Quando tudo parece se acalmar, quando a noite cai e o tempo esfria, a lucidez da lugar ao embate. É óbvio que há problemas quando a única forma de comunicação é a briga. Mas como chegar até às questões centrais daqueles que não querem ser descobertos?
Amizades não são somente um concordar silencioso, ser amigo de verdade é também apontar caminhos perigosos, problemas onde o outro poder vir a ser machucar. Como ser dócil com tantas feridas abertas? Ela exige passividade, mas jogou pressão demais na máquina e agora precisa deixa-la descansar. Mas ela não pode, não quer parar, quer tudo cada vez mais depressa numa urgência sem par.
Ele sabe bem que seu tempo acabou, não porque um ou outro queria mas porque as questões que se colocam tornam tudo uma panela de pressão. Não há mais confiança de nenhum dos lados, a amizade não está mais presente, o respeito começa a ruir, o afeto é mais brando, a conversa mais curta, quando há, e ela já não escuta mais o que ele diz, o companheirismo e a paciência já há muito desapareceram. Como então recuperar este cenário de terra arrasada?
Ela não considera mais a liberdade que tem como liberdade real e não sente mais vida dentro de casa ante a todas as pressões e cobranças que encontra. Ele deixou de olhar só para ela e passou a procurar também em si algo a que se agarrar, sente profunda tristeza a todo instante e para onde quer que olhe lembra do tempo em que foram felizes. Ele sabe que é isso que está minando o que eles tem mas não sabe mais como fazer para solucionar tudo.
Como cuidar de alguém sem parecer o chato da história? Como deixar de ser o motivo da vontade dela de dar cabo da própria vida? Como compreender que quem esteve tanto tempo ao seu lado agora não existe e ou se aprende a lidar com isso ou tudo deixa de ter sentido?
No fim das contas talvez eu seja mesmo só mais um cara comum e inseguro tentando buscar um lugar neste mundo, mas tentar estar no lugar do outro, tentar buscar uma solução ainda é parte da minha essência.
Como lidar com algo que dói tanto em ambos?
Talvez o maior desafio seja guardar a dor na alma e tentar novamente, buscando ouvir a dor do outro e torcendo pra que desta vez seja diferente, pra que desta vez ela te ouça e talvez, com muita sorte não busque o conflito por qualquer palavra mal interpretada.
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
A dor da alma
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