quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A perfeição

Quem somos nós se não aquilo que somos para alguém?
Nossa existência é tão passageira que o único rastro que deixa é aquilo que um dia representamos, as marcas que deixamos na vida das pessoas.
Passamos uma via inteira tentando agradar para no fim dela perceber que na verdade somos somente escravos da nossa propria finitude tentando desesperadamente sobreviver ao fim de nossos dias sendo lembrados como homens dignos e honrados. Não seria este o significado de "aquele que tentar salvar sua vida perde-la-a"?
Perdemos muito tempo tentando ser perfeitos para aqueles que amamos (e para os outros) e findamos por viver uma vida de privações e renúncias construindo relações baseadas na entrega total e irrecíproca frágeis como um cristal que despedaçam-se ao som de um simples "não".
Quem pensaria em você da forma como você pensa?
Frequentemente nossa autoimagem não é refletida como gostaríamos uma vez que a leitura do outro é sempre baseada no prisma do "eu" daquele que a lê. E não há escapatória além da frustração.
Viver é um emaranhado complicado que exige amplo conhecimento daqueles que foram atirados ainda amadores neste mundo.
Quando uma conversa passa a fazer falta, quando a compreensão e a empatia são escassas, é inevitável pensar sobre um possível equivoco no caminho que se tomou. Usar o não como auto preservação mesmo sob riscos ou seguir na total entrega a espera de um ajuste de sensatez, um bom senso, que parece nunca chegar.
Relações humanas exigem mais que logica uma vez que duas mentes nunca pensam iguais, mas alguns conflitos são tão complexos que parecem nos sugar todas as forças. 
Não que exista uma resposta, nem que exista a paz completa. Quando um sente-se mau consigo ou com alguma outra situação, é habitual que pague o pato aquele que mais próximo está. A compreensão é a chave que evita precipitações e mantém a liga das relações. E você, está disposto a compreender? 

domingo, 22 de abril de 2018

O futuro que queremos.

O mundo atual está repleto de pessoas melhores que as outras. Ou alguma vez você já viu alguém que conhece as próprias limitações e defeitos?
Talvez porque nossos pais pareciam sempre saber o que faziam, crescemos entendendo que teríamos que ser melhores que eles, que não tínhamos o direito de errar. Quando chegamos a idade que eles tinham, percebemos que não temos ideia do que estamos fazendo e que provavelmente eles também não tinham enquanto nos criavam. Então, por que ainda queremos vencer todas as discussões? Por que em análises rasas ainda acreditamos ser mais capazes que os outros?
Queremos desesperadamente ser reconhecidos tornando-nos somente uma caricatura daquilo que a moda dita como alguém "foda" enquanto nos afastamos daquilo que realmente desejávamos ser.
A garota que desce até o chão na balada, o badboy que conta orgulhoso suas conquistas amorosas aos amigos insistentemente tem algo em comum, a solidão. O interessante sobre este fator é que quanto mais presente mais você ouve seus portadores afirmarem não precisar de ninguém.
É curioso como tentamos o tempo todo provar que somos felizes com nossos defeitos apenas para não sermos obrigados (não por uma sociedade, mas pro nós mesmos) a lidar com aquilo que nos incomoda. Assim como o ateu aponta a todo o tempo os defeitos daquele que crê, assim como o obeso repete o mantra da felicidade plena da forma que é ou, do solitário que se gaba da própria solidão, simplesmente não fomos criados pra dizer "não estou feliz com esta parte da minha vida e vou me mexer para muda-la". Pior que isso, os poucos capazes de reconhecer suas próprias insatisfações o fazem no extremo oposto, constantemente apontando os próprios erros e dificuldades não na esperança de se melhorarem, mas tentando obter a compaixão de uma audiência cativa, gerando um elo de parasitismo onde o ouvinte não pode sair da sua vida ou cobra-lo por nada simplesmente por conhecer os motivos que o fazem ser tão imperfeito.
Isso se assemelha muito as convicções políticas mais aceitas onde o estado deve ser o provedor de chances igualitárias para aqueles que não tem a mesma capacidade.
Hoje vejo minha geração sendo suprimida pela próxima, aqueles com  a minha cultura estão ficando para trás, deixando de ser "os jovens" para uma nova leva criada abaixo do entendimento que tínhamos. Como podem ter caído no mundo tão despreparados para o que ele era? Será que nós também eramos tão imaturos?
Nada é tão importante no desenvolvimento pessoal quanto a mente aberta e a coragem de ser imperfeito, mas talvez a mais difícil de todas as escolhas seja a quem dar ouvidos. Quando não estamos prontos precisamos de luzes, de guias que nos apontem a melhor forma de moldar nossas imperfeições ao caráter de quem somos, ao mesmo tempo, quando estamos perdidos encontramos uma monstruosa dificuldade em diferenciar luz de trevas. Isso, aliado a aparente falta de vontade em se melhorar pode ser devastador inclusive para o futuro em que todos nós viveremos a medida que, são estes perfeitos que herdarão a sociedade e ditarão os rumos dela.
Precisamos olhar para a nossa essência, ter coragem de ser quem somos, encarar nosso medo de sermos menores como forma de nos tornarmos maiores, precisamos "perder discussões" pois é a única forma de jogarmos fora conceitos ultrapassados enraizados em nossas mentes, precisamos ter a audácia de ser imperfeitos para que somente então possamos chegar perto da perfeição que ansiamos e, principalmente, precisamos aprender a não desistir quando tudo parece perdido, pois só assim poderemos nos direcionar para um futuro onde sejamos plenos, felizes e produtivos, afinal, não existimos somente para nós mesmos e não fomos criados para ser um fardo em uma sociedade já tão saturada.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Nada

Quantas opções há para quem é pleno? Se por um lado é fato que acomodar-se é também uma forma de morrer, por outro é nítido que quando se está pleno com o que se tem absolutamente nada é uma opção.

Vivemos em um mundo que te testa, te mede e te julga a todo o momento. São provas no trabalho, na amizade, na família e em qualquer círculo social em que estejamos. Qualquer vacilo apaga toda história por mais bem-sucedida que seja. E como suportar uma sociedade que exige padrões cada vez mais altos e te espreme até você ter vontade de gritar? Como permanecer provando valor quando de tanto apanhar se perde a vontade de ser valoroso.

Talvez seja esta uma das transições da vida, talvez em algum momento precisemos ter a coragem de ser ninguém, de não ter valor, de fazer tudo errado mesmo, só porque é mais fácil. Lutar cansa, mendigar reciprocidade é insano! Se as coisas corriqueiras por vezes parecem ter menos valor simplesmente por serem comuns, ao mesmo tempo só tem menos valor por isso, voltando instantaneamente a estar em alta conta no momento em que não podem mais ser facilmente alcançadas. Não se pode exigir o melhor de alguém quando não damos o melhor de nós e nessa bola de neve quanto menos recebemos menos damos e quanto menos damos menos recebemos. Nadar rio acima é sempre cansativo e as vezes é necessário acampar a margem até que se renovem as forças.

Algumas coisas têm prazo de validade em nossas vidas, outras não. Algumas pessoas já chegam fadadas a partir e, por mais que se faça o possível para pertencer, para entrar para o clube, ainda assim seu máximo não é o suficiente. E como é dolorido não ser o suficiente para alguém. Para amigos, para o trabalho, para quem escolhemos para caminhar junto. Em alguns momentos seremos o que eles precisam, em outros seremos somente uma barreira, um ponto incomodo a atrapalhar seu caminhar. Por que alguém permaneceria ao seu lado se você não tivesse mais nada a oferecer? Mas você quer estar ao lado de alguém que não está só por você?

Não se deve esperar de ninguém mais do que este alguém pode oferecer e, jamais se deve esperar reciprocidade pois ela é rara. Não é possível viver esperando ajuda pois nos piores dias de sua vida ninguém estará disposto a caminhar ao seu lado. As pessoas querem sua luz, ninguém suporta suas trevas.

E assim, de cansaço em cansaço, de “treine mais” a “você já foi melhor”, de “a sua imagem não está boa” a uma festa onde você não foi convidado, do “muitas opções” a opção única, a vida vai mostrando seu lado mais cruel e oblíquo onde somente aqueles que sabem onde querem chegar não se perdem pelo caminho, embora em meio ao vale da solidão não sejam poucos os casos ou as vezes em que, a vontade é simplesmente parar de lutar e esperar o destino se encarregar do fim. A diferença é que em meio ao desanimo alguns dão um passo a mais e outros sucumbem, alguns tentam mesmo esgotados e outros ficam pelo caminho.

Viver não é para amadores e talvez o mau não possa realmente ser vencido, mas ao fim da vida você pode olhar para trás e sentir que foi vencido ou pode olhar para si ainda que derrotado sabendo que lutou até o fim.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O dilema da paz

É o que parece as vezes, que não há importância no ser único neste vasto universo de seres que formam o todo. O equilíbrio duramente conquistado é abalado pelo simples soprar dos ventos do tempo. Assim como o andar da carruagem encurta a distância também solta seus parafusos. O problema e a solução parecem estar contidos num tecido único.
Talvez ninguém tenha o completo domínio dos mecanismos que levam a paz, caminhar em meio a espinhos buscando aconchego é de uma agonia indescritível. Quanto tempo ainda levará até a estabilidade?
Se não saímos da nossa zona de conforto nunca vamos a lugar algum, mas e se tudo que se quer é um canto confortável para repousar? Parece impossível permanecer com os pés no chão em um mundo onde tapetes sempre se transformam em esteiras. Queremos confiar e compreender, mas somos sempre surpreendidos pela ânsia daqueles que não tem escrúpulos para alcançar seus objetivos. Querendo a paz temos que estar sempre prontos para uma nova guerra, sem poder baixar a cabeça em instante algum, sempre atentos a pequenos movimentos que indiquem intenção.
Como seria bom poder repousar confiando em nossos pares, certos de que a parceria doada seria refletida em espelho de reflexo nítido. Como seria agradável não precisar suspeitar de benesses imaginando qual a contrapartida ansiada naquele gesto inesperado.
Vivemos lutando pela paz que queremos estabilizada pelas conquistas que demandam luta para serem alcançadas e para serem mantidas. E quanto mais lutamos mais precisamos lutar para que possamos ter paz. Que paz é essa que não nos permite o desfrute?
Em verdade somos todos crianças tentando entender o que é ser adulto. E quando entendermos o que realmente devemos fazer, haverá tempo hábil para aplicar o conhecimento adquirido?

terça-feira, 21 de março de 2017

O Querer e o Fluir

Talvez o desenho das coisas nem sempre te dê a melhor leitura. Talvez você, após muita luta, passe a perceber que poucas brigas têm algum valor e que as vezes em meio a tristeza a luz vem de onde menos se espera.
Só ou acompanhado, quem é você e o que tem feito da sua vida?
Há tempos de ignorância, tempos de descoberta e tempos de entendimento e sabedoria onde começa a ficar claro que levantar questionamentos é sim muito mais fácil que apontar soluções a eles e que muitas pessoas patinarão ainda algum tempo até chegarem a esta compreensão. Com o paciência e tempo você passa a entender que só se deve dar valor a quem te dá valor de verdade e que não é errado dar de ombros ante aquilo que não se pode mudar.
E quando você se sente contrariado, a questão que deve ter em mente não é "como impedir isso" e sim "como me apartar disso". As pessoas só fazem a você aquilo que você as permite fazer e muitas vezes fazem a si próprias te atingindo sem perceber. Neste ponto a diferença entre se ferir mais ou menos está diretamente ligada ao seu nível de participação ante ao que te foi imposto. Decidir não fazer parte de algo é também preservar sua própria identidade e a autodenominação daquele que sem perceber invade teu espaço.
Um lado buscando sozinho ser o que o outro precisa nunca será suficiente justamente porque pessoas são dinâmicas e suas vontades se alteram com o tempo. Quando você der o que te foi pedido uma nova demanda estará à sua espera, por isso é que sem reciprocidade ninguém será feliz. Em outras palavras, se o que você dá hoje não é suficiente, modificar a si mesmo para dar o que se espera tão pouco será.
O que pode ser maior que o amor? Este que dá sentido a tudo. Como compreende-lo? Como lidar com o entendimento de que algumas pessoas passarão por esta vida sem conhecer este sentimento? O amor é a liga que une a humanidade, que nos faz diferente de todos, que nos faz olhar além de nós, muitas vezes junto a outros para uma única direção. Ele é quase como um campo de força que protege aos seus agraciados das mazelas do mundo. Mas precisa ser cuidado pois mesmo forte não é indissolúvel, mesmo que brilhe ainda é vulnerável as trevas quando exposto por muito tempo.
Acabamos sempre por atrair tudo aquilo do que falamos com frequência e, por este motivo, há tantos demônios na vida de alguns e tantas flores na vida de outros. Se te cercas de amor, se buscas ouvir falar dele ou compreende-lo, o que se achega a ti é amor e este sentimento toma forma e volume em teu interior, mas se buscas a dor, se estais constantemente falando e seguindo quem fala sobre ela, esta se achegará e fara morada em ti. Mesmo as pessoas mais cheias de felicidade podem ver sua energia se esvaindo quando o amor adoece.
Neste contexto, a fé é algo realmente curioso, capaz de criar as coisas mais incríveis. Se crês que és alguém assim será, da mesma forma se tens a certeza de ser um miserável esta realidade lhe será imposta.
Mudar o mundo começa em si e mudar sua realidade começa de dentro. Tudo é somente uma questão de foco de, a semelhança do criador, criar com fé e ousadia um universo novo com base em amor, mesmo material do qual são feitos os anjos.
Tudo lhe é permitido, o sofrer e o sorrir estão dispostos a mesa e você pode estender a mão e busca-los. Somos capazes de emanar energias irradiando luz aqueles que estão em trevas.

A mudança está em sua mente, no foco que você dá ao que te ocorre, na forma com que você interage com quem está a sua volta. Levantar-se e reagir é sempre possível independente do quanto a vida já te surrou, bastando para isso você querer e fluir.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Teste

Ter tudo e não ter nada.
É inerente a todos aqueles que não tem paz a tentativa de perturbar a paz alheia.
Quantos covardes para um só mundo repleto de insanos senhores de si? Quanta vida perdida em tentativas vãs de se entender. Quantas paralisações em prol do outro que ainda se busca.
E é tão difícil esperar que alguém se entenda.
Então você se vê cercado de gente que não te entende, subutilizado em suas capacidades e ansiando que alguém o tire dá escuridão. É difícil a solidão a dois.
Há muito pelo que lutar, há muito pelo que não desistir e você é pego se perguntando como alguém pode ter tanto e ainda assim não ser feliz?
Como ser infeliz tendo tudo? Só quem não sabe onde quer ir pode não notar tudo que tem.
Nunca foi teu sonho ser estepe, nunca quis ser só mais um. Não tem mais paciência para tanto e ainda assim busca ser luz.
E como ser luz quando as trevas começam a tomar conta do seu coração? Talvez só um pouco mais de paciência seja suficiente, mas mais uma vez você precisa de um pouco mais.
O mundo te pedindo calma e a vida a sua volta seguindo acelerada. A dor que te envolve é também a que te pede força.
Você as vezes só quer um ombro pra chorar, as vezes só quer um colo pra deitar, as vezes só quer conversar sobre nada, mas os que estão perto já falaram o suficiente, já estão ocupados por outras coisas e você volta a estar só.
Ser pai é também servir, te torna servo do teu lar. E quantas vezes você quis somente um obrigado e viu os detalhes sendo usados como se tudo o que foi feito fosse ruim?
Este mundo ao avesso só te permite sonhar se o sonho for solo, nunca quando depende de alguém mais. Pessoas voltadas pra si inviabilizam o futuro que só permanece existindo se alguém se doar por completo.
A triste realidade dá vida é a morte. Não saber quanto tempo se tem torna a servidão irreciproca agoniante.
Há momentos dá vida em que a felicidade é só um quadro na parede e que somente se segue buscando um novo instante. Momentos em que a alegria parece inalcançável e o cansaço de tão companheiro já tem apelido.
Não é fácil se abster de jogos quando todos jogam. Mas se você jogasse, por quê seria diferente deles?

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Adeus maldito

E tudo começa. O espumante estourado, os abraços eufóricos a beira da piscina, os fogos no céu. Ainda o cheiro da carne, as crianças felizes festejando enquanto a cabeça projeta os anseios para o novo ano que se inicia.
Parecia ser promissor visto aquilo de concreto que já estava para acontecer e aquilo que pouco antes acontecera e ainda era comemorado e saboreado. Se pudesse saber.
O ano começou com uma grande notícia e se desenrolou positivamente em aspectos macro dos quais toda uma nação esperava, mas foi um pouco antes da páscoa que começou a mostrar suas garras, uma pascoa insossa e com gosto amargo de derrota na boca. Se ele pudesse saber.
A insistência, a persistência e o silêncio acalmaram os ânimos e tudo parecia voltar ao normal. Será? As coisas se aqueciam e se movimentavam ao mesmo tempo em que a distância começava a aparecer.
Então, as vésperas do dia dos pais, de maneira inesperada, surpreendente e devastadora a tempestade surgiu abalando as estruturas daquilo que era até então eterno. Se ele pudesse prever.
O tempo seguiu, ele ruiu, infeliz em si por tudo que perdeu e pelo amanhã que nunca chegaria, calou-se por não ter com quem falar.
Quando o Sol parecia começar a aparecer ele percebeu uma nuvem ainda mais densa, mas a meteorologia insistia em afirmar que não choveria mesmo quando o furacão já estava sobre suas cabeças. Uma segunda onda arrastou tudo que encontrou destruindo moradas, conceitos, confianças, crenças e bases construídas durante anos. 
Não houve aniversário, nem festa, não houve alegria nem nada desde então. Por um tempo ele abrigou-se em uma antiga morada sempre firme e segura mas as circunstancias exigiram que ele enfrentasse a tempestade.
Quando o vento diminuiu, tudo que restava eram ruínas em um deserto. Ele não podia mais ver nada , nem mesmo as boas novas esperadas avidamente durante tantos anos pareciam fazer sentido agora. E em uma tarde de Domingo, tudo realmente pareceu perder completamente a razão em uma quase tragédia completa.
Como ele poderia entender se é fraco por ser reduzido a cinzas ou se é forte por em meio a elas conseguir ter esperanças? Ter esperança afinal é sinal de força ou de fraqueza?
2016 foi sem nenhuma sombra de dúvidas o pior ano de sua vida onde ele perdeu coisas que nunca esteve disposto a apostar e ganhou coisas que já não faziam mais sentido sem aquilo que perdeu. Um ano que deixa inúmeras sequelas, ano de uma dor interminável aumentada a cada dia por uma nova pancada.
Este ano, será eternamente enterrado em sua memória para nunca mais ser lembrado e dele ficarão apenas as lições e os problemas deixados pendentes.
Ele não sabe exatamente como iniciar o novo ano, nem o que o espera, sabe apenas que será um dos maiores desafios que já enfrentou por tudo aquilo que se apresenta e por tudo aquilo que ainda pode ser imposto a ele. Só lhe resta esperar que 2017 traga as boas novas que 2016 levou com ele.
Maldito seja eternamente este ano que passou e que nunca mais ocorra um ano tão sombrio como este. Que o futuro reserve novas e grandes conquistas permanentes e inabaláveis e que a paz lhe seja devolvida.
Paz! Aquela que ele teve e lhe foi tirada. Que ele possa reconquista-la para nunca mais perde-la.
Ele sabe que Deus tem sempre o melhor e é grato por tudo que passou pois entende que lhe é ganho e faz parte de seu plano, ele espera novos dias de bonança onde ser bom seja um prazer e não um sacrifício, onde o amor lhe seja espelho e o riso seja fácil e farto, onde a alegria nasça no coração e transborde aos olhos.
Não deseja mais um feliz 2017, apenas agradece a Deus por levar embora 2016. Que venha o futuro e que ele consiga suportar tudo o que ainda precisa enfrentar.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Erguer a cabeça

Há aqueles momentos na vida em que tem-se que pensar no que passou ponderando o quão importante pode ser em seu futuro. Estes momentos marcantes, bons ou ruins geram grande movimentação buscando entender qual escolha trará melhores resultados.
Quem neste mundo é capaz de dizer que acertou sempre? 
Aquilo que fica pra trás nem sempre é algo ruim, as vezes é somente um ponto de transição de grande valor que não foi feito para permanecer. A chave talvez esteja em entender o que se deve manter e de que se deve abrir mão.
Todos buscam uma maneira de serem queridos, felizes e de terem uma vida plena. Ser admirado talvez seja o único objetivo comum dos seres humanos sem que necessariamente se deem conta desta busca incessante. O quão duro pode ser não ver admiração onde ela vivia?
Você seria capaz de entender a plenitude do que existe a sua volta?
Sempre que atentados ocorrem as primeiras ações são no sentido de identificar os infratores e resgatar possíveis vítimas ainda com vida, porém há um momento em que se tem que pensar no futuro, erguer a cabeça, remover os escombros e buscar o que ainda está em pé.

O que sobrou de pé?

Quando todas as certezas caem por terra o que resta é apenas buscar no caos alguma certeza que permita a esperança se abrigar como forma de um dia renascer.
Períodos muito longos de estiagem castigam irreversivelmente o solo, exigindo períodos quase tão longos quanto de fertilização para que seja possível um novo plantio. Como saber o que plantar neste terreno tão devastado?
As perguntas no ar, as ideias no chão e as dúvidas na cabeça.
Nem sempre é simples se conhecer. É sempre complicado encontrar um caminho novo.
Levantar-se e não se permitir derrotar as vezes é a única ação possível quando não se sabe exatamente pra onde ir nem pelo que lutar.
A vida é cheia de caminhos delimitados e subsequentes e sempre estamos fazendo escolhas pela alma ou pela razão.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Antes que o mundo acabe ele precisa entender seus anseios, precisa conseguir olhar em seus próprios olhos e ser sincero consigo. Não é nada fácil estar só ao lado de alguém, não é nada fácil sentir-se enterrado vivo vendo cada pá de terra colocada sobre si. Dói indiferença.
Ele precisa de um momento dele onde tudo deixe de preocupa-lo, ser o provedor é também ter compromisso com a felicidade de todos e as vezes anular-se quando isso é necessário.
Então, como ser homem de verdade neste mundo?
Jogam-lhe no colo coisas pesadas esperando que lide com elas sorrindo, olham-lhe com desdém quando sente dor por carrega-las e não o escutam quando fala. Esperam que ele somente sorria e aceite. Quando ele dá uma pequena amostra do peso que carrega é lhe exigido que pare, quando ele exige que se pare torna-se um inimigo mortal. Quando os sentidos já não estão mais nele, quando tudo chega ao seu extremo, quando o desespero gera atitudes impensadas então um único ato é motivo para ser colocado no balaio onde todos estão, para ser tratado como bandido. Vituperado ele espera pelo momento onde a tempestade acalme e as ondas do mar diminuam.
Quando se tem que levantar todos os dias e ir a um lugar onde ninguém o nota, quando se está em casa e nada mais faz diferença, quando tudo que se tem são poucos abraços daqueles que, inocentes nunca deixarão de ama-lo, é então que ele percebe que o valor de uma existência não está condicionado aquilo que recebe em devolução e sim àquilo que se deixa de marca, ou a marca que sua ausência faria.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A dor da alma

Quando tudo parece se acalmar, quando a noite cai e o tempo esfria, a lucidez da lugar ao embate. É óbvio que há problemas quando a única forma de comunicação é a briga. Mas como chegar até às questões centrais daqueles que não querem ser descobertos?
Amizades não são somente um concordar silencioso, ser amigo de verdade é também apontar caminhos perigosos, problemas  onde o outro poder vir a ser machucar. Como ser dócil com tantas feridas abertas? Ela exige passividade, mas jogou pressão demais na máquina e agora precisa deixa-la descansar. Mas ela não pode, não quer parar, quer tudo cada vez mais depressa numa urgência sem par.
Ele sabe bem que seu tempo acabou, não porque um ou outro queria mas porque as questões que se colocam tornam tudo uma panela de pressão. Não há mais confiança de nenhum dos lados, a amizade não está mais presente, o respeito começa a ruir, o afeto é mais brando, a conversa mais curta, quando há, e ela já não escuta mais o que ele diz, o companheirismo e a paciência já há muito desapareceram. Como então recuperar este cenário de terra arrasada?
Ela não considera mais a liberdade que tem como liberdade real e não sente mais vida dentro de casa ante a todas as pressões e cobranças que encontra. Ele deixou de olhar só para ela e passou a procurar também em si algo a que se agarrar, sente profunda tristeza a todo instante e para onde quer que olhe lembra do tempo em que foram felizes. Ele sabe que é isso que está minando o que eles tem mas não sabe mais como fazer para solucionar tudo.
Como cuidar de alguém sem parecer o chato da história? Como deixar de ser o motivo da vontade dela de dar cabo da própria vida? Como compreender que quem esteve tanto tempo ao seu lado agora não existe e ou se aprende a lidar com isso ou tudo deixa de ter sentido?
No fim das contas talvez eu seja mesmo só mais um cara comum e inseguro tentando buscar um lugar neste mundo, mas tentar estar no lugar do outro, tentar buscar uma solução ainda é parte da minha essência.
Como lidar com algo que dói tanto em ambos?
Talvez o maior desafio seja guardar a dor na alma e tentar novamente, buscando ouvir a dor do outro e torcendo pra que desta vez seja diferente, pra que desta vez ela te ouça e talvez, com muita sorte não busque o conflito por qualquer palavra mal interpretada.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Não pude mais encontrar

Há momentos na vida em que escolhas são necessárias, momentos onde um simples olhar estagnado aguardando a auto-solução já não atende mais a necessidade de um coração ferido. Há dias em que seguir caminhando é mais difícil, onde uma atitude te mostra o tamanho do problema e te põe a par da tua real importância.
Em várias escolhas na vida há algo a perder, porém algumas coisas são mais valiosas e dolorosas de se abrir mão que outras. Quando se está disposto a abrir mão de algo importante é sinal que o que se tem em mãos é muito melhor do que aquilo. Se alguém faz esta escolha não deve mais olhar para trás visto que pode ser plenamente feliz com aquilo que escolheu.
Abandonar velhas convicções é também uma forma de sobreviver a tempos de mudança e neste sentido, rever valores e importâncias pode ser a diferença entre sucumbir e permanecer. Se você não é escolha de alguém este alguém não pode e não deve ter valor em sua vida.
A solidão assusta as vezes, mas ao perceber que sempre caminhou ao seu lado entenderá que ela nada mais é que o mesmo ambiente iluminado porém sem as luzes acesas. Sentir-se só ao lado de alguém é talvez a maior solidão que alguém pode viver pois não há perspectiva de mudança. Nada de bom pode acontecer enquanto se estiver agarrado aquilo que é ruim.
Por que então tentar?
Todo grande general sabe a hora de render-se evitando a morte de soldados inocentes, todo aquele que caminha sente o momento onde é mister o descanso, a sombra e a água.
Momentos de ruptura exigem força e coragem e, alguns marcos indicam quando é hora de levantar ancora em busca de novos mares. Algumas manchas nunca se dissipam.
Tudo veio abaixo, não há mais conserto. Sentar-se em meio a ruínas aguardando que tudo seja reerguido de maneira automática é uma imbecilidade sem tamanho. Construir novamente no mesmo terreno onde ainda é despejado ácido seria ainda pior.
Quando o julgo é desigual e só um lado está disposto a ceder, não há mais porque caminhar junto, é hora de levantar e partir permitindo que cada um viva plenamente aquilo que deseja para si.
Tudo é eterno enquanto dura e por muito tempo a felicidade foi rainha. Agora, assassinada, não pode fazer mais nada por eles. Só o que eles podem fazer é esperar e aguardar o inevitável fim. Ele é grato pelo tempo que viveram mesmo não sabendo o que de tudo foi real, também se sente mal pelo que não pode dar mesmo sabendo que deu o melhor de si.
Enfim. Quando não há perspectiva de mudança, quando aquilo que se tem não tem valor para mais ninguém além de si, quando tudo que há é um passado promissor, um presente deplorável e um futuro incerto é hora de partir. As pessoas só fazem conosco aquilo que permitimos que façam. No fim das contas se você quer um novo futuro precisa começar movendo as peças no presente doa a quem doer.
E quem sabe se, abrindo mão das frutas podres e se arriscando a subir no pé não se encontra uma fruta doce e vistosa como nunca se imaginou ter?

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O segredo do amor!

Há duas formas de sair deste mundo. Uma é após aprender tudo que é necessário para a próxima etapa (sabe-se lá qual é) e a outra é ser retirado para parar de causar estragos. Ser retirado nunca é fácil, principalmente para aqueles que lhe dão alguma importancia mas também pode te fazer crescer. Já cumprir toda a sua jornada pode ser gratificante a medida em que se saboreia cada etapa do aprendizado orgulhando-se de cada conquista alcançada.
Saber o que não quer é metade do caminho pra se chegar onde quer, porém não saber onde quer chegar pode fazer com que se perca toda e qualquer conquista pelo caminho.
Absolutamente nada faz sentido sempre, mas o segredo para ser bem sucedido em qualquer empreitada é mesmo ser constante em seu propósito. Mesmo assim, as coisas só tem valor quando colocamos amor nelas, ninguém gosta de viver coisas mornas que tendem a tornar-se coisas automáticas e sem sentido. Não colocar-se por inteiro em qualquer empreitada é destina-la ao fracasso.
A vida caminha mesmo quando não estamos prontos, mesmo quando não estamos vendo. Deus trabalha nos bastidores e muitas vezes a solução para algum problema está diretamente relacionada a algo que acontece simultânea ou anteriormente a ele. As vezes o martelo aparece antes do prego solto. Mas angustiantes são aqueles momentos em que tudo parece prestes a desabar e você não consegue encontrar as ferramentas certas para o reparo. Angustiantes são os momentos em que tudo pede uma mudança mas Deus te ordena que fique exatamente onde está.
A maioria das pessoas liga Deus a visão religiosa padrão ou simplesmente não crê nas coisas a ponto de entender os recados que vem dele. A minha turbulenta ligação com o divino na juventude me levou a conhecer a essência daquilo que sou e do que ele é, a constante curiosidade e afronta ao padrão me levou a uma relação tão próxima a ele que consigo entender em mim um recado divino. E não é assim que tem que ser? "Este é o conserto que farei com eles depois daqueles dias. Escreverei minhas leis em seus corações e as colocarei em seus entendimentos. E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades". Seguir o coração. Talvez a Disney tenha chego mais perto de Deus que muita denominação religiosa por aí. Sentir o que é certo, entender porque é certo e agir como tal. Este é o novo conserto. E como um novo entendimento como estes pode mudar uma vida, pois saber o que tem que ser feito te dá confiança, sentir novamente anjos guiando seus passos e amparando sua alma é indescritível.
A porta que Deus fechou está semana não era tão importante, mas foi fechada de maneira brusca e violenta. 3 tentativas até finalmente ouvir o impossível. De 4 duas, de duas zero. Como em 3 dias? 3! Cabalístico, não? Então você recomeça a busca e percebe que nada se enquadra até que uma voz te diz no subconsciente "não é a hora. Agora não".
Quantas vezes você já deu muito em ponta de faca até conseguir o que queria e então o que você queria ser tornou um desastre? Eu muitas.
Só podemos prever o amanhã, mas Deus é uma força sobre a qual o tempo não age, ele viaja através dele e nos trás pequenos rompantes do que pode acontecer quando isso pode nos ajudar. Como quando você imagina que alguém pode furar uma preferencial que você sempre passa e, mesmo sabendo que nunca aconteceu você diminui e então vê aquele carro passando direto perto. Você não sabe como previu, não entende porque deu ouvidos a um pensamento bobo, não sabe se previu ou criou a situação, o que realmente não importa porque, no fim prevê-la foi o que te salvou.
Desconectar-se do divino te deixa a deriva num mar de emoções, crendo estar acertando enquanto as mãos sangram num instante esmurrar de pontas de faca. Entregar sua vida "nas mãos dele" pode ser o segredo para uma vida plena.
Deus não é um ser único como dizem, ele é um organismo formado por tudo que existe, a energia que te move e que te conecta as pessoas mais próximas. Talvez tenha uma mente e um espírito (do grego forma pensar), talvez não. Talvez, como disse Paulo, sejamos nós a "mente de Cristo".
Como entender todas as nuances de um universo tão diferente? Se tudo é tão imprevisível e felicidade depende de paz que por sua vez depende de segurança, como então ser feliz no mundo atual? As pessoas cada vez mais desconectadas de si mesmas não conseguem conectar-se a outras. Pior, há pessoas ensinando diferentes formas de se apartar do mundo a todo momento. Quanto menos nos ligamos a nós, menos interagimos com os outros e quanto menos interagimos com os outros menos amor nos sobra o que nos torna mais amargos e distantes do divino. Por isso Jesus disse "Um único mandamento vos deixo: amai ao teu próximo como a ti mesmo".
Deus é feito de amor, está dentro de nós e se manifesta toda vez que este sentimento está presente. Ele é a maior força e o maior poder nas mãos humanas. Distanciar-se do amor te faz perder esta força e tua força de vida. É isso que todo ser procura em outro, um pouco de amor que é a centelha divina e também força de vida.
O amor da sentido a tudo, o amor te faz superar qualquer prova, te faz seguir em frente. Sem amor, tudo fica sem sentido, tudo passa a ser uma repetição de nada, uma sobrevida. Sem amor não há Deus, sem Deus não há vida.
Talvez nada neste mundo faça sentido, até porque o amor poderia ser só mais um conjunto químico do cérebro, mas não pra mim. Talvez eu realmente não saiba que sentido faz estar aqui neste planeta, entre as pessoas, trabalhando, interagindo, vivendo e morrendo ao mesmo tempo. Já me questionei sobre e, talvez não tenha encontrado a resposta que todos procuram, mas encontrei uma certeza: Vivemos para amar, primeiramente a nós e a vida é posteriormente ao próximo pois, isto nos leva ao divino e estar conectado a ele nos leva a fonte de todas as respostas.
Talvez você precise saber tudo agora, talvez você não entenda o processo pelo qual passa ou não veja mais sentido em viver. Talvez as respostas rasas de uma vida ou a sensação estar fazendo exatamente o que todos fizeram te faça querer respostas que poucos encontraram, porém não deve haver uma resposta suficientemente satisfatória para tudo isso até porque toda resposta conseguia em vida é só parte do que o véu que nos reveste nos permitiu ver.
Talvez o segredo seja justamente juntar o maior número de peças, aproveitar a paisagem do caminho e sentir.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Sonhar pra que?

Quem sabe a vida é não sonhar. Quem sabe querer não seja mesmo poder. Quem sabe a entrega seja só um ato egoísta de quem quer alguém preso a si.
Por que você luta? Por dor? Por vontade? Para vencer? Para ser reconhecido? Pra não desistir? Por amor? Acredita mesmo que luta por algo além de si mesmo?
Dúvidas não são necessariamente inseguranças assim como esperar ter todas as certezas para agir nem sempre é passividade.
Um sinal, é tudo que é necessário. Enquanto isto Deus continua fechando portas, até mesmo as mais simples para que você espere um pouco mais ou para que não vá.
Por que tudo isto é necessário?
Não posso te dar o que você quer, mas para ficar ao meu lado posso oferecer ... não, não sei o que posso oferecer. Fique se quiser. E foda-se se você for.
Há quem entenda tudo melhor, quem combine mais, quem seja tua cópia, enquanto isto aqueles que sempre estiveram ao seu lado são reduzidos a meros coadjuvantes que nunca te conheceram ou compreenderam. Injusto. Amizade, companheirismo exigem reciprocidade. É lindo um amigo para quem eu possa dizer tudo que penso, não tão lindo um amigo que me diga tudo que pensa. Quando alguém precisa de amigos você acredita ter feito amizades sendo o ouvido que querem, quando você precisa de amigos é que vai entender quem realmente está disposto a estar ao seu lado.
"Uma bela duma bosta". Verdade seja dita que errado não está, mas é também por vontade, afinal nunca faltou nada. E lembrar-se do início quando vendia-se ser a imagem do que eu fui nestes anos e reclamou de terem feito a ti todas as coisas que você me fez.
Posicione-se! Assuma o que quer! Fácil falar. Não é uma simples decisão a ser tomada de maneira irresponsável, não implica só em uma mudança de lar ou troca de companhia. Querer que me posicione é fácil mas ainda assim injusto. Injusto como tudo isso. Eu realmente não mereci. "Pare de se fazer de vítima". Então pare de me agredir.
Tão duro quanto um "vai a merda!" após um "você está bem?" é a ausência de vida em teu olhar. Como se hoje vivesse no automático, diz que todas as coisas tem relação com uma que é parte do problema mas não raiz.
O que quer de mim? Não sabe responder. Não vê nada em seu futuro. Tudo que quer é agir como der na telha, independente das consequências. Tudo que quer é destruir tudo para ver se renascendo das cinzas encontra na vida menos problemas ou se a aventura de por tudo abaixo te faz sentir mais viva. Talvez você não entenda, mas sou parte ainda do que te faz forte, mesmo que as vezes te machuque ao sentir as pancadas que você me dá, ao perder-me, perderá também parte do escudo que te permite agir desta maneira.
Sonhar pra que? No fim das contas não há como ter sonhos que dependam só de si e pessoas são todas iguais, mudam de ideia e põe tudo abaixo na metade do caminho.
Fodam-se todos!

Sonhar pra que?

Quem sabe a vida é não sonhar. Quem sabe querer não seja mesmo poder. Quem sabe a entrega seja só um ato egoísta de quem quer alguém preso a si.
Por que você luta? Por dor? Por vontade? Para vencer? Para ser reconhecido? Pra não desistir? Por amor? Acredita mesmo que luta por algo além de si mesmo?
Dúvidas não são necessariamente inseguranças assim como esperar ter todas as certezas para agir nem sempre é passividade.
Um sinal, é tudo que é necessário. Enquanto isto Deus continua fechando portas, até mesmo as mais simples para que você espere um pouco mais ou para que não vá.
Por que tudo isto é necessário?
Não posso te dar o que você quer, mas para ficar ao meu lado posso oferecer ... não, não sei o que posso oferecer. Fique se quiser. E foda-se se você for.
Há quem entenda tudo melhor, quem combine mais, quem seja tua cópia, enquanto isto aqueles que sempre estiveram ao seu lado são reduzidos a meros coadjuvantes que nunca te conheceram ou compreenderam. Injusto. Amizade, companheirismo exigem reciprocidade. É lindo um amigo para quem eu possa dizer tudo que penso, não tão lindo um amigo que me diga tudo que pensa. Quando alguém precisa de amigos você acredita ter feito amizades sendo o ouvido que querem, quando você precisa de amigos é que vai entender quem realmente está disposto a estar ao seu lado.
"Uma bela duma bosta". Verdade seja dita que errado não está, mas é também por vontade, afinal nunca faltou nada. E lembrar-se do início quando vendia-se ser a imagem do que eu fui nestes anos e reclamou de terem feito a ti todas as coisas que você me fez.
Posicione-se! Assuma o que quer! Fácil falar. Não é uma simples decisão a ser tomada de maneira irresponsável, não implica só em uma mudança de lar ou troca de companhia. Querer que me posicione é fácil mas ainda assim injusto. Injusto como tudo isso. Eu realmente não mereci. "Pare de se fazer de vítima". Então pare de me agredir.
Tão duro quanto um "vai a merda!" após um "você está bem?" é a ausência de vida em teu olhar. Como se hoje vivesse no automático, diz que todas as coisas tem relação com uma que é parte do problema mas não raiz.
O que quer de mim? Não sabe responder. Não vê nada em seu futuro. Tudo que quer é agir como der na telha, independente das consequências. Tudo que quer é destruir tudo para ver se renascendo das cinzas encontra na vida menos problemas ou se a aventura de por tudo abaixo te faz sentir mais viva. Talvez você não entenda, mas sou parte ainda do que te faz forte, mesmo que as vezes te machuque ao sentir as pancadas que você me dá, ao perder-me, perderá também parte do escudo que te permite agir desta maneira.
Sonhar pra que? No fim das contas não há como ter sonhos que dependam só de si e pessoas são todas iguais, mudam de ideia e põe tudo abaixo na metade do caminho.
Fodam-se todos!

domingo, 9 de outubro de 2016

Escolher, entender e agir

Todos dormem, menos ele. Ele lê, pensa, olha. Busca o entendimento. Ele busca aparar as últimas arestas restantes antes do início. Não, a leitura não tem relação com o objeto de análise, mas ajuda a mover as engrenagens mente.
Talvez tudo seja um sonho, talvez não exista realmente uma forma de agir menos danosa. Ele percebe a incessante busca pela comunicação, percebe o movimento de ausência, percebe o que está a sua volta.
Suas próprias necessidades tornam-se secundárias ante a urgência destes ajustes mentais. Ele ainda não se convenceu de que é tudo uma grande ilusão, tão habituado ao que costumava chamar de seu.
Sua ausência é nítida a um ponto que até mesmo ela consegue notar. Envolto no pensar ele continua a medir o tamanho do fosso que terá de saltar e o comprimento da vara que dispõe.
Depois de um tempo tudo fica obsoleto e os casais que sorriem em fotos passam a causar inveja. Não que não existam momentos bons, mas o ácido que hoje corroe uma estrutura tida um dia como modelo de muitos, começa a tocar os alicerces sem que a torneira por onde é despejado tenha sido fechada. Pois bem, se há avisos mas não há a ação é porque a queda do edifício faz parte do plano.
Mas ei! Quanta insegurança! Quanto receio! E por que falas nisto outra vez? Talvez àqueles que nunca tiveram tanto em jogo pareça passividade, permissividade ou apatia, mas é fato que não há como ser peremptório com suas vontades sem avaliar todos os impactos quando o cenário é cheio de inocentes brincando felizes em um campo minado.
Quem sabe hoje ele esteja mais preparado que nunca a fazer o que precisa ser feito. Talvez toda sua vida o tenha preparado para isto. Talvez a história só se repita porque ele ainda não aprendeu que há momentos onde é mister a virada da mesa.
Como entender tão incessante busca por feri-lo? Um deles estragou o dia dos pais, o outro seu aniversário. Ele deixará que haja um terceiro estragando o Natal?
O problema é a escolha, mas como ver além das escolhas que não se entende?
Ela sorri e diz que nada mudou, diz que provavelmente é o último caso, como se Hide fosse deixar, como se não tivesse dito isso antes. Ela diz que quer completar o ciclo como forma de buscar a si mesma e satisfazer àquele que esteve adormecido.
Ele a vê, entende sua dualidade, sabe que seu Jack e seu Hide o amam, mas que Hide quer vingança ante ao seu confinamento. Ele não tem relação com a briga pois, embora seja o motivo não é a razão do sofrimento de Hide, mesmo assim, Jack não nota que "ele" é o sacrifício que Hide o impõe, só notará tarde demais que, Hide ferido decidiu ferir a Jack matando a única coisa que sempre foi sua certeza. Sem forças, Jack permite que Hide o faça, que tome o controle para quem sabe encontrarem harmonia após a vingança.
As areias do tempo escorrendo chegam muito próximo ao fim de seu ciclo, o desfecho se apresenta ante aos olhos daqueles que acordados vêem a situação. Àqueles que dormem, surpreender-se-ão quando aquilo que já é anunciado for sacado a luz, quando a névoa ser dissipar.
Hide ri copiosamente, pois sabe o que está fazendo, sabe cada passo que dá e ele nunca dorme. Jack dormindo, ri junto tentando se amigar a Hide que acena de volta enquanto saboreia cada passo na direção de sua doce vingança.
Ele sabe que ninguém o impedirá, sabe que conseguirá, sabe o que causará mas a ele não importa. Tudo que ele quer é subjulgar Jack fazendo-o entender que é mais forte, mesmo que Jack não queria lutar.
Enquanto isto, no corpo ao lado, ele a observa. Ele busca uma luz que indique um ponto de retorno. Talvez seja tarde, parece que o hospedeiro foi completamente tomado. Hide é o único ali e quer liberdade.
Talvez amar seja isto, buscar entender cada necessidade de quem é objeto deste amor mesmo quando não há um retorno. Hide quer viver, Jack não se importa e ele não lutará contra eles, não será barreira.
A vida é feita de atitudes nem sempre descentes ante aos olhos dos outros, porém não nos cabe julgar quem tem a certeza de fazer o certo.
"Tu tens fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova".
Pensar por si mesmo é ser livre e não há nada tão sério quanto está dádiva. Quem é livre não pode fechar os olhos ou olhar pra trás sem um aprendizado para o futuro.
Uma escolha leva a outra e as consequências de todas trazem ao momento presente. O problema é a escolha. Mas nem sempre a questão é escolher. Na maioria das vezes a escolha é feita já nos primeiros instantes. O tempo que leva até a ação está diretamente relacionado ao período que se leva para entender a primeira escolha.
Escolher, entender e então agir.
That's it.

Encarar uma dura realidade ou continuar vivendo um sonho fútil? O que vocês escolheriam ?

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Segue o jogo

Algumas fazes da vida são tão complexas que são capazes de nutrir um enorme crescimento pessoal em meio aos sentimentos fortes que despertam. São momentos de dor e aprendizado que te tornam mais produtivo, criativo, forte e introspectivo. Em geral, são estas ocasiões capazes de te fazer gerar boas reflexões dignas de serem compartilhadas com o mundo, bastando apenas que se saiba aparar os espinhos dos impulsos aflorados racionalizando de maneira plana os fatos e acontecimentos vividos.
Olhar por um outro prisma, conversar, ou quem sabe só comer um pastel fora de casa em plena quinta-feira fria e chuvosa já sejam capazes de te tirar do problema por alguns instantes, mostrando o quão obvias as coisas podem ser para aqueles que olham de fora.
Então por que se martirizar? Por que sofrer por coisas inevitáveis sendo que independente do que se faça os resultados sempre irão culminar naquilo que já foi preestabelecido por esta força macro que age nos bastidores da vida. O que é pra ser simplesmente acontece!
Quando você se esvazia do sentir e confronta alguém olhos nos olhos com o problema visto de outra forma, as perguntas feitas tornam-se muito mais objetivas e capazes de levar a respostas alentadoras, verdadeiras e satisfatórias. Quando se perde o medo de perder e se percebe que mesmo com tudo que ocorre ainda se está em pé, cada passo pode ser muito melhor calculado e cada aposta passa a ser somente uma consequência do caminhar, de seguir o fluxo.
Erguer a cabeça, deixar de sofrer, andar sem medo. Estas coisas realmente são capazes de mudar tudo, de transformar perda em ganho te levando a um patamar mais elevado onde nada realmente importa porque de qualquer forma se está bem.
Pode-se perder a compostura as vezes, pode-se explodir em fúria em alguns momentos, mas continuar caminhando, crendo que coisas melhores estão por vir tem a capacidade de te manter vivo e firme. Algumas coisas podem roubar tua paz e segurança, mas tudo que pode ser roubado pode ser reposto bastando apenas que se saiba onde encontrar o que foi perdido. Talvez o único erro não compreendido seja o embasar paz e segurança nas coisas erradas, naquilo que não depende só de si.
A vida sempre continua, nenhuma perda é para sempre e, mesmo quando tudo parece doer demais, olhando para o passado entende-se que até os piores momentos hoje não passam de uma vaga lembrança.
Talvez o maior aprendizado em tantas pancadas seja exatamente este, de que a vida nunca para aconteça o que acontecer.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Forgot or forgive

And if you ask me what i will do now, how can i speak about something i don't understand?
How can i know what is going happening in a future what not depends only of me?
If can i knowing the rocks way, i would already be.
So why you charging me?
Why we can't be happy like the old times?
The love inside of us is dying and you are just wanting to kill him more.
Forgot or forgive?
Doesn't mader
I give up of you.

Maibe

A chuva cai, o frio envolve, a alma sente. Mais uma vez hoje ele almoça sozinho. Mais uma vez a escolha foi pelo tempo com outro.
Nem sempre o que se vê é o que se quer. E por quanto tempo alguém é capaz de viver infeliz só para não causar infelicidade? Por quanto tempo se pode viver ao lado de alguém que não se importa com o que você pensa desde que faça o que quer?
Deixar de pensar tanto nos impactos das ações e passar a pensar mais no que é importante para si, talvez seja o divisor de águas numa vida. Sim, há muito em jogo e não se trata só dele mesmo, mas ele precisa tomar uma atitude pois, da forma que está em pouco tempo é ele quem precisará de tratamento.
A paz que ele sempre procurou hoje reside em outros braços, braços estes distantes demais para lhe aliviar as dores do dia a dia e também ocupados com enormes problemas causados pelo se importar demais. Um anjo ferido.
Ele já não encontra mais alento em casa, cada vez mais só, ele tenta se manter de pé e manter a aparência de normalidade em um lar destruído. Ele não quer que inocentes sofram por necessidades dele, mas cada dia fica mais claro o quão insustentável é continuar com tudo da maneira que está. Ele já não sente quase nada, mas não quer odiá-la e neste ponto se torna cada vez mais urgente o afastamento definitivo para manter o que resta de consideração entre os dois.
Por que tudo tem que ser tão complicado?
Tanto orgulho em magoar, tanto prazer na perda de importância. ELE PRECISA SE LIBERTAR. Ele tem que gritar com força a plenos pulmões que não vai mais aturar isto.
Há pessoas que explodem por qualquer coisa, há pessoas que explodem após alguns acúmulos e há aqueles que guardam tudo para si, esperando que uma hora o agressor entenda que já foi demais. Estes quando explodem são devastadores. Ele perdeu parte dos cabelos a última vez que demorou demais a explodir e em verdade não chegou a tal porque se afastou a tempo, desta vez, no limite das forças, o que está em jogo é sua saúde pois já sente dores incomuns em si. E ele não vai aturar pra sempre.
Se se afasta agora evita o ódio, se fica mais tempo como o planejado esperando o fim da agressão, provavelmente verá despedaçar-se tudo que um dia os uniu.
Ele não entende como alguém pode dizer que ama e mostram em atitudes que não se importa.
Ela não percebe porque não olha para ele, mas cada dia mais cresce nele o desejo do fim.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Quando é pra ser

Tem aqueles momentos na vida em que é necessário agir mesmo estando de mãos atadas. Estes momentos ocorrem sempre que há muito a perder. Mas como saber se o que se tem a perder não é um objetivo perdido? A leitura dos fatos indica um gradual distanciamento evidenciando a existência de um fator não calculado que pode por tudo abaixo.
Como objetivar algo que depende de mais do que só a própria vontade? Como ansiar algo novo quando se está preso ao velho? Como exigir que alguém te espere?
Talvez tudo esteja distante demais para mim, talvez querer não seja mesmo poder ou eu tenha superestimado algo baseado em convicções passadas.
Como permanecer preso a algo que não te dá o que você precisa? Há tantas dúvidas no ar e tantas ações são necessárias para tanto que chega a parecer impossível. O que ele quer precisa de muita vontade e tem uma enorme chance de nunca ser concretizado mesmo que ele faça o que precisa ser feito.
Então por que ele não quer ser racional? Por que ele não quer esperar o tempo necessário e pensa em agir antes do fim da ampulheta? Por que ele não quer simplesmente seguir o fluxo? Porque para ele sua vida não pode e não será comandada por outros, é ele quem manda nela e decide suas ações. Ele não se deixará dominar por fatos ou ações de terceiros sendo ele senhor de sua vida, mas por se deixar prender, agora precisa esperar até que os grilhões sejam quebrados.
Ele sabe que ela tem pressa, sabe o que ela precisa e sente em si que deveria ser mais presente, mas mesmo para adiantar fatos ainda precisa pensar os impactos.
Quando algo tem que acontecer, Deus abre as portas.

domingo, 2 de outubro de 2016

O balanço do tempo

Ele a viu como há muito não via. Deslumbrante como nunca, doce como sempre porém longe, distante pela barreira do tempo, das coisas que sucederam, da sujeira acumulada em seu coração e ante aos olhos atentos daqueles que não compreenderiam nem que se explicasse arduamente.
Ele teve vontade de abraça-la dizendo que tudo não passara de um grande pesadelo e que agora as coisas ficariam bem, mas talvez ela não acreditasse. Teve vontade de tocar-lhe suavemente o rosto acariciando, de cuidar de seus problemas, de lhe mostrar que tudo tinha solução.
Ele percebeu também que algumas ligações permanecem eternas independente dos fatos e que, um toque de mãos num simples auxílio lhe transmitia a energia que só se sente quando há uma forte ligação com alguém, mesmo que ela nem soubesse porque ou quem ele realmente era. Então se sentiu de volta aquele corredor, de braços abertos e olhos atentos tentando permitir que ela seguisse seu caminho e evitar que uma queda a machucasse.
Ao tocar suas mãos, lembrou-se de quem estava ao seu lado, lembrou-se do valor inigualável que tem alguém com um perfil único e uma forma inigualável de amar. Ele sentiu seu coração bater mais forte.
Ele ficou pensativo, introspectivo, tentando entender e assimilar tudo que sentiu, tentando imaginar uma forma de lhe fazer feliz, de afastar as tempestades e tomar com firmeza sua mão para juntos enfrentarem o que quer que viesse.
Tantos problemas, tantas dúvidas. Um milhão de coisas impossíveis de se prever o resultado, vários pontos com os quais se preocupar. Uma janela muito estreita se apresenta a sua frente, uma pequena oportunidade de fazer diferente, de não deixa-la mais escapar. Para isto ele precisa atuar de outra maneira, ser alguém mais forte e deixar de se importar tanto com aquilo que é irrelevante. Está visão lhe trouxe uma felicidade intocável, como que uma armadura, agora nada mais o poderia ferir.
Ele teve vontade de estender este momento para sempre, mas o tempo corre rápido e escorre como areia nas mãos. Ficamos só com uns pequenos grãos que conseguimos agarrar mas rapidamente tudo se esvai.
Ele quer sentir o que sentiu e ver o que viu por todo o tempo que for possível, mas para isto precisa estar aberto as oportunidades que a vida lhe der.
Fazer diferente, caminhar, equilibrar a equação e tornar tudo possível. Talvez o tempo seja curto, mas ele não se permitirá temer. Pelo visto o amor é mesmo um velho teimoso em uma cadeira de balanço.

domingo, 25 de setembro de 2016

Para onde

Tentar, tentar e tentar.
Quantas vezes mais será necessário recomeçar do zero? Quanto tempo mais é possível viver sendo atropelado pela fatos?
Não é doce o que acontece, não é bom o futuro que se vislumbra cheio de incertezas e com certezas de coisas ruins. Como se livrar da mágoa e da dor para poder seguir em frente? Como perdoar alguém que não vê erro em suas atitudes? Pois se não vê erro tende a repeti-las e neste sentido o perdão deve ser posterior e prévio. Como entender que a distância e a auto negação estão se tornando uma regra onde dia após dia será necessário engolir mais um sapo para permanecer ao lado de quem se ama? E se não for amor? Se for só costume ou medo? E se tudo isso não fizer sentido? Termina um caso começa outro e assim, cada dia mais, o que deveria ser alegria se torna tristeza e fúria.
Depois de um tempo vem a anestesia, parece que não dói mais. Parece que nada importa mais. É quando um plano para o final do ano, uma iminência de visita boa, um planejamento futuro te fazem sentir dor ao invés de prazer. Estarei aqui quando isso ocorrer? Quanto tempo ainda sou capaz de suportar tudo isto? Deus sabe meus motivos e tudo que se passa em minha cabeça, mas seria justo despejar isto mundo?
Quando alguém que sempre foi sereno se vê acuado, vituperado e pressionado e assim, numa noite ruim encontra a saída e tem a faca e o queijo nas mãos, a tentação de utiliza-los se torna quase uma companheira de corpo. Por que então ele simplesmente não faz o que tem que ser feito? Por que ele não quer ferir a quem o fere de morte? Por que ele tenta tanto se agarrar ao que aparentemente não tem futuro?
Seriam as coisas conquistadas? Seriam as pessoas envolvidas? Seria aquilo que não pode ir com ele ou a comodidade de não ter mais que recomeçar? Ele conhece aquela estrada, sabe onde vai dar. Assim também conhece cada detalhe da estrada que está trilhando e, embora não tenha contado a ninguém ou parte seja constantemente rechaçada por quem detém as informações, ele sabe que até o momento tudo correr exatamente como aquilo que ele já conhece e que não houveram previsões erradas mesmo tendo ele vociferado outras previsões, mais amenas e que não se confirmaram, para não ter que explicar os medos que ele mesmo não entende.
Ele sofre pelo que já perdeu, sofre pelo que ainda não perdeu mas perderá, sofre pela visão de estar novamente com uma mala de trapos a beira de uma estrada pensando em como recomeçar. Ele sofre pelo valor que sabe que tem e pelo valor que não lhe dão, sofre pelo erro e pelo possível sofrimento alheio. Ele sofre porque sabe que precisa abrir o paraquedas ou a aza delta mas ainda não entende qual dos dois fará doer menos. Ele sofre porque sabe que ficar é permanecer vendo um filme que ele não quer encontrando-se com dores que não esperava mais viver e também porque partir é dar de cara com fantasmas que ele sempre soube que estavam a sua espreita mas que não lembrava mais como eram.
Sozinho no mundo, nem conversar ele pode. Não quer ser prisão para ninguém, não quer ao seu lado ninguém que não queria estar, mas não pode viver com o que lhe é oferecido.
Novamente o mesmo impasse, novamente a vida lhe põe contra a parede para que ele tome uma atitude, para que ele escolha. Contentar-se-a com a não escolha mais uma vez? Será que não é este o motivo pelo qual este martírio se repete a cada ciclo? Ou será que ele realmente não nasceu para ser de um único alguém? Será que seu destino é ficar por um período determinado de tempo na vida das pessoas e então partir? Será que ele é mesmo um anjo? Se for, por quê tudo dói tanto?
Ele está ávido por entender as nuances daquilo que o cerca porém, mais uma vez está paralisado pelo medo de se precipitar ou de cometer uma injustiça. Mais uma vez não quer dar o passo definitivo embora a emoção implore a ele.
Quando lhe é permitido falar sobre, o faz desenfreadamente buscando qualquer coisa a que se agarrar que lhe faça finalmente subjugar o instinto de agir, mas são tão poucas oportunidades em janelas que se fecham tão depressa.
Partir ou ficar? Ele realmente não sabe.
E agora José? Para onde?

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Mais do mesmo

É um calor que corre o peito, um vazio de sentir-se roubado, de compreender a magnitude e o absurdo daquilo que o ronda. Tantas vezes lhe disseram que as pessoas eram más, tantas vezes ele disse não ser isso uma condição humana e sim um momento peculiar onde o que importava era a busca por "aquele alguém" que lhe mostrasse a verdadeira face do amor.
Ele percebe agora que buscou toda uma vida uma ilusão inalcançável pois ao ver a felicidade como algo a ser saboreado a dois, não entendeu que isto demandava também o desejo de alguém que não ele e que seres humanos são assim, mesquinhos e egoístas por natureza. Se julgam superiores, a todos julgam mas não permitem que o julgamento alheio caia sobre si.
Percebe quantas escolas erradas fez por querer acreditar em pessoas que lhe provaram não ser dignas de confiança. 70x7, ele perdoou só 21. Agora, vê a continuidade de uma história que jurou não mais viver diante de si. Vê as garantias propostas junto ao absurdo de vida que foi condicionante para seguimento serem postas por terra. Já não importa mais. Entende as constantes recusas dos últimos tempos, os sumissos inexplicados e a felicidade repentina. Tornou-se coadjuvante onde era protagonista. Pra que então continuar? Nem ele sabe.
Compelido a desistir ante as mentiras que estava certo não haveriam, ante ao fator indigesto de tudo que se apresentou diante dele, só consegue pensar no que deveria ter feito de diferente. Só consegue pensar que tudo deveria ter sido abortado naquele primeiro momento de cheque. Deseja ardentemente ser amado, ser desejado, ser visto como mais que um enfeite. Quer ser respeitado e entendido coisa que já sabe, não terá de ninguém.
Em meio a todo este retrocesso de um passado que ele considerava superado, em meio a toda esta destruição de seu próprio ser e de absolutamente tudo que ele considerava ter construído de sólido nos últimos tempos, só lhe resta a solidão, a certeza da impossibilidade, a percepção da necessidade de ação e a estagnação que o faz sentir ainda menos homem.
Se ele não for capaz de agir vera sua vida tomada assalto por quem não se importa com seus anseios, quem não consegue olhar para ele com empatia. Ou ele pensa em si ou ninguém o fará por ele. Justo ele que sempre acreditou que o amor e a entrega geravam a reciprocidade e que na vida a dois um cuida do outro.
O fim parece deixar de ser uma questão de se, e ele observa o horizonte tentando entender o quando, já que para ele cada passo precisa ser antecipadamente planejado. Ou ele vive ou morre, mas como viver sem entender o cenário num deserto tão morto?

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Pra que?

É lamentável. É lastimável. O que é mais corrosivo? A briga intensa de uma noite ou os pequenos socos no estômago do dia a dia?
Tem aqueles momentos na vida em que se é confrontado com a própria insignificância, e não por autopiedade mas por uma constatação fatídica irrefutável. Como quando você passa meses com barba e um dia a retira e vai trabalhar normalmente sem que absolutamente ninguém perceba qualquer mudança.
As pessoas costumam viver indicando uma independência em relação aos outros. Somos condicionados a crer que somos bons e que nossas escolhas são imponentes, mais bem pensadas e acertadas que aqueles a quem criticados. Beira ao estranho notar que a insignificância incomoda principalmente à alguém que exibe no peito a certeza lidar bem com a solidão.
Se eu sumisse do mundo, que de mim faria falta a quem? Provavelmente a ausência da presença seria sentia por um curto período de tempo, a ausência mais duradoura seria principalmente a de ações, quase como se estragasse uma máquina, algo facilmente reparável com a compra de uma nova.
Ver. Uma postura aqui, uma omissão ali, um abraço negado, um comentário alheio em uma postagem que mostra mais intimidade com o ser amado do que você, um trecho lido sem intenção ao passar perto que demonstra mais abertura com outro que contigo. É quando você é confrontado com a realidade de ser descartável que começa a se perguntar o por quê de tanta luta. É porque ou por que?
São os pequenos detalhes que minam a autoconfiança e a fé. Pra que eu sirvo? Qual minha real função no mundo? Será que sou só um pai meia boca e um funcionário pouco importante? "Quando é que ele volta de férias? Cheio de coisa pra passar pra ele". Só que eu estou aqui. Então pra que eu sirvo?
Sem importância em casa, despercebido no visual, substituível no trabalho. Só mais um fracassado.
Como voltar a sorrir ante a tanta coisa junta? Como não entender o que é claro? Aquele que nunca toma decisões precipitadas começa a caminhar a passos lerdos, com entendimento de que a não escolha, sua escolha comum, desta vez irá leva-lo a morte. E ele já sente o seu gosto após um breve período de felicidade em uma vida plena. Sente medo, como em outros momentos em que não querendo precisou se mover.
Não se é feliz, felicidade é um estado. Assim também não se é triste, mas é muito mais difícil sair deste estado. Ele precisa se sentir vivo, se sentir importante, talvez não exija tanto ... Mas ele não vive se não for ao menos necessário. Não uma frase de "você é importante" mas uma atitude de "sem você isto seria impossível".
É curioso a devastação que sente em si, não tem mais forças pra lutar, não consegue mais vociferar o que sente, passa o tempo todo com sensação de choro, mas nem isto ele sabe fazer.
Precisa desesperadamente achar o seu lugar no mundo. Precisa sentir que não está só. Precisa de um lugar onde descansar, um recanto de paz. Não pode reclamar, não tem com quem se abrir, não consegue projetar o amanhã. Precisa sentir que está vivo, que faz alguma diferença para alguém, precisa entender onde ir e o que fazer. Do jeito que vive não durará muito tempo. Lutar todo o tempo por conquistas perdidas ao mesmo tempo tentando o obter novas. Então, pra que viver?

sábado, 10 de setembro de 2016

Os bêbados e o equilibrista

E fica tudo assim, meio certo meio errado. As vezes toda sujeita sai de uma vez debaixo do tapete e demora até que se encontre uma forma de limpa-la totalmente.
Quantas vezes o que vem a cabeça é a ideia de se desfazer de tudo e tentar um novo começo? Mas ele já está cansado de recomeçar, sente que cada vez é mais difícil e mais dispendioso iniciar um novo movimento e agora há muito mais o que pensar.
O que ele sente agora, de tão corriqueiro já chama pelo apelido. Já não crê mais que alguém no mundo seja diferente então nada muda independente do cuidado na construção. Sempre os mesmos problemas, sempre as mesmas pedras, aquilo que ele conhece tão bem.
Se sente distante, só e incompreendido, se sente vituperado, vilipendiado e cansado. Sente que não tem mais forças pra lutar contra o destino, se é isto que ele tem que viver será senhor da correnteza, dominará a maré.
Ele atravessou um deserto com a promessa de um lugar melhor e agora só encontra uma terra infértil e salgada onde morrem os sonhos.
Verdade que fora avisado a retornar antes, mas não via motivo para deixar a caravana apesar dos avisos. Hoje, com pesar entende que deveria ter ido quando lhe deram a ordem, assim ainda acreditaria que fosse possível.
Agora não faz mais diferença ir ou ficar, ele já não tem mais esperanças de um novo amanhã, ele não crê que uma decisão sua mude algo. Mudar a estrutura novamente com muito esforço para se deparar novamente com os mesmos problemas não é algo que ele fará ou que ele suportaria. É quase como um carro com defeitos, ele sabe que reparos tem que fazer neste, mas troca-lo implica em adquirir um com outros problemas que ele nem imagina a extensão.
Como guerreiro, ele está agora vestindo a armadura e preparando arsenais para lutar uma batalha da qual ele sempre fugiu, lutar contra si mesmo para se adequar ao padrão do mundo em que vive, não o que deveria ter nascido. Ele sabe bem a doença desta geração e sabe que só será feliz aceitando que nunca encontrará alguém que não sofra deste mal.
No fim, todos os seres humanos são assim, talvez tenham nascido doentes, talvez tenham adoecido no caminho, certo é que se ele não adoecer também nunca terá uma vida plena.
Sente-se como alguém sóbrio em uma mesa de bêbados, ou se levanta e vai embora, ou bebê para nivelar-se aos outros que perdidos acreditam ter se encontrado. O grande problema é que está mesa é o mundo e não há uma maneira fácil de levantar-se e ir embora. O jeito parece ser mesmo aceitar a bebida e ver no que dá. Ocupar-se de viver ou ocupar-se de morrer.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

The dream

E tudo isto pra que? Ele nem sabe mais há quanto tempo não se sente realmente amado, só segue.
Quantas vezes você já parou para reparar em tudo sem entender porque tanto esforço? A gente sempre segue, a gente sempre busca uma forma de entender, mas aos poucos parece que nada mais faz sentido, como se as forças fossem indo embora e parecesse que você só é importante para si próprio.
Quantas vezes você já quis um abraço apertado no meio da tarde ou um olhar diferente de alguém. As vezes realmente não importa quem, desde que te faça sentir que é mais que o pilar que sustenta uma casa.
Ser pai é um ofício de tempo integral, ser marido é uma jornada desafiadora ainda mais quando combinada a paternidade. Como não deixar faltar nada a ninguém? E o que te faria sentir-se reconhecido? É quase como se tudo que se faz fosse só uma maneira de ser uma engrenagem que com o tempo desgasta e é finalmente substituída por outra que faça a mesma função.
E esta tua síndrome de super homem? És mesmo tão necessário quanto pensas ou só mais uma peça descartável neste tabuleiro?
A vida sempre encontra um jeito, nem sempre o melhor para todos mas ainda assim é um jeito. E se você deixasse tudo desabar? Finalmente alguém te diria com sinceridade que você é importante ou o jeito da vida seria o suficiente?
Amar ao próximo é uma tarefa árdua que alguns tentam cumprir geralmente sem sucesso. Na maioria das vezes saem com as mãos calejadas e o coração cansado de esmurrar uma parede intransponível de seres caminhando na direção contrária. Talvez, teu altruísmo seja só uma forma diferente de egoísmo e tudo que você acreditou ser desprendimento e bondade seja apenas ansea de ser reconhecido e amado.
Quem é capaz de entender o que se passa em tua mente? Ninguém nem mesmo busca olhar além do teu silêncio. Ninguém quer ler o enorme texto escrito em teu olhar silencioso.
Quando tudo pelo que se luta perde o sentido, que sentido dar a uma vida que não sabe o que valorizar? Talvez o amor seja mesmo egoísta, ou talvez seja somente uma forma de se sentir seguro com alguém ao seu lado. Como então seguir acreditando quando não se sabe em que pedras pisar? Como dar passos firmes quando a neblina não te deixa ver muito além do que está perto?
Que aventura é esta do viver, onde as certezas que se tem mudam a todo instante e grande parte de teus anseios não dependem só de ti. Talvez a única forma ser feliz seja não pensando sobre o futuro, mas que sentido teria? E como eu faria?
Entender o passado, aceitar o presente e molhar um futuro de sonhos egoístas. Mas que sonhos podem ser sonhados que não dependam de outro alguém ao seu lado? E que tipo de vida seria esta?
Talvez não existam respostas a estas perguntas mas seguir perguntando é uma forma de manter-se vivo e são. Então, talvez um dia as perguntas se tornem mais leves, o sorriso mais fácil e a vida mais simples sem medo de te errado ou de não entender o caminho.
Até lá, existe a barriga que tudo empurra e leva as rupturas e decisões para quando se torne mais simples entender o que se sente e o que se quer.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

A mariposa

Hipócrita, dono da verdade, insuportável, chato, insosso, fraco, sem ambição, pobre, infantil. Todas estas acusações vindas de alguém a quem se dedica amor unicamente por uma encruzilhada de diferentes visões de mundo. Sou hipócrita por concordar com vontades mesmo entendendo que muito se tem a perder quando saem da esfera do pensamento? Ou será que sou hipócrita por ser humano e em determinados momentos sentir o sangue correndo nas veias? Quem sabe eu seja hipócrita por aceitar o que ninguém aceitaria, ou por dizer a verdade. Ou talvez minha hipocrisia tenha relação direta com minha revolta com esta merda de vida que somos obrigados a levar.
Hipocrisia é ignorar os riscos das decisões e não aceitar que tudo tem uma consequência, é colocar sua vontade acima de todos e não reconhecer o esforço de quem com o coração partido mantém o mundo nas costas pra que uma aventura irresponsável seja possível. Hipocrisia é saber que está doente e não buscar tratamento porque no fim das contas quem sofre são os outros. É reclamar que não sabe sobre o outro e gritar quando ele fala de si.
Hipocrisia é um poderoso corrosivo do qual ninguém pode me acusar de aplicar, afinal, não pedi pra entrar nesta, não se pode cobrar que eu aceite isto feliz.
Hipocrisia é não querer mudar uma vírgula em si mas querer que eu mude completamente quem sou pra melhor me adequar a este novo ser no qual ainda busco uma única qualidade que justifique o esforço.
Soberba, tirania, psicopatia, manipulação, autodestruição. Qual destas qualidades o torna melhor que aquele a quem substituiu?
Se precisa mesmo que viva, mas não há como pedir que alguém o veja como mais que um zero a esquerda. Se todos tentam o tempo todo se melhorar, eis o único ser que quer e se orgulha de se destruir e é hábil em se tornar pior. Quer a admiração de todos simplesmente por ter coragem de se tornar abominável, de jogar para o alto tudo que foi construído.
Ser de palavras ríspidas, pensamentos execráveis, atitudes frias e repugnantes e postura enojante. Se vê como o mais belo dos cisnes e na verdade não passa de uma lagarta rastejante que talvez forme um casulo se tornando uma borboleta ou talvez se torne somente uma insossa mariposa.
É uma grande perda visto o potencial que havia em seu hospedeiro. Uma grande perda para humanidade, para o hospedeiro e para todos a sua volta.
Agora só um doente jogado ao chão, aguardando o próprio fim. Aguarda pela piedade alheia orgulhoso de sua miséria esperando ardentemente que todos o felicitem por ter finalmente se tornado ninguém.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A chama do amor

Para ama-la e respeita-la me fiz saúde quando ela foi doença e assim, durante muito tempo fomos ricos da verdadeira riqueza. Estar ao lado de alguém é também ter estômago para suportar coisas inimagináveis por saber que talvez seja a cura da alma ferida de quem se quer bem.
O amor não é cegueira, ele tudo suporta e mesmo vendo, ele não se ensoberbece quando dele se espera a nobreza da auto reclusão, ele não enfrenta quando o outro precisa de compreensão. Mas como saber quando o enfrentamento passa também a ser um ato de amor?
Proteger alguém de si mesmo é a mais árdua tarefa daqueles que amam. O mundo se vê satisfeito quando alguém se destrói e é então reduzido a só mais um infeliz perdido adequado aos seus moldes de auto piedade e irresponsabilidade inerente aqueles que buscam ser livres sem entender o verdadeiro significado da palavra. Este parece ser o padrão imposto.
Conhecer o amor é talvez o único e verdadeiro escudo daqueles que buscam ser luz. Mas como reconhecer, mesmo que diante de si, algo que só se ouviu falar?
Quantas vezes somos incompreendidos ao tentar proteger aqueles que amamos? Qual a melhor abordagem para que se seja escutado? Amor é também uma vida de mãos e neste ponto cabe indagar quanto tempo alguém é capaz de suportar a doação unilateral mesmo quando é nítido o amor bilateral?
"Se ela não respeita não te ama mais ou te ama menos e neste ponto os dois são muito ruins". É o que se ouve. Seria isto?
Amar é servir, é ser base para algo maior, para o crescimento e para a felicidade do outro. Amar é continuar acreditando quando todos já desistiram, é olhar pra si buscando forças mesmo quando não se vê, para percorrer um pouco mais o caminho que se acredita. Amar é é guardar sua dor e seus problemas dentro de si como forma de parecer forte para encarar os dragões que afligem a pessoa amada. Amar, é não se permitir dormir sem ter uma solução que faça quem se ama feliz.
Este fogo que arde dentro de nós é também a centelha divina que nos faz entender do que Deus é feito e que somos parte dele, nos faz olhar para o outro com o carinho e o respeito que sentimos por nós, com a ânsia de ver o sucesso nele, com a felicidade no olhar de saber que ali, diante de nós está um ser humano perfeito, único, moldado em cada detalhe por Deus mesmo e cuja felicidade é também a nossa.
Não há para mim como imaginar a infelicidade de uma vida sem amor, mas pode-se compreender a tristeza daqueles que o perderam pelo caminho sem saber que o haviam conhecido.
Amor não é possuir alguém, é doar-se a si mesmo esperando que seja suficiente para a completa felicidade daquele ser que dentre tantos deixou uma tatuagem personalizada em sua alma. Amar é compreender as mudanças, é estar pronto a ser apaixonar mais uma vez. Amor não é fidelidade mas ele te faz pensar a cada passo em como o outro se sentiria. Amar não é desejar carnalmente um único alguém, mas é entender que uma única carne se encaixa perfeitamente em si e que  todas as outras teriam a falta de um ingrediente único, uma liga que só a pessoa amada pode te dar.
Amar não é nunca discutir, mas é saber mesmo em meio as brigas que se está diante de alguém insubstituível, é pensar cada detalhe como forma de gerar a harmonia.
Talvez eu só entenda parte do que representa amar, mas assim como todo o ser, também estou na busca constante de me aperfeiçoar, de conhecer. O amor está presente em casa criatura que existe neste mundo, até na brisa se pode encontra-lo. Quando um anjo te visita, percebe-se que o material que o compõe é o amor, e quando se sente a presença de Deus, você transborda de amor.
Talvez eu tenha minha maneira romântica de ver o mundo, mas se o mundo for mesmo parecido com o que vejo eu prefiro acreditar no mundo meu jeito. Se é mesmo necessário se corromper, se é mesmo imprescindível se trancar o coração a sete chaves, talvez nada disto valha a pena e talvez então não exista um sentido.
A única maneira de mudar o mundo é sendo luz pois, quando as pessoas pensam em mudar esbarram sempre na premissa de que seriam os únicos fazendo o bem. Pois bem, se você for luz, aqueles que desejam ser encontrarão em ti um par. Você sofrerá, mas talvez mude alguém, nem que uma única vida.
Se você pudesse vislumbrar o que vejo, entenderia a razão de tudo, veria que a existência deste mundo está diretamente ligada ao amor, veria que a vida só se mantém por causa dele que ele está em sua essência.
A luta não é simples, são anos em que o amor vem sendo constantemente vituperado, maltratado e assinado toda vez que uma nova fagulha se acende. E assim, por muito tempo o mundo não tem custo sua chama brilhar. O que o mundo ganha com isso? Eu não sei, mas entender e conhecer o amor me faz ver com clareza que, ainda que a jornada seja árdua, ainda que somente no final de tudo, eu ei de perceber que, valeu a pena não me deixar apagar.

sábado, 3 de setembro de 2016

Fechar os olhos

Fechar os olhos para entender.
Fechar os olhos para viajar pra longe.
Fechar os olhos para reviver um momento distante no passado.
Fechar os olhos para ver dentro si buscando encontrar aquele que se perdeu.
Fechar os olhos como forma de melhor falar com Deus.
Fechar os olhos é também uma forma de não pensar, ou de ouvir mais alto seus pensamentos. É ver as imagens do passado e também do futuro projetadas diante de si.
Que coisa mais emblemática é esta de se ter uma ação que é ao mesmo tempo um start para o dormir e para o acordar.
Porque fechar os olhos é sempre uma forma de busca. Crescemos e deixamos de crer que nos tornamos invisíveis quando o fazemos, mas quando fechamos os olhos como adultos, por vezes esperamos sumir, ou não ser vistos, ou não ver.
Todo o sonho incessantemente buscado, todo anseio vociferado, toda dor suportada, todo o plano traçado tem sempre em maior ou menor grau a participação de um momento onde os olhos foram fechados.
As vezes é necessário imergir dentro de si fechando as janelas da alma para ressurgir fortalecido. Lágrimas são importantes mas talvez não exista uma melhor forma de se entender ou de esquecer do que fechando os olhos.

Fecho meus olhos para dormir, para não ver e também para enxergar com clareza.
E você?
Já fechou seus olhos hoje?

Isto importa?

Conforme o tempo passa, novos e maiores desafios são colocados diante daqueles que ousam sonhar com a grandeza. Verdade que alguns lutam por ela e outros a tem imposta a si.
Quando pensamos sobre o que podemos ter ou sobre o que não podemos ter, nunca questionamos se pra que tenhamos tudo alguém não abriu mão de parte. Então o que é o certo? De certa forma não se pode viver em função do outro, entretanto, como seres sociáveis também seria impossível vivermos em uma ilha sem olhar para os lados e para os anseios e esperanças em nós depositados.
Como equilibrar a balança de uma vida sedenta pela aventura com a solidez de uns relação a dois? E como equilibrar tudo isto com um orçamento limitado?
Não se importar com o outro pode ser fatal. Quando o outro sente que não há mais interesse em si, que está vivendo só, se doando a toa por alguém que não se importa se ele está ou não ao seu lado, passa também a ansiar um novo horizonte de melhor sorte, onde possa ser valorizado simplesmente por ser quem é, onde impere o respeito e o carinho e onde ele é verdadeiramente compreendido.
Como sobrevive uma relação onde se dorme separado numa mesma cama, onde não há um abraço matinal de bom dia nem se pode ser quem é?
Saber o que esperar dos outros é a chave pra evitar decepções e pra se manter relações duradouras mas, em dados momentos uma relação à dois é também saber lidar com as mudanças do parceiro que se escolheu para uma vida.
Ninguém permanece o mesmo para sempre, somos seres mutáveis que escolhem ser melhores ou piores com o passar dos dias e, neste ponto é necessário entender que a gente não vive uma vida inteira ao lado da pessoa com quem casou.
O segredo talvez esteja em, por mais difícil que pareça, se habituar com as mudanças e tentar apaixonar-se por este novo ser que se apresenta a sua frente. Nem sempre isto é suficiente pois quando as pessoas mudam, mudam também seus anseios e por vezes seus nortes, e quando isto acontece também quem mudou precisa novamente apaixonar-se por aquele que aceita a mudança.
Uma relação à dois não é nada fácil. Só sobrevive quando há nela muito amor. Verdade que muitos fatores pesam na decisão de permanecer ou não ao lado de alguém, verdade que em dados momentos ambos olharão para fora com vontade de viver o novo, o que com o tempo só gera mais distância, mas saber estancar as sangrias e reescrever a própria história pode ser a diferença entre permanecer ao lado de alguém ou perde-lo para sempre. A questão que se coloca é: "quanto isto realmente importa pra você?"

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Ao que se quebrou

Caiu. Quebrou. Ele juntou os cacos e os colou o melhor que pode, mas ficaram marcas. As marcas de um incidente inesperado e sem sentido que colocaram tudo a perder. Mas por que ele não usou uma vassoura e colocou tudo no lixo? Por quê não comprou um produto novo livre da ação do tempo e das marcas de incidentes. Talvez, o que quebrou tenha valor inestimável, talvez ele nunca tenha visto similar no mercado.
Ele acredita tanto no valor único daquilo que foi destruído que está agora debruçado sobre os cacos tentando entender se a recuperação é possível, se ainda pode seguir como antes, se a água não vai  escorrer por entre os espaços que ficaram. Ele tinha um orgulho quase infantil do que tinha nas mãos. Talvez, tamanha idolatria tenha sido a razão daquela queda pois, na ânsia de proteger seu precioso objeto acabou esbarrando nele.
Certo é que nunca mais será um objeto exposto em sua estante, nem terá mais o destaque que obtinha ante aos seus visitantes. Agora, só uma peça de louça cheia de ranhuras em seu entorno, ele precisa encontrar um novo objetivo, uma nova razão para manter próximo a si o objeto quebrado.
Então ... por que ele empenhasse tanto no reparo? Nem ele sabe ao certo. O realiza em meio a lágrimas que escorrem de seu rosto e embargam sua garganta. Se perguntarem para ele ele dirá que ainda não está pronto pra joga-lo fora. Dirá que sua queda fôra uma surpresa num momento em que a felicidade era plena e em que tudo corria bem. Ele só sabe que não pode jogar fora agora e que, mesmo quebrado, parece ainda ter muito valor.
Talvez um dia ele descubra uma nova função ou consiga finalmente libertar-se permitindo que algum outro, que já conheceu o objeto quebrado se sinta feliz em te-lo. Ele segue colando os pedaços, espera que tudo fique bem e que ao final do reparo ele se esqueça que um dia deixou cair seu mais preciso bem. Nele, só restam a decepção e a tristeza. O inesperado dói, mas ele sabe que se houver conserto ele descobrirá uma forma.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Foda-se

Há certos momentos de encruzilhada na vida, onde tudo que se crê é posto a prova, onde a paciência e a sabedoria são testadas ao seu máximo limite.
Algumas vezes é melhor deixar que as coisas corram soltas pra entender até onde são capazes desembocar.
E agora? Não era uma brincadeira, não era um teste, não era uma tentativa de por a própria liberdade a prova.
Uma vez bati forte o carro contra o muro de uma loja. Era de noite, resolvi tudo da melhor maneira possível e então fui dormir. No dia seguinte acordei desejando que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, mas não era. Quando sai de casa, lá estava na garagem meu carro destruído, lá estava eu pegando um ônibus para ir ao trabalho. Existem momentos na vida que são tão doloridos que a gente chega a desejar que não passem um pesadelo. E quando se acorda para a realidade e vê que o pesadelo foi real, não se sabe ao certo como agir.
Encruzilhadas. A minha falta de coragem sempre me levou a elas. Não querendo ferir aos outros castigo a mim mesmo. Como quando assumi a culpa de um primo para que os irmãos não apanhassem injustamente. Quem sabe por isto está situação se repita tantas vezes. Porque eu tenho que tomar uma atitude drástica em algum momento da vida. Quem sabe não seja esta a lição a ser aprendida. Não consigo imaginar o que eu possa ter feito nesta ou em outra via que me leve a ser merecedor de passar por isto tantas vezes. Será porque confio demais nas pessoas? Talvez não exista mesmo ninguém confiável. 
Ninguém pensou em como eu me sentiria, ninguém pensou nas crianças perguntando pelo ser ausente a todo instante como agulhadas aumentando a dor. Ninguém pensa porque tudo que importa é a diversão e a satisfação pessoal. Grande merda. Na vida algumas escolhas levam a estragos inimagináveis. Como esta palavra, que se repete na minha cabeça, na qual eu nunca acreditei mas que agora faz tanto sentido que preciso lutar com todas as minhas forças para que a razão controle a emoção e, mesmo que neste ponto a razão concorde com a emoção, ela é a emissária das coisas que se decidem na mente e como tal, ainda que discorde da ordem tem que cumprir com o seu papel.
Há muito mais em jogo que somente a minha honra ou satisfação pessoal. Há a necessidade de se pensar nos efeitos de reagir a este impulso e tomar a atitude que sem dúvidas é a mais acertada. Agora parece que o ideal é deixar as coisas correrem, ver até onde eu suporto, quantas pancadas ainda aguento antes de cair.
Suicídio seria caminho fácil, mas teria o mesmo efeito colateral de ceder aquela palavra que não para de ser repetida em minha mente. Preciso ficar mais um pouco neste mundo. Preciso suportar um pouco mais tudo isto.
Talvez seja esta minha função no mundo. Aguentar as dores que a maioria não suportaria mesmo estando sozinho no mundo. Que falta faz alguém ao meu lado. Mas faz parte deste padrão incômodo que as vezes parece até um carma.
6 anos se passaram e as lágrimas voltaram a escorrer o meu rosto, aquelas que achei que nunca voltariam, não por algo quebrado mas pela dor dilacerante que corrói a alma causada por este absurdo humilhante, só mais um dentre tantos que já me afligiam, mas pela primeira vez com tanta complexidade envolvida.
Este blog foi criado pra saber sempre o que eu sentia, mas não consigo descrever o quanto dói ser traído duplamente vendo depois um movimento de jogo para que se aceitasse espontaneamente o inaceitável ato já consumado ainda que não dê maneira efetiva. "Farei. Será por bem ou por mal?"

Decepção, mágoa, dor, humilhação e tristeza.
Quem sabe um dia eu ria disto.
Por hora: FODA-SE