É um calor que corre o peito, um vazio de sentir-se roubado, de compreender a magnitude e o absurdo daquilo que o ronda. Tantas vezes lhe disseram que as pessoas eram más, tantas vezes ele disse não ser isso uma condição humana e sim um momento peculiar onde o que importava era a busca por "aquele alguém" que lhe mostrasse a verdadeira face do amor.
Ele percebe agora que buscou toda uma vida uma ilusão inalcançável pois ao ver a felicidade como algo a ser saboreado a dois, não entendeu que isto demandava também o desejo de alguém que não ele e que seres humanos são assim, mesquinhos e egoístas por natureza. Se julgam superiores, a todos julgam mas não permitem que o julgamento alheio caia sobre si.
Percebe quantas escolas erradas fez por querer acreditar em pessoas que lhe provaram não ser dignas de confiança. 70x7, ele perdoou só 21. Agora, vê a continuidade de uma história que jurou não mais viver diante de si. Vê as garantias propostas junto ao absurdo de vida que foi condicionante para seguimento serem postas por terra. Já não importa mais. Entende as constantes recusas dos últimos tempos, os sumissos inexplicados e a felicidade repentina. Tornou-se coadjuvante onde era protagonista. Pra que então continuar? Nem ele sabe.
Compelido a desistir ante as mentiras que estava certo não haveriam, ante ao fator indigesto de tudo que se apresentou diante dele, só consegue pensar no que deveria ter feito de diferente. Só consegue pensar que tudo deveria ter sido abortado naquele primeiro momento de cheque. Deseja ardentemente ser amado, ser desejado, ser visto como mais que um enfeite. Quer ser respeitado e entendido coisa que já sabe, não terá de ninguém.
Em meio a todo este retrocesso de um passado que ele considerava superado, em meio a toda esta destruição de seu próprio ser e de absolutamente tudo que ele considerava ter construído de sólido nos últimos tempos, só lhe resta a solidão, a certeza da impossibilidade, a percepção da necessidade de ação e a estagnação que o faz sentir ainda menos homem.
Se ele não for capaz de agir vera sua vida tomada assalto por quem não se importa com seus anseios, quem não consegue olhar para ele com empatia. Ou ele pensa em si ou ninguém o fará por ele. Justo ele que sempre acreditou que o amor e a entrega geravam a reciprocidade e que na vida a dois um cuida do outro.
O fim parece deixar de ser uma questão de se, e ele observa o horizonte tentando entender o quando, já que para ele cada passo precisa ser antecipadamente planejado. Ou ele vive ou morre, mas como viver sem entender o cenário num deserto tão morto?
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
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