Há certos momentos de encruzilhada na vida, onde tudo que se crê é posto a prova, onde a paciência e a sabedoria são testadas ao seu máximo limite.
Algumas vezes é melhor deixar que as coisas corram soltas pra entender até onde são capazes desembocar.
E agora? Não era uma brincadeira, não era um teste, não era uma tentativa de por a própria liberdade a prova.
Uma vez bati forte o carro contra o muro de uma loja. Era de noite, resolvi tudo da melhor maneira possível e então fui dormir. No dia seguinte acordei desejando que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, mas não era. Quando sai de casa, lá estava na garagem meu carro destruído, lá estava eu pegando um ônibus para ir ao trabalho. Existem momentos na vida que são tão doloridos que a gente chega a desejar que não passem um pesadelo. E quando se acorda para a realidade e vê que o pesadelo foi real, não se sabe ao certo como agir.
Encruzilhadas. A minha falta de coragem sempre me levou a elas. Não querendo ferir aos outros castigo a mim mesmo. Como quando assumi a culpa de um primo para que os irmãos não apanhassem injustamente. Quem sabe por isto está situação se repita tantas vezes. Porque eu tenho que tomar uma atitude drástica em algum momento da vida. Quem sabe não seja esta a lição a ser aprendida. Não consigo imaginar o que eu possa ter feito nesta ou em outra via que me leve a ser merecedor de passar por isto tantas vezes. Será porque confio demais nas pessoas? Talvez não exista mesmo ninguém confiável.
Ninguém pensou em como eu me sentiria, ninguém pensou nas crianças perguntando pelo ser ausente a todo instante como agulhadas aumentando a dor. Ninguém pensa porque tudo que importa é a diversão e a satisfação pessoal. Grande merda. Na vida algumas escolhas levam a estragos inimagináveis. Como esta palavra, que se repete na minha cabeça, na qual eu nunca acreditei mas que agora faz tanto sentido que preciso lutar com todas as minhas forças para que a razão controle a emoção e, mesmo que neste ponto a razão concorde com a emoção, ela é a emissária das coisas que se decidem na mente e como tal, ainda que discorde da ordem tem que cumprir com o seu papel.
Há muito mais em jogo que somente a minha honra ou satisfação pessoal. Há a necessidade de se pensar nos efeitos de reagir a este impulso e tomar a atitude que sem dúvidas é a mais acertada. Agora parece que o ideal é deixar as coisas correrem, ver até onde eu suporto, quantas pancadas ainda aguento antes de cair.
Suicídio seria caminho fácil, mas teria o mesmo efeito colateral de ceder aquela palavra que não para de ser repetida em minha mente. Preciso ficar mais um pouco neste mundo. Preciso suportar um pouco mais tudo isto.
Talvez seja esta minha função no mundo. Aguentar as dores que a maioria não suportaria mesmo estando sozinho no mundo. Que falta faz alguém ao meu lado. Mas faz parte deste padrão incômodo que as vezes parece até um carma.
6 anos se passaram e as lágrimas voltaram a escorrer o meu rosto, aquelas que achei que nunca voltariam, não por algo quebrado mas pela dor dilacerante que corrói a alma causada por este absurdo humilhante, só mais um dentre tantos que já me afligiam, mas pela primeira vez com tanta complexidade envolvida.
Este blog foi criado pra saber sempre o que eu sentia, mas não consigo descrever o quanto dói ser traído duplamente vendo depois um movimento de jogo para que se aceitasse espontaneamente o inaceitável ato já consumado ainda que não dê maneira efetiva. "Farei. Será por bem ou por mal?"
Decepção, mágoa, dor, humilhação e tristeza.
Quem sabe um dia eu ria disto.
Por hora: FODA-SE
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