Nunca é sobre aquilo que pensamos querer. Todo desejo intenso tem intrínseco em si uma sensação mais profunda de ausência que precisa desesperadamente ser preenchida por algo.
Até mesmo a fome de algo, aquela que aparece mesmo quando saciados e deseja algo "diferente", está diretamente relacionada a ausência de algum nutriente específico ou a vontade de sentirmos o cuidado de alguém.
Viver no mundo material é estar sujeito a intensidade do vento do tempo e, se pararmos para pensar, nada faz real sentido ao entendermos que somos apenas um sopro que não será o que é por tempo o suficiente para mudar qualquer coisa. É interessante olhar o mundo e perceber que o sentido existe somente na nossa cabeça mas que na verdade tudo é apenas vaidade e ilusão.
Quem é você além dos átomos e da energia que te forma? Quem você pensa ser além daquilo que você faz ou deixa de fazer? O que de tudo que você é ou de tudo que você crê resistirá a sua inevitável ausência quando você não mais existir?
É interessante pensar sobre isso porque quanto mais entendemos o conceito básico que envolve essa tese, menos tudo que fazemos tem algum sentido e mais entendemos que o sentido só existe no conhecimento adquirido, transformado e transmitido.
Fazer valer a pena, viver a experiência, construir momentos, tudo isso é parte de uma vida comum e é importante enquanto aqui estamos mas a verdade é que ser verdadeiramente transformador está exclusivamente ligado a nossa capacidade de construir um legado, mas não o legado que achamos importante e sim o legado que é suficientemente relevante a ponto de resistir ao tempo e a ausência.
Mas muitas vezes transformar uma vida, embora não se enquadre nas características aqui descritas, pode ser o maior legado que deixaremos, muitas vezes ressignificar e romper ciclos familiares pode ser uma poderosa ferramenta que transcende gerações e transforma o mundo.
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