Afinal, o que é que o povo quer? A efervecência surpreendente dos levantes no país fez com que esta questão ecoasse nos sonhos dos infelizes com a responsabilidade de sanar as demandas dos revoltosos.
Eu, no lugar da presidência, começaria uma reunião dando uma semana aos meus minístros para saciarem a tal ponto as reivindicações, que os protestos simplesmente parassem. Se não conseguissem estariam automaticamente na rua e teria início o processo de expropriação de todos os seus bens.
Aguardaria um momento, apreciando o caos, permitindo que a revolução se estabelecesse dentro da sala de reuniões e só quando a revolta estivesse caminhando para a agressão física é que explicaria que a minha ameaça era falsa. Diria que através de uma mentira pude induzir-lhes a entender um pouco a demanda do povo.
O povo não clama por justiça, não briga contra a corrupção, não lhes interessa quem será investigado ou não desde que haja segurança. Neste ponto as cabeças de alguns já estariam imaginando o tamanho da minha ingenuidade em esperar que investimentos em segurança pudessem acalmar a população de meu país, então eu continuaria: Insegurança é a raíz de toda infelicidade, é impossível se sentir bem se você não tem certeza que o dinheiro irá te suprir até o final do mês, se você não tem certeza que terá um emprego mes que vem, se você não sabe se tuas coisas estarão em casa quando chegar, é impossivel sorrir se olhas para uma criança e não sabes se poderá alimenta-lá, se teu contrato de aluguel está para vencer e não sabes se irá conseguir renova-lo, se não sabes pra onde ir quando ficardes doente e nem se alguém vai te atender. Como ser feliz na insegurança?
A revolta do povo nasce da insegurança gerada por uma antiga conhecida, a inflação. Esta, ocorre toda vez que a máquina pública está sobrecarregada de sanguessugas e não consegue atuar nas áreas em que é necessária. Cada vez que arrecada ela gasta um pouco mais no supérfluo e precisa gerar um novo imposto pra poder manter o padrão de vida dos que a sugam.
Assim, pra pagar os impostos, tudo fica mais caro. O povo vê abismado a Petrobrás caminhando para a falência, os indices de inflação alarmantes, o dólar em alta, a bovespa em queda e isto, gera insegurança, medo do futuro.
Em contrapartida, todo trimestre se bate um novo recorde de arrecadação e sou sincero em dizer que quando vejo alguém morrendo porque um hospital não pôde atender, quando vejo alguém há anos buscando uma aposentadoria as vezes sem ter condição alguma de trabalhar, quando vejo colégios em pedaços e crianças sem aula, onibus atulhados de gente, sempre me vem a cabeça "e se fosse comigo? E se fosse com meu filho ou com a minha mãe?".
Todo ano perdemos milhões de reais pelas filas que se formam nos portos, pelas estradas que não tem condições de escoar a produção, pelas ferrovias inexistêntes. Somos o povo mais criativo do mundo, mas nossos inventos por falta de incentivo ou são patenteados em outros países ou são fadados a existir apenas em protótipos.
Não há segurança no futuro, não há segurança na saúde, na educação e quando saímos de casa sempre temos medo de não voltar ou de encontrar a porta arrombada.
O que o povo quer? Eu torno a perguntar. O povo quer segurança, porque ela sim é a base da felicidade e é ai que os interesses do governo se tornam interesses do povo.
Eu como cidadão espero que o governo faça sua parte para que minha felicidade dependa só de mim.
E quem de nós, não busca ser feliz?
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Felicidade
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