Ele a viu como há muito não via. Deslumbrante como nunca, doce como sempre porém longe, distante pela barreira do tempo, das coisas que sucederam, da sujeira acumulada em seu coração e ante aos olhos atentos daqueles que não compreenderiam nem que se explicasse arduamente.
Ele teve vontade de abraça-la dizendo que tudo não passara de um grande pesadelo e que agora as coisas ficariam bem, mas talvez ela não acreditasse. Teve vontade de tocar-lhe suavemente o rosto acariciando, de cuidar de seus problemas, de lhe mostrar que tudo tinha solução.
Ele percebeu também que algumas ligações permanecem eternas independente dos fatos e que, um toque de mãos num simples auxílio lhe transmitia a energia que só se sente quando há uma forte ligação com alguém, mesmo que ela nem soubesse porque ou quem ele realmente era. Então se sentiu de volta aquele corredor, de braços abertos e olhos atentos tentando permitir que ela seguisse seu caminho e evitar que uma queda a machucasse.
Ao tocar suas mãos, lembrou-se de quem estava ao seu lado, lembrou-se do valor inigualável que tem alguém com um perfil único e uma forma inigualável de amar. Ele sentiu seu coração bater mais forte.
Ele ficou pensativo, introspectivo, tentando entender e assimilar tudo que sentiu, tentando imaginar uma forma de lhe fazer feliz, de afastar as tempestades e tomar com firmeza sua mão para juntos enfrentarem o que quer que viesse.
Tantos problemas, tantas dúvidas. Um milhão de coisas impossíveis de se prever o resultado, vários pontos com os quais se preocupar. Uma janela muito estreita se apresenta a sua frente, uma pequena oportunidade de fazer diferente, de não deixa-la mais escapar. Para isto ele precisa atuar de outra maneira, ser alguém mais forte e deixar de se importar tanto com aquilo que é irrelevante. Está visão lhe trouxe uma felicidade intocável, como que uma armadura, agora nada mais o poderia ferir.
Ele teve vontade de estender este momento para sempre, mas o tempo corre rápido e escorre como areia nas mãos. Ficamos só com uns pequenos grãos que conseguimos agarrar mas rapidamente tudo se esvai.
Ele quer sentir o que sentiu e ver o que viu por todo o tempo que for possível, mas para isto precisa estar aberto as oportunidades que a vida lhe der.
Fazer diferente, caminhar, equilibrar a equação e tornar tudo possível. Talvez o tempo seja curto, mas ele não se permitirá temer. Pelo visto o amor é mesmo um velho teimoso em uma cadeira de balanço.
domingo, 2 de outubro de 2016
O balanço do tempo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário