domingo, 22 de agosto de 2010

"Mesmo morto, vivo como se ainda existisse, vivo com o que ainda dela me resta; não muito mais do que nada.!"

O que é morrer, senão a ausência de vida?
Podemos estar mortos em vida ou permanecer vivos após nossa morte.
Estamos vivos pela marca que deixamos no mundo, deixamos de existir quando ninguém mais se lembra de nós. Como meus tataravós, que hoje ja não são mais mencionados por ninguém. A unica exceção são aqueles que deixaram uma grande marca de mudança.
Sempre temi esta morte, mas não é desta morte que eu falo hoje. Falo da morte que eu vivi ontem, ao ve-lo tão perto dela, ao ve-la tão perto e tão longe, ao ver que ela não nota o que faz a si mesma, ao ver aquele sorriso irônico, que tentava me dizer que havia finalmente vencido, que me mostrava que por vezes o dinheiro é mais forte que o amor!
Achava o problema dela ser medo, mas o medo que eu pensava existir era o medo de viver novamente uma experiência traumática, de ver os erros repetidos. Mais descobri que o medo é outro, é medo de viver o desconforto, medo de ver todo material construído, perdido, medo de tentar e não conseguir uma nova construção!

"O navio é seguro quando está no porto. Mas não é pra isso que se fazem navios."

A dor que senti com uma cena que mais parecia advinda de um filme de drama me fez morrer, finalmente entendi a expressão: "morrer de raiva", ou "morrer de ódio". Simplesmente parecia que toda a dor que eu estava sentindo, de tão forte começou a se anestesiar, até que era como se nada sentisse, como a própria morte. Permaneço com um amor gigantesco que quase explode o coração de tamanha sua força, mas estou morto, morto por ausência de vida, pois longe dela não há vida, há somente a sobre vida. Longe dela não há felicidade, há o sorriso solto, há a dor latente que nunca cessa, há a ausência de algo que não se sabe o que é, há o vazio, comparável ao vazio de viver, comparável a morte, que para mim alterna sempre entre o anseio e a repulsa.
Estar morto em vida é pior do que ter partido, pois a dor permanece, mas a vida já se foi. Já não há mais um porque e mesmo quando me esqueço que estou morto, uma imagem, um som, um lugar, um nome, tudo volta pra me lembrar aquilo que foi constatado. Sem a parte de mim que é ela, ainda que viva, estou morto, aguardando que algo venha me salvar, preenchendo o vazio que ela deixou em mim, porque não estava pronta pra encontrar o amor, que ela mesma sempre esperou!

"A salvação é pelo risco, Sem o qual a vida não vale a pena!!!" (Clarice Linspector!)

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