novo horizonte de melhor sorte, onde possa ser valorizado simplesmente por ser quem é, onde impere o respeito e o carinho e onde ele é verdadeiramente compreendido.
Como sobrevive uma relação onde se dorme separado numa mesma cama, onde não há um abraço matinal de bom dia nem se pode ser quem é?
Saber o que esperar dos outros é a chave pra evitar decepções e pra se manter relações duradouras mas, em dados momentos uma relação à dois é também saber lidar com as mudanças do parceiro que se escolheu para uma vida.
Ninguém permanece o mesmo para sempre, somos seres mutáveis que escolhem ser melhores ou piores com o passar dos dias e, neste ponto é necessário entender que a gente não vive uma vida inteira ao lado da pessoa com quem casou.
O segredo talvez esteja em, por mais difícil que pareça, se habituar com as mudanças e tentar apaixonar-se por este novo ser que se apresenta a sua frente. Nem sempre isto é suficiente pois quando as pessoas mudam, mudam também seus anseios e por vezes seus nortes, e quando isto acontece também quem mudou precisa novamente apaixonar-se por aquele que aceita a mudança.
Uma relação à dois não é nada fácil. Só sobrevive quando há nela muito amor. Verdade que muitos fatores pesam na decisão de permanecer ou não ao lado de alguém, verdade que em dados momentos ambos olharão para fora com vontade de viver o novo, o que com o tempo só gera mais distância, mas saber estancar as sangrias e reescrever a própria história pode ser a diferença entre permanecer ao lado de alguém ou perde-lo para sempre. A questão que se coloca é: "quanto isto realmente importa pra você?"

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Ao que se quebrou

Caiu. Quebrou. Ele juntou os cacos e os colou o melhor que pode, mas ficaram marcas. As marcas de um incidente inesperado e sem sentido que colocaram tudo a perder. Mas por que ele não usou uma vassoura e colocou tudo no lixo? Por quê não comprou um produto novo livre da ação do tempo e das marcas de incidentes. Talvez, o que quebrou tenha valor inestimável, talvez ele nunca tenha visto similar no mercado.
Ele acredita tanto no valor único daquilo que foi destruído que está agora debruçado sobre os cacos tentando entender se a recuperação é possível, se ainda pode seguir como antes, se a água não vai  escorrer por entre os espaços que ficaram. Ele tinha um orgulho quase infantil do que tinha nas mãos. Talvez, tamanha idolatria tenha sido a razão daquela queda pois, na ânsia de proteger seu precioso objeto acabou esbarrando nele.
Certo é que nunca mais será um objeto exposto em sua estante, nem terá mais o destaque que obtinha ante aos seus visitantes. Agora, só uma peça de louça cheia de ranhuras em seu entorno, ele precisa encontrar um novo objetivo, uma nova razão para manter próximo a si o objeto quebrado.
Então ... por que ele empenhasse tanto no reparo? Nem ele sabe ao certo. O realiza em meio a lágrimas que escorrem de seu rosto e embargam sua garganta. Se perguntarem para ele ele dirá que ainda não está pronto pra joga-lo fora. Dirá que sua queda fôra uma surpresa num momento em que a felicidade era plena e em que tudo corria bem. Ele só sabe que não pode jogar fora agora e que, mesmo quebrado, parece ainda ter muito valor.
Talvez um dia ele descubra uma nova função ou consiga finalmente libertar-se permitindo que algum outro, que já conheceu o objeto quebrado se sinta feliz em te-lo. Ele segue colando os pedaços, espera que tudo fique bem e que ao final do reparo ele se esqueça que um dia deixou cair seu mais preciso bem. Nele, só restam a decepção e a tristeza. O inesperado dói, mas ele sabe que se houver conserto ele descobrirá uma forma.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Foda-se

Há certos momentos de encruzilhada na vida, onde tudo que se crê é posto a prova, onde a paciência e a sabedoria são testadas ao seu máximo limite.
Algumas vezes é melhor deixar que as coisas corram soltas pra entender até onde são capazes desembocar.
E agora? Não era uma brincadeira, não era um teste, não era uma tentativa de por a própria liberdade a prova.
Uma vez bati forte o carro contra o muro de uma loja. Era de noite, resolvi tudo da melhor maneira possível e então fui dormir. No dia seguinte acordei desejando que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, mas não era. Quando sai de casa, lá estava na garagem meu carro destruído, lá estava eu pegando um ônibus para ir ao trabalho. Existem momentos na vida que são tão doloridos que a gente chega a desejar que não passem um pesadelo. E quando se acorda para a realidade e vê que o pesadelo foi real, não se sabe ao certo como agir.
Encruzilhadas. A minha falta de coragem sempre me levou a elas. Não querendo ferir aos outros castigo a mim mesmo. Como quando assumi a culpa de um primo para que os irmãos não apanhassem injustamente. Quem sabe por isto está situação se repita tantas vezes. Porque eu tenho que tomar uma atitude drástica em algum momento da vida. Quem sabe não seja esta a lição a ser aprendida. Não consigo imaginar o que eu possa ter feito nesta ou em outra via que me leve a ser merecedor de passar por isto tantas vezes. Será porque confio demais nas pessoas? Talvez não exista mesmo ninguém confiável. 
Ninguém pensou em como eu me sentiria, ninguém pensou nas crianças perguntando pelo ser ausente a todo instante como agulhadas aumentando a dor. Ninguém pensa porque tudo que importa é a diversão e a satisfação pessoal. Grande merda. Na vida algumas escolhas levam a estragos inimagináveis. Como esta palavra, que se repete na minha cabeça, na qual eu nunca acreditei mas que agora faz tanto sentido que preciso lutar com todas as minhas forças para que a razão controle a emoção e, mesmo que neste ponto a razão concorde com a emoção, ela é a emissária das coisas que se decidem na mente e como tal, ainda que discorde da ordem tem que cumprir com o seu papel.
Há muito mais em jogo que somente a minha honra ou satisfação pessoal. Há a necessidade de se pensar nos efeitos de reagir a este impulso e tomar a atitude que sem dúvidas é a mais acertada. Agora parece que o ideal é deixar as coisas correrem, ver até onde eu suporto, quantas pancadas ainda aguento antes de cair.
Suicídio seria caminho fácil, mas teria o mesmo efeito colateral de ceder aquela palavra que não para de ser repetida em minha mente. Preciso ficar mais um pouco neste mundo. Preciso suportar um pouco mais tudo isto.
Talvez seja esta minha função no mundo. Aguentar as dores que a maioria não suportaria mesmo estando sozinho no mundo. Que falta faz alguém ao meu lado. Mas faz parte deste padrão incômodo que as vezes parece até um carma.
6 anos se passaram e as lágrimas voltaram a escorrer o meu rosto, aquelas que achei que nunca voltariam, não por algo quebrado mas pela dor dilacerante que corrói a alma causada por este absurdo humilhante, só mais um dentre tantos que já me afligiam, mas pela primeira vez com tanta complexidade envolvida.
Este blog foi criado pra saber sempre o que eu sentia, mas não consigo descrever o quanto dói ser traído duplamente vendo depois um movimento de jogo para que se aceitasse espontaneamente o inaceitável ato já consumado ainda que não dê maneira efetiva. "Farei. Será por bem ou por mal?"

Decepção, mágoa, dor, humilhação e tristeza.
Quem sabe um dia eu ria disto.
Por hora: FODA-SE

sábado, 13 de agosto de 2016

Dom Quixote


Textos são como educação de filhos, não dá pra por no mundo um que vá torna-lo pior. Por outro lado, há esta necessidade intensa de contar pra si mesmo o que se sente. Desta forma, poucos textos saem de um sentimento já compreendido, a maioria deles nasce da incompreensão das situações e enquanto são construídos são ao autor um vislumbre daquilo que se passa em seu interior.
Talvez vendo desta forma, seja mais fácil compreender porque é tão difícil escrever quando se está bem já que felicidade não demanda reflexão. Também não é apropriado utilizar este subterfúgio quando se está extremamente triste já que é difícil focar as situações quando os sentimentos estão aflorados, sendo algo escrito neste estado de espírito somente uma análise do próprio sentimento e não do momento em si. Algo assim é praticamente inútil já que compreender um sentimento não muda a intensidade e a direção de sua correnteza.
Sobra então aqueles momentos de dúvidas, de conflitos onde há a necessidade de reação ante a estagnação causada pela dúvida. Estes momentos são perigosos pois colocam em risco tudo que se compreende e acredita, te fazem questionar tuas certezas e te colocam em cheque, exigindo coragem, fibra e resistência.
Como tomar uma decisão baseando-se em fatos que não se entende e em sentimentos que não se sabe que tem. 
This shit again?
Quantos traumas se adquirem e são reavivados durante uma vida? Aceitar o destino é mais simples que lutar contra a correnteza? Seguir em frente ou desistir? 
Estas portas que não se abrem, estes caminhos sinuosos sem indicação de direção. De que abrir mão? Já comentei anteriormente que a "não escolha" também é uma forma de escolha já que trás uma consequência igualmente complexa e te leva por um caminho igualmente turvo.
Quando as cortinas do destino se abrem te dando novos elementos é inevitável se perguntar se o porque é junto ou separado. Duro é entender que algumas situações são parte da colheita de teus erros do passado, mais duro ainda são as situações onde não se compreende de onde veio o tiro, aquelas que não se sabe porque é obrigado a passar.
Como se pode ser sábio com conceitos pré moldados? O tempo passa e a gente perde beleza e inteligência, mas não deve nunca perder a sabedoria. Abraão por duas vezes em momentos de perigo foi capaz de permitir que sua mulher se deitasse com outros homens como forma de preservar ambos permitindo-lhes uma melhor vida futura. O que a Bíblia não relata é o sentimento de seu coração. E se você tivesse uma escolha destas pela frente a fim de preservar sua família? Conseguiria ter tamanha frieza e sabedoria ou lutaria contra a correnteza custe o que custar? Exemplo extremo das escolhas de difícil compreensão que a vida pode impôr a alguém.
E como tomar uma decisão tão importante se não se compreende o que se sente?
O respeito ao próximo exige a aceitação de suas escolhas ainda que isto interfira em sua paz, mas quem é que tem direito a ela? Amar é permitir que cada um seja o que é e viva da forma que compreende ser melhor, é baixar a guarda e levantar a bandeira branca para evitar uma guerra, é compreender que quando não se é suficiente para saciar as necessidades o melhor é permitir que este abra suas asas e levante vôo. Amar é compreender que nem tudo é um ato de afronta e que nem toda decepção é intencional, é compreender que há momentos em que o outro não compreenderá os próprios sentimentos e com isto ferirá os teus, mas acima de tudo é estar disponível para ampara-lo quando as coisas derem errado ou quando este finalmente compreender o que o fará feliz. Amar é tratar com a verdade e com a liberdade. Quando se ama alguém não se tem um título de posse, mas como é difícil permitir que este seja livre. Por vários momentos o sentimento será de decepção, mas isto está diretamente ao teu próprio sentimento, a tua vontade de controle e não a um ato qualquer. Na vida é necessário compreender as pessoas e se permitir chorar de vez em quando, para que, após recuperado o ânimo se possa ter a força que os fracos não tem de se manter lutando batalhas perdidas. E se os dragões forem moinhos de vento? Só o tempo dirá. Mas você só descobrirá se for sábio.
Quem pensa por si mesmo é livre, mas não há nada mais sério que ser livre e por isto responsável por seus atos. E se o grande teste de uma escolha é ter que faze-la uma outra vez, aqui estou eu tomando o mesmo caminho esperando resultados diferentes já que compreendi com a minha história que, de uma forma ou de outra as coisas sem culminam nesta mesma encruzilhada.
E se este for o começo do fim? Então, que sejam por amor as causas perdidas!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Moldando o mundo

A vida é assim, tem aqueles momentos em que você crê que as adversidades estão acabando e a luz de um futuro próspero de paz te toca de uma maneira tão invasiva que parece real. Fato é que quando todos os problemas estão resolvidos aparecem os novos, quer por necessidades não supridas, quer por aspirações não atendidas, quer por demandas exigidas pelas novas conquistas.
Costumava pensar que as pessoas é que complicavam a vida sendo que todo conflito baseia-se na diferença do que se espera de alguém para aquilo que se obtém desta pessoa. A solução então seria esperar das pessoas somente aquilo que elas podem te dar, mas cabe ai também o ponto das necessidades dos outros, dos anseios que colocam sobre ti, do quão difícil é corresponder a expectativa de todos (se é que é possível) e do quão analítico alguém tem que ser a fim de entender o quanto pode esperar.
O início de todo o conflito é sempre unilateral embora a decisão de leva-lo adiante demande a reação.
Com o tempo a gente descobre que a infelicidade está baseada justamente no medo que temos da nossa não aceitação pelos outros e principalmente no embate com os intolerantes que não moldam suas expectativas as realidades do mundo. A solução? Não há uma peremptória. Você pode ignorar a expectativa do intolerante se ele não te for importante, você pode se moldar ao mundo que ele criou embora seja impossível satisfaze-lo por completo ou você pode tolerar o intolerante de maneira que a tua tolerância sirva de exemplo e quem sabe faça-o entender que tolerar também é uma forma de demonstrar amor. A última solução é talvez a mais desgastante e de retorno menos garantido já que espera-se que outro mude seu modo de ser para se tornar mais agradável. Será que é possível?
Se a solução da felicidade é se importar menos com o que pensam de ti, ela passa diretamente pela aceitação daqueles que te reprovam e neste ponto um intolerante tem vantagem já que só tem ao seu lado aqueles que ele aprova e que o aceitam da maneira que ele é. Tentar modificar a maneira de ver o mundo de outro é talvez a mais ingrata das tarefas.
Amor é a base de tudo, mas precisa ser dosado de forma a não sufocar quem recebe e quem dá. É como um combustível no motor das conquistas, se acelerar demais ele acaba rápido, mas se dosar a utilização dá pra chegar no posto e abastecer novamente. Entender esta dosagem, o quanto se deve exigir do sentimento que se tem e ao mesmo tempo o que se deve esperar em troca daquilo que se dá é talvez a chave para uma vida onde transborde a paz. Os intolerantes raramente a conhecem em sua plenitude preocupados que estão em estar certos e os desequilibrados somente a conhecerão quando entenderem como consertar suas vidas, mas um raro grupo de pessoas a alcançará ainda que em determinados momentos se vejam obrigados a abdicar da paz que tem em nome da tolerância.

sábado, 15 de agosto de 2015

Ensaio sobre a barreira

Acordar! A bela parte do seu dia em que a sua jornada se inicia. Mas, como iniciar a jornada quando se está perdido? A vida e sua sucessão de erros e acertos te deixou nesta estação e tudo que você pensa agora é "pra onde?". As vezes parece que não há pra onde ir.
Ambição, faz parte da tua essência e é ao mesmo tempo força que te move e força que te destrói. Lembra quando você tinha todas as respostas e os objetivos nas mãos? E agora? Você chegou onde queria, mas não tem mais perguntas nem mecas para onde peregrinar. E esta sensação que não te abandona de que algo está errado?
Como é que a gente sabe que acertou se na maioria das vezes apenas parou de errar? Como é que a gente esquece os erros e define o roteiro que realmente te leva a algum lugar?
Amar a vida, seguir em frente, ser forte como uma rocha, sem nunca perder a essência. Como chegar até as nuvens com os pés no chão?

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Self forgiveness

Todo perdão já foi dado, tudo que passou foi superado.
Então por quê a sensação de que ainda há algo a se fazer? Por que ainda sinto como se a jornada não estivesse completa?
Há muitas maneiras de se estragar uma vida e a mais fácil e certeira é desistir no meio do caminho. Infelizmente uma decisão destas não só acaba com o futuro do caminho que se seguia, como também atrapalha a continuidade pelo novo caminho que se escolheu.
Quando se aborta algo que caminhava para o certo, é importante nunca olhar pra trás já que todo caminho tem percalços e é justamente quando se encontra um deles que vem forte a mente aonde o caminho abortado poderia telo levado.
A vida não é simples, não há Control+Z que desfaça uma decisão mal tomada. O tempo é o melhor remédio para anestesiar as feridas que não tem cura. Só que feridas são sempre féridas, e quando menos se espera lá estão elas, doendo tanto quanto antes e te mostrando que o controle e a inteligência são apenas ilusões de um ser que tenta desesperadamente entender e acreditar em si mesmo.
Quanto tempo ainda vai passar até que você se perdoe a si mesmo? Você ainda se lembra por quê tomou aquelas decisões? E quando você acha que está curado, tudo lhe aparece num sonho e você percebe que apenas não arde mais.
Qual é o tamanho do estrago que um vício, uma fixação pode fazer na vida de alguém? Mas será que perder as vezes também não é ganhar? Resta saber ganho pra quem.
Não restam mais palavras pendentes de serem dias, quando te achei estava doente e isto foi decisivo para separar nossas vidas. Não resta mais perdão a ser dado, a não ser aquele que um homem deve a si mesmo por não ter feito, sido e entendido ... aquilo que ele deveria ser!

sábado, 24 de janeiro de 2015

Amadurecer

Estranho olhar para a vida e perceber que o aprendizado do passado parece ter sido um preparo para o futuro. Em quantas situações após terminadas me veio a cabeça a intenção de ter feito diferente, de ter tomado outro rumo que não me causa-se o  problema?
É a maturidade que nos faz sofrer menos com o passado e tentar enfrentar melhor o futuro, mas como é engraçado lembrar de situações do passado comparando-as com a vida atual e perceber que todas elas te trouxeram uma lição que em algum momento oportuno foi necessária ou útil, perceber que as conquistas do presente não seriam possíveis se não tivessem existido as derrotas do passado, que a tua vida toda te preparou para o teu destino.
Como aprender a dizer não? Como aprender a escolher, a optar? Como estar seguro das decisões tomadas no presente sem medo do que o futuro trará? A verdade é que nunca se estará seguro o suficiente, mas a gente aprende e entender que o sol sempre nasce e que os dias se sobrepõe. A gente percebe que não há estrago sem conserto nem ruína sem utilidade. Depois de um tempo, depois de algumas derrotas, fica claro aos olhos que não importa o que aconteça se ainda houver vontade ainda haverá uma maneira, e que se há um caminho não há porque desistir. A gente também aprende que esmurrar demais a parede também é um erro pois as vezes a porta está mais perto do que o que se espera. Entende que nem sempre os nossos objetivos são os melhores e que as vezes abrir mão de alguns sonhos é dar espaço a sonhos melhores, compreende que não há nada impossível no mundo mas que a vida irá sempre colocar obstáculos para aquilo que não será bom para você, ainda que aos olhos de todos isto pareça o certo a se fazer e entender esta realidade da vida também é uma forma de crescer. Depois de um tempo você compreende que fé também cria, materializa e percebe que existir é ser um pedaço do todo, ser uma célula de Deus. Sim, pois como compreender que a vida sempre nos dá o melhor e que tudo está interligado e não entender que Deus existe? Não um Deus como o das religiões, mas sim um Deus maior que isto, aquele presente em tudo que é a centelha de vida em ti, aquele do qual você é parte. Então, você entende que não pode passar pela vida sem deixar sua marca, seu legado, pois isto seria atentar contra Deus.
Amadurecer é entender a responsabilidade que é estar vivo e ao mesmo tempo procurar se melhorar todo o dia como uma maneira de agradecer a centelha divina e devolver ao mundo um pouco do que te foi dado. Estar certo ou errado é somente um detalhe nesta jornada da vida, o importante é se renovar, reinventar e tentar ser cada dia melhor a fim de que se não for possível acertar sempre, que se deixe um caminho a quem vem para fazer da humanidade cada dia melhor.

terça-feira, 15 de julho de 2014

A dose exata

Muito do que a gente faz é esperando alcançar objetivos pré estabelecidos mesmo que a ação tomada não seja garantia do resultado esperado. Quantas vezes você não perguntou a si mesmo "o que eu ganho com isto"? Então a questão principal é entender quais objetivos foram traçados por você e o que foi inserido artificialmente em seus anseios. 
Vida não é para amadores, mas é curioso entender como tudo se trata da sensação. Sentir é a base do existir, combustível da continuidade, da mudança e do progresso. Trabalhamos pela independência para nos sentirmos livres, procuramos alguém para nos sentirmos completos e buscamos o dinheiro como meio de obter o que de material nos proporcione melhores sensações.
Neste sentido, o que é real? O que seria insignificante neste mar de sentimentos que é a vida humana? Será que a derrota do time do coração, tão perto da conquista do campeonato não causa a mesma frustração de uma demissão embora afete infinitamente menos a vida daquele que sofreu ao assisti-la? Como mensurar o tamanho do sofrimento ou alegria de alguém? Como julgar uma pessoa por uma atitude inesperada se o que nos move é justamente o que sentimos? Se não sentirmos qual é o sentido de existir?
Amor é justamente a mais forte de todas as sensações, capaz de gerar as maiores alegrias e irás, entende-lo deveria ser prioridade, nossa lição já no começo da vida. A verdade é que repetimos o ciclo de vida de nossos antepassados em busca de um desequilíbrio, tentando ter uma vida onde a balança penda para os "bons sentimentos" embora seja uma luta ingrata visto que não há um objetivo que seja garantia da conquista deste graal.
Fazer a diferença, ser lembrado; são objetivos secundários disfarçados de primários na busca de uma imortalidade que na verdade é para os outros, quando o que realmente é importante em nossa existência é o sentir. Ter a dose exata, do que doamos de nós aos outros e do que nos permitimos receber talvez seja a diferença entre uma vida plena e um naufrágio, embora até um naufrágio seja útil a vida deixando um espólio de conhecimento de tentativas frustradas e sensações vazias indicando o caminho que não deve ser seguido por aqueles que desejam ser luz.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Ensaio sobre o amor

Ouvindo músicas, sentindo a vida, trilhando caminhos inexplorados. Há indagações que inevitavelmente permanecem, mas pensar da sentido as coisas e torna mais simples a tarefa da compreensão já que cada ponto de vista explorado é um a menos dentre aqueles que não nos são conhecidos.
Quantas perguntas já não foram respondidas ao longo da caminhada e quantas novas não surgiram em seu lugar? É difícil entender as pessoas, ser um porto seguro em meio a tempestade, é complicado se colocar no lugar delas e entender as atitudes que tomaram mediante a determinadas situações tomando-as como nossas, mas não é impossível. O tempo passou e muitas coisas a sua volta mudaram, você teve que se adaptar aos novos tempos e ainda que não tenha gostado ou se habituado, precisou encontrar algo de bom em cada novidade, pois do contrario tornar-te-ia voz amargurada e destoante em meio a um mundo dinâmico que anseia por tua adequação.
O amor sumiu das letras das musicas, dos cinemas, já paraste pra pensar o por quê? Quando entendemos que tudo a nossa volta faz parte de um todo, nos damos conta de que somos uma gota d'água num mar, mar
este que antes era apenas um pedaço de papel que nós como gota poderíamos moldar ou transpassar a qualquer instante conforme a nossa vontade. Mas crescemos e entendemos que o papel é apenas um pequeno pedaço imerso no mar do qual somos gota. Nós somos um reflexo de nossos pais distorcido pela sociedade que vivemos sob o filtro da nossa própria personalidade. Vivemos em um oceano de insensatez e individualismo e estes atributos também nos pertencem, somos vítima e réu tentando parecer o personagem que nos de mais vantagens naquele momento. Temos uma imensa dificuldade de olhar além daquilo que concerne a nós, provavelmente porque estamos tão preocupados em conquistar uma posição confortável que não percebemos o quanto já conquistamos, queremos tanto chegar a um patamar superior onde possamos escolher quem merece a nossa compaixão que esquecemos que a compaixão é como um músculo que quando não é utilizado se atrofia. As corporações são exemplos disto, onde insensivelmente passamos adiante tudo aquilo que não é nosso escopo, porém quando somos os usuários necessitando de uma reposta ficamos indignamos por sermos tratados da mesma maneira que tratamos aqueles que um dia ousaram nos pedir algo a mais do que aquilo para o que somos pagos. Expressamos somente o que sentimos, uma canção ou história que nos toca é sempre uma metáfora do que vimos e vivemos e neste lugar onde tudo é descartável, quem pode dizer que teve a sorte de encontrar o amor? E se não encontramos, como escrever sobre algo que não sabemos se existe? Que peça rara este tal de "fogo que arde sem se ver", quem poderia dizer que é capaz de tudo sofrer, suportar e perdoar no mundo atual?
Nossa distância tão grande de pessoas tão próximas tem feito da gentileza porta aberta à esperteza. Sim, ou aprendes logo a malandragem ou serás o alvo dela. Mas até que ponto as defesas que criamos são capazes de nos proteger? Em que ponto elas se tornam uma barreira intransponível ao nosso próprio crescimento? Levamos tudo tão a sério que não percebemos que a maturidade trás o inverso. Que amadurecer é entender que na verdade não somos conhecedores de tudo nem detentores da verdade, é ter a certeza de que vez ou outra vamos errar. Se tiveres oportunidade, observe o ar despreocupado com que os maduros tratam as coisas sérias da vida. Talvez tenham aprendido que tudo é passageiro, talvez tenham entendido que o que não tem remédio já está remediado, talvez seja apenas a compreensão de que a vida funciona assim, um dia após o outro. Não há como dizer, apenas observar, há um segredo velado que talvez seja somente um aprendizado que ninguém sabe verbalizar, mas uma coisa é certa, quanto mais maduro se é, mais se dá valor ao amor e as pessoas que são alvos dele, mais se compreende que ele está presente em tudo e é a base de tudo, que só existimos por ele e dele somos formados, que a ascensão de nossas vidas se dará quando compreendermos seu real significado, sua essência, quando percebermos que acima do instinto está aquilo que nos faz superiores, que acima do próprio raciocínio está o amor, sem o qual todo o resto é vago, incompreensível e insensato, sem o qual o raciocínio é dispensável e até mesmo a mais bela de todas as obras é incapaz de nos tornar imortais se nela não houver amor.

sábado, 7 de setembro de 2013

O tempo passa e as coisas mudam


Quem seria capaz de afirmar com certeza que finalmente encontrou seu rumo e que não está mais sujeito aos ventos de mudança?
A gente passa uma vida buscando a estabilidade que sabemos que a qualquer momento pode ser tirada de nós. Então, um belo dia, você para de temer a incerteza e passa a compreender que ela é uma parte bela e instigante na vida de todos. Uma pequena decisão aparentemente sem importância pode alterar os rumos de uma ou até mais vidas. Chegar a esta compreensão demanda maturidade, que por sua vez demanda erros,  que são exatamente o que tememos quando queremos prever o amanhã.
Existe um momento muito especial na vida de um homem, que é quando ele vê todo aprendizado do passado, todo esforço já empreendido convergindo nas necessidades do agora, quando ele percebe que teve todo direito de errar, mas que agora todos os seus erros cobrarão um maior preço. Ter uma vida dependendo de si, alguém que vai seguir teus passos, te ver como herói, alguém para o qual você será o modelo. É necessário muita maturidade para não se apavorar diante de tamanha incerteza "e se eu errar? E se eu não for tudo aquilo que ele esperará de mim?". Não se pode conhecer o dia de amanhã, felicidade se constrói e se saboreia todo o dia, mas demanda esforço, vontade e doação.
Houve um momento em que caminhei em meio as sombras de minha alma, e foi neste momento, perdido em meus medos, resignado e sentindo na boca o gosto amargo do fracasso que ela apareceu, e contra todas as possibilidades, foi o farol  que me mostrou o caminho, foi o ar quando eu não pude respirar, me segurou em seus braços e me obrigou a caminhar. Agora, após tanto tempo, posso perceber o tamanho de seu feito, agora vejo a luz com meus olhos, vejo o caminho em minha frente e como se não fosse suficiente, como se tudo o que ela fez fosse pouco, as vesperas de completar um ano juntos, ela decidiu me dar mais, decidiu me dar o maior de todos os presentes, que é também a maior de todas as responsabilidades, e contra todas as perspectivas, inclusive aquelas que eu mesmo alcei sobre mim, hoje me alimento da mais bela felicidade, hoje vejo um futuro bom e entendo que nada nunca superará tudo que ela fez e ainda faz por mim. Fui resgatado, mas é como se eu a tivesse resgatado, porque ela continua me cuidando e presenteando como se fosse eu que a tivesse salvo. Nova etapa, novas responsabilidades, mas sei que o amor que a gente sente irá nos sustentar, somos ambos guerreiros, que encontraram um no outro um motivo pra lutar.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Felicidade

Afinal, o que é que o povo quer? A efervecência surpreendente dos levantes no país fez com que esta questão ecoasse nos sonhos dos infelizes com a responsabilidade de sanar as demandas dos revoltosos.
Eu, no lugar da presidência, começaria uma reunião dando uma semana aos meus minístros para saciarem a tal ponto as reivindicações, que os protestos simplesmente parassem. Se não conseguissem estariam automaticamente na rua e teria início o processo de expropriação de todos os seus bens.
Aguardaria um momento, apreciando o caos, permitindo que a revolução se estabelecesse dentro da sala de reuniões e só quando a revolta estivesse caminhando para a agressão física é que explicaria que a minha ameaça era falsa. Diria que através de uma mentira pude induzir-lhes a entender um pouco a demanda do povo.
O povo não clama por justiça, não briga contra a corrupção, não lhes interessa quem será investigado ou não desde que haja segurança. Neste ponto as cabeças de alguns já estariam imaginando o tamanho da minha ingenuidade em esperar que investimentos em segurança pudessem acalmar a população de meu país, então eu continuaria: Insegurança é a raíz de toda infelicidade, é impossível se sentir bem se você não tem certeza que o dinheiro irá te suprir até o final do mês, se você não tem certeza que terá um emprego mes que vem, se você não sabe se tuas coisas estarão em casa quando chegar, é impossivel sorrir se olhas para uma criança e não sabes se poderá alimenta-lá, se teu contrato de aluguel está para vencer e não sabes se irá conseguir renova-lo, se não sabes pra onde ir quando ficardes doente e nem se alguém vai te atender. Como ser feliz na insegurança?
A revolta do povo nasce da insegurança gerada por uma antiga conhecida, a inflação. Esta, ocorre toda vez que a máquina pública está sobrecarregada de sanguessugas e não consegue atuar nas áreas em que é necessária. Cada vez que arrecada ela gasta um pouco mais no supérfluo e precisa gerar um novo imposto pra poder manter o padrão de vida dos que a sugam.
Assim, pra pagar os impostos, tudo fica mais caro. O povo vê abismado a Petrobrás caminhando para a falência, os indices de inflação alarmantes, o dólar em alta, a bovespa em queda e isto, gera insegurança, medo do futuro.
Em contrapartida, todo trimestre se bate um novo recorde de arrecadação e sou sincero em dizer que quando vejo alguém morrendo porque um hospital não pôde atender, quando vejo alguém há anos buscando uma aposentadoria as vezes sem ter condição alguma de trabalhar, quando vejo colégios em pedaços e crianças sem aula, onibus atulhados de gente, sempre me vem a cabeça "e se fosse comigo? E se fosse com meu filho ou com a minha mãe?".
Todo ano perdemos milhões de reais pelas filas que se formam nos portos, pelas estradas que não tem condições de escoar a produção, pelas ferrovias inexistêntes. Somos o povo mais criativo do mundo, mas nossos inventos por falta de incentivo ou são patenteados em outros países ou são fadados a existir apenas em protótipos.
Não há segurança no futuro, não há segurança na saúde, na educação e quando saímos de casa sempre temos medo de não voltar ou de encontrar a porta arrombada.
O que o povo quer? Eu torno a perguntar. O povo quer segurança, porque ela sim é a base da felicidade e é ai que os interesses do governo se tornam interesses do povo.
Eu como cidadão espero que o governo faça sua parte para que minha felicidade dependa só de mim.
E quem de nós, não busca ser feliz?

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Cheiro



"Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro."

(Adaptação de Caroline Seberino do texto de Ana Jácomo)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

ao silêncio

O silêncio nunca é notado, as palavras não ditas tão pouco são percebidas. A incomensurável e inaudível força necessária à não agir como todos, não proferir palavras que machucariam, não deixar que a raiva diga aprisionando-a dentro para depois falar o que é necessário, jamais será perceptível a ninguém.
É natural que hajam atritos, natural que algo de fora interfira no que há dentro, que o passado, ainda que não deva, vez ou outra se faça presente. Ás vezes é mais difícil doar.
Crescer também é notar as coisas que dantes não se percebia, é entender que ninguém é obrigado a entender, que ninguém está disposto a ponderar em um momento extremo as palavras e atitudes, torna-se quase uma licença poética, licença que você não tem. Ás vezes parece que você é a única pessoa do mundo que não tem direito de errar, nunca pôde desde o nascimento, mas agora tudo se torna tão forte e talvez finalmente estejas entendendo que por mais amor que alguém lhe ofereça, nunca será capaz de pensar em ti quando precisar de ti.
Falsos amigos, algozes de traição te procuram aos montes, agindo como se nada houvessem feito. Falsos amores te mandam recados acalorados como se você não soubesse que tudo faz parte de um jogo, um jogo para mostrar poder, para tentar te ganhar e dizer que o próprio potencial é maior do que o de quem está ao seu lado.
E a vida continua exigindo de ti provas de maturidade, continua te forçando a lidar sozinho contigo, a ser adivinho, a estar sempre pronto a dar um pouco mais, a ser cuidador, ombro, sem nunca ter para si o direito às lagrimas, em teu rosto elas serão sempre frescura, sempre um meio de se fazer de vitima, de chamar a atenção. Ninguém nunca tentou entender teus traumas e tuas dores, conhecer teu interior, saber das coisas que a esta altura já estão tão bem guardadas dentro de ti que nem tu sabes mais onde estão, até que elas aparecem com força pra te machucar te fazendo novamente brigar contra dragões, criando em ti o silêncio, tão habitual, silêncio que não é notado por quase ninguém. Também não importa, se alguém pergunta você sempre diz que está tudo bem, sempre finge que teu silêncio é apenas falta de assunto ainda que ele seja na verdade a falta de lágrimas, que já secaram em ti pois nunca pudeste usa-las.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Cansaço

A gente nunca sabe ao certo, depois de um tempo passa a se perguntar se, ou quem sabe perceber que ao contrário do que pensou, o erro talvez tenha sempre sido seu.
Talvez você tenha se julgado aberto e era apenas mais um, cometendo os mesmos erros e se fechando dentro de si, esquecendo os outros ou não tratando como deveria seus problemas. As vezes você tenta entender se na verdade não erra mesmo por se importar de verdade, por sempre tentar ter a solução e até quando não a tem, busca-la incessantemente. Poucos sabem, entendem ou se importam com tua angustia, com o que se passa em sua cabeça. A maioria apenas espera que você esteja sempre pronto para absorver mais uma pancada como se a anterior já não tivesse doido.
Buscavas alguém com quem dividir as dores e percebeste que estais sozinho, que se não curares a ti mesmo, ninguém vai perceber o cuidado que precisas. Há momentos na vida, em que você decide caminhar independentemente de como as coisas estejam, ao olhar para trás, percebe que não podes contar com ninguém além de ti. Quantas vezes já escutastes palavras doces em momentos bons e percebeu que é exatamente quando as coisas estão difíceis que todos somem e te deixam sozinho. As pessoas andam cansadas demais de seres rasos e acabam por julgar-te pelos outros, acabam por não confiar em ti, por achar que não és capaz.
Só tu sabes o quão cansado estais de gente te dizendo o que você não consegue fazer e só tu sabes o quão capaz és, mas as pessoas ainda te diminuem, os mais próximos de ti ainda te julgam um nível abaixo e tu, cansado demais para provar que estão errados não vai discutir, vais deixar que pensem o que quiserem pois um conceito não se muda, faz parte de uma percepção externa que até tu, tão seguro de si, começa a considerar se tantos que te julgam incompetente não estão certos, se realmente não és só mais um zero a esquerda achando que faz alguma diferença, achando que é parte importante no milhão, voltas ao passado, perdes o presente e com ele tua alegria e vontade de viver, "foda-se, se as coisas acontecem sempre iguais que aconteçam como tem que acontecer, não lutarei mais contra o destino, não me oporei as garras dessa ciranda que insiste em me prender". Perdendo a fé, tudo parece só mais um roteiro traçado sobre um mesmo enredo ao qual já cansei de fugir.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

FELIZ 2013

Há um tempo determinado para todas as coisas, as vezes nossa pressa tenta subjugar os degraus necessários à edificação de um firme fundamento tornando-nos demolidores de nossos próprios anseios.
Difícil mesmo é conhecer a tal medida de equilíbrio que faz as coisas andarem conforme deveriam. Os anos passam levando consigo um pouco do nosso tempo, um pequeno pedaço da nossa existência. Viver não costuma ser fácil, mas feliz é aquele que sabe aproveitar o melhor de toda experiência, que sabe que na bagagem só deve levar as alegrias e o aprendizado. Bem aventurado aquele que sabe que o ingrediente base da plenitude de vida é o amor.
E mais uma vez estou aqui, ante a maior festa da humanidade, olhando para todo caminho que já percorri e imaginando as nuances de tudo aquilo que ainda me espera. A esperança é a força motriz de um novo ano, criando anseios e expectativas, ampliando os horizontes, mostrando que tudo que foi feito pode ser melhorado.
Eu tenho hoje grandes motivos para estar feliz, acreditando, traçando verdadeiros planos felizes e concretos de um melhor amanhã, de uma construção que dependente apenas de mim e não de um novo ano que está para começar.
Te convido hoje a também fazer o mesmo,optar por ser a mudança que deseja, por nutrir a vida com amor.
Que 2013 seja um ano inesquecível pelas glórias e conquistas e porque finalmente entendemos que nossa felicidade depende somente de nós e que a vida só é completa com amor. Feliz ano novo!

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ana

Aninha e seu sorriso; aquele que dobra as beiradas da boca e nos faz tentar em vão imaginar se um dia já vimos algo tão belo. Aninha e sua torcida de boca pra mostrar que foi contrariada ou o seu "hum" pra fingir que ficou brava enquanto faz um biquinho sem conseguir conter o sorriso no canto da boca.
Moça de olhar penetrante, profundo, nos lábios sempre palavras sinceras e verdadeiras. Menina quando brinca, mulher forte e madura nas decisões, sabe sempre ser quem precisa, nunca deixando perder-se no ar a sua essência, esta que modifica nem que ao menos um pouquinho, à vida de todos que a conhecem ou que passaram por sua via.
Inconstância, ela pura nitroglicerina, mas não permite que seu charmoso humor mutável jogue pelos ares suas conquistas, ela sabe o que quer e vai em busca de alcançar tal patamar, não vai parar para te esperar, acompanhe-a pois ela tem muito a conquistar em pouco tempo e caminha a passos largos para isto. Ela sabe que é mais do que o que é no presente, sabe que é maior e vai chegar ao seu real tamanho.
Dualidades a parte, como é bela a dedicação com que cuida de seus lindos bebes, como é mágico ver aquele brilho no olhar quando fala deles, ou a maneira com que só ela consegue ser sucinta e direta na explicação de seu ponto de vista.
Ela é assim, quando menos se espera ela acorda desesperada com um pesadelo novo e é indescritível abraça-la forte e dizer que está tudo bem ao pé do seu ouvido, as vezes quando as coisas estão difíceis, ela chora um pouco antes de dormir pra ninguém perceber; porque ela é forte e determinada, não vai deixar que vejam que as vezes até ela tem dúvidas, não quer que ninguém saiba de seus medos.
Com seu jeitinho meigo, tenta mostrar o tempo todo para si mesma que as circunstâncias não conseguem vence-la porque até com medo ela caminha, porque a escuridão não é motivo pra dar passos para trás, ela desbrava o desconhecido em busca do galardão que ela sabe que encontrará após atravessar aquela floresta escura que é a incerteza.
A vida nos molda, nos deixa feridas e traumas, a diferença é que algumas pessoas como ela, nunca serão vencidas, sempre estarão um passo a frente dos outros e quando chegarem ao patamar onde o medo for nulo, farão parecer que toda jornada foi fácil, quando na verdade enfrentaram seus medos e continuaram caminhando utilizando-se de forças que nem mesmo sabiam que tinham, para nunca deixar de evoluir.
Minha Ana, Paulinha para tantos, a Ana das "anices" tão únicas. Quem mais seria capaz de correr atrás de um jeito de decifrar a mensagem de marcianos em códigos binários só porque enviei para ela por mensagem? Só ela é tão autentica, tão Ana, tão perfeita, digna de ser amada por quem tem o prazer de estar próximo a ela. Quem pode estar ao seu lado sabe o quão privilegiados são aqueles que a conhecem e o quão felizes são os que podem estar presentes dia após dia, sorrindo e chorando, mas sempre em frente e sempre sabendo que tudo vale a pena quanto se está perto de alguém tão especial quanto está menina.
Amo você, minha Aninha.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O homem moderno


Existem dois tipos de homens, aqueles que tem certeza de que são desejados por todas as mulheres, e aqueles que tem certeza de que nunca uma mulher irá se interessar verdadeiramente por eles, a não ser algumas poucas que erraram em seu julgamento.
Ocorre que são ambos ângulos exacerbados de uma mesma moeda, a autoafirmação, ela que já é tão difícil para os adolescentes, tem se tornado algo quase impossível para o homem moderno diante de uma leva de mulheres exageradamente inconstantes principalmente em virtude da liberalidade e da banalização do sexo como um todo, dando um soberbo poder de escolha à estes seres.
O poder da mulher vai muito além da brincadeira do amigo que chama o outro de "pau mandado", é norteado por estes dois modelos mestres de homens citados no começo deste ensaio. O que sabe que pode ter qualquer uma, justamente não quer ficar em uma única e por isto pula de cama em cama quando sente necessidades carnais, tornando-se moeda de barganha em um relacionamento, já que estará sempre disponível para ela caso seu parceiro não corresponda totalmente as suas expectativas. O outro é o tal do "pau mandado", é aquele que está sempre disposto a fazer de tudo para ver sua dama feliz, em parte por sua pequena autoconfiança em relação a elas, em parte por seu sonho ultrapassado da construção de um lar.
A mulher, que nunca foi o sexo frágil, aprendeu muito bem a lidar com estes dois espécimes e extrair deles o melhor. Independente de suas formas físicas ou de seu jeito de ser e pensar, sempre há pretendentes aos pés delas, pelo menos dois, o que faz com que seu par atual nunca seja sua única opção e por mais ligada que esteja à um parceiro, por mais esforço que alguém faça para faze-la feliz, sempre haverá outro alguém perto dela, tentando lhe mostrar que tem um produto melhor, que pode fazer mais do que o que já foi feito.
Papeis invertidos,o mundo anda nas mãos delas, sem demagogias e o homem moderno ainda não achou seu novo lugar, ainda não compreendeu sua nova função, se tornou o sexo frágil e absorveu algumas características que eram delas, quando reclama é para os amigos tentando entender ao mundo e a si mesmo. Volta e meia ele se pega sozinho pensando "e agora José?"
A pergunta permanece sem resposta, ele continua sua caminhada sem entender se está certo ou errado, sem conhecer o próprio tamanho, continua sua existência cada dia mais desprovida de um sentido. Sabe apenas que deve levantar todos os dias e trabalhar, mas a cada dia uma nova nuance de um prisma diferente lhe parece mais correta. Ele já não sabe mais o que é certo, não sabe mais como guiar sua vida, não entende como o outro modelo de homem pode existir e não sabe dizer se não seria mais feliz sendo de tal maneira. Ele não entende que sentido há na sua busca diária que nada mais é do que apenas uma busca, continua sua jornada sem saber se irá a algum lugar ou se seu destino é o nada.
A dúvida corrói seu interior, o medo de se ver obrigado a recomeçar mais uma vez faz com que se resguarde, a cada alteração de clima, de humor, ele ainda se pega pensando sobre o motivo e o destino. Os dias passam e ele se percebe envelhecendo, sem ter concluído um único grande projeto, apenas tentativas, apenas recomeços, o fruto de seu esforço é agora aproveitado por outros que não ele e ele ainda sonha com o dia em que não terá medo, em que terá certezas, certeza de que não precisará tornar a lançar fundamentos, certeza de que o que conquistou não será levado em meio as tempestades tão comuns a vida.
Ele quer ser imortal, com algo eterno que em meio aos dias atuais tem se tornado raro. Como buscar o que é definitivo em uma era de "pra sempres" cada vez mais curtos? Só o amor vale o esforço, só ele dá sentido a via, mas de nada adianta amar sozinho, reciprocidade é imprescindível, por inúmeras vezes ele acreditou tela encontrado e percebeu tarde demais seu engano, ele se tornou mais desconfiado, passou a contar como certas apenas as coisas que dependem só de si, até que seu coração finalmente repouse nas certezas que só o amor e o tempo podem lhe fornecer.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Casa de Palha

Promiscuidade, a bandeira da nova geração. Achamos bonito! Vemos como um ato de nos voltar para nossos próprios instintos sendo assim o que realmente somos.
A crença e o estandarte de que a vida é curta e é uma só e que, por isto, devemos fazer tudo que temos vontade, vê apenas um dos lados da moeda afinal, se eu tiver vontade de te matar devo faze-lo? Obviamente não e se eu assim fizer, terei de arcar com as consequências de ter utilizado minha liberdade para realizar tal ato. Toda ação tem consequência e é inevitável que algumas coisas não sejam previstas. Claro que tudo deve ser questionado, afinal, como saber o que realmente queremos se simplesmente aceitarmos aquilo que alguém já nos deu pronto?
O desprendimento indiscriminado esquecendo-se de que algumas ações tocam além das nossas fronteiras e se tornam irreversíveis, faz com que muitos percam exatamente aquilo que buscam. Quanto mais a sociedade evolui em direção a ciência mais se tem a exata noção de que, se o amor não é somente um valor cristão, só pode ser alcançado utilizando-se de alguns princípios morais por tal religião impostos.
É bonito dizer que o machismo se encarregou da monogamia e dos rótulos exagerados, o que não percebem é que alguém que não consegue seguir em uma única direção, mudando a todo momento de rumo, não só atrapalha quem tenta estar ao seu lado, como também se torna uma pessoa que não tem nenhuma confiabilidade nem utilidade, gerando magoas e reações inesperadas e tornando o mundo cheio de pessoas cada vez mais voltadas para si e mais interessadas no "ter" abdicando assim do "ser".
Adianta esperar estar na sarjeta para olhar para trás e tentar reaver tudo que um dia foi seu? Adianta ter sonhos com planos futuros abortados antes mesmo de chegar seu tempo pelo medo de se prender? Algumas pessoas tem muito, mas caminham para perdição. Não a perdição moral ou religiosa, mas sim a de si próprio. Obviamente, todo jovem gosta de festas e pessoas, todo mundo adora ser desejado e não é porque se tem alguém que te completa que não vais olhar para o lado e desejar ter outra pessoa por um instante, mas abdicar de quem te faz bem para viver uma infinidade destes momentos, é deixar a casa de tijolos de lado para morar numa casa de palha, a chuva vem e molha seu interior, os salteadores levam o que há de precioso, o frio transpassa as paredes e logo vem o vento e a habitação não resiste a ele, neste momento, na sarjeta é que a gente olha pra trás e pede a Deus ou a quem quer que seja que nos permita ter por mais um minuto aquilo que nós desprezamos  aquilo que não demos valor. A casa de palha já não tem mais graça, ela é sempre monótona, sempre igual e nos faz regredir como pessoas. Mesmo assim, quando vê alguém mal a gente ainda convida para ela. Sabendo como é, assim como fomos convidados por quem não mais suportava mais a casa de palha também convidamos. Talvez o façamos por solidão, mas logo o novo morador percebe o mesmo que nós, que a gente só queria saber como era e agora que já sabe olha para a casa de tijolos e diz "agora eu estou pronto, eu não estava antes mas agora estou, me deixa voltar" e se Deus te respondesse com palavras te diria "rejeitaste o presente que dei, escolheste outros tesouros. Pois agora siga o caminho que escolheu, o que um dia foi seu agora pertence a outro, o que dei para ti e não quiseste achei alguém merecedor, te resta o que aprendeste e as consequências das escolhas que tomaste. Queres a casa de tijolos? Conquiste um novo terreno e construa uma nova casa, afinal, és livre! Não foi isto que bradaste?"

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

a caminho do lar

Três pessoas, em comum seu sangue. Três proscritos. Em um momento de introspecção após o fim, após ver a poeira baixar, sentado em algum lugar com a certeza de estar fora do alcance deles, percebeu que foi usado, percebeu que todo tempo esteve perto porque servia, notou que foi surrupiado de todas as maneiras possíveis, perdeu tempo, dinheiro, cabelos, paciência, ternura, amor, perdeu seu silêncio e sua calma, perdeu sua segurança corriqueira. De si, restavam apenas cacos e então percebeu a verdade, fora acometido de assalto, nunca ouve ternura e se ouve foi por um lampejo de tempo apenas, após retornando a sua condição natural de metrópole explorando colônia.
Percebeu que ninguém poderia fazer nada consigo se ele mesmo não o permitisse e isto lhe trouxe a noção exata de que ele sabia dos furtos mas permitiu que acontecessem na esperança de ver a mudança, de ser o milagre, de modificar a vida daquela família, de ser o divisor de águas. Que objetivos mesquinhos teve. E agora? Perdeste muito, acreditaste demais, percebeste que nada é o que parece e que deves percorrer tua jornada e recuperar o que foi perdido.
O que ficou em ti foi a sensação do roubo, aquela pontada que fica no peito como quem quer ir atrás do ladrão e recuperar o que foi levado mesmo sabendo que não há mais como ter seus pertences de volta. O que ficou em ti foi a mania (que você não tinha antes disto) de ter o pé atrás, de calcular cada situação, analisar cada rosto, cada mudança de rotina, cada pequeno detalhe tentando prever o futuro e se antecipar a ele, guardando o que te restou dos olhos vorazes dos possíveis salteadores que estiverem a tua volta e como você já sabe que larápios se escondem atrás de sorrisos e palavras bonitas, agora tomas cuidado até com os mais próximos. Triste destino onde tens que reconstruir tua confiança para ser digno da felicidade.
Tudo passa e o sol voltará amanhã sabendo que o que vem é perfeição e que esta sensação dará lugar a alegria de não ter mais teus muros cobertos de arames e cercas elétricas, de não se assustar mais, a alegria de estar num lugar seguro sabendo que é tua morada, um lugar que finalmente possas chamar de lar. Percebes que está mais próximo deste lugar a cada dia, que os medos tem ficado para trás e a cabeça começa a se erguer, talvez seja hora de deixar de se preocupar, talvez, mas ainda tens aquele pé atrás, ainda esperas o detalhe que te faça ter certeza de que nunca mais terás que recomeçar.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Aff


A gente tenta, se esforça, explica e mostra o caminho para tentar fazer as pessoas independentes, livres dos seus grilhões mesmo quando estivermos ausentes. Infelizmente alguns seres insistem em olhar para o lodo em que viviam, esquecendo-se da infelicidade constante, acham que terão algum ganho em dar passos atrás mesmo tendo vislumbrado a possibilidade de se libertar. Só anda em círculos quem realmente quer e optar por retroceder mesmo sabendo os custos disto, te torna merecedor de todo o mau que vier, indigno de reclamar de qualquer infesto que o assole.
Já dizia a máxima que "desculpa de aleijado é a muleta", não culpe ninguém por suas escolhas, a verdade é que algumas pessoas não nasceram para serem livres pois não conseguem saber o que querem e se tornam escravas dos seus instintos e sentidos. Estas pessoas só chegam à algum lugar quando são aprisionadas e forçadas a caminhar e acabam por chegar aonde não queriam porque foram incapazes de saber o que ansiavam. Que dilema este, não estar pronto para ser livre e não suportar a prisão em que se está. Tenho pena de pessoas que passam por isto.
Coincidência ou não, fui questionado sobre algo e no caminho de conferir o que eu havia dito percebi que sim, pessoas são capazes de cometer a mesma idiotice novamente mesmo após a certeza do quão imbecis são seus atos.
Mais uma vez sou grato a Deus por ter posto a pessoa certa no meu caminho na hora exata, alguém que me faz mais do que já fui, extraindo o melhor que há em mim e me mostrando que ainda há pessoas dignas de serem amadas, aos outros, que sigam pelo que acreditam, torço por sua sorte, ainda que pareça que só eu enxergo o fim da estrada que tomaram. Parabéns, você merece!