domingo, 25 de setembro de 2016

Para onde

Tentar, tentar e tentar.
Quantas vezes mais será necessário recomeçar do zero? Quanto tempo mais é possível viver sendo atropelado pela fatos?
Não é doce o que acontece, não é bom o futuro que se vislumbra cheio de incertezas e com certezas de coisas ruins. Como se livrar da mágoa e da dor para poder seguir em frente? Como perdoar alguém que não vê erro em suas atitudes? Pois se não vê erro tende a repeti-las e neste sentido o perdão deve ser posterior e prévio. Como entender que a distância e a auto negação estão se tornando uma regra onde dia após dia será necessário engolir mais um sapo para permanecer ao lado de quem se ama? E se não for amor? Se for só costume ou medo? E se tudo isso não fizer sentido? Termina um caso começa outro e assim, cada dia mais, o que deveria ser alegria se torna tristeza e fúria.
Depois de um tempo vem a anestesia, parece que não dói mais. Parece que nada importa mais. É quando um plano para o final do ano, uma iminência de visita boa, um planejamento futuro te fazem sentir dor ao invés de prazer. Estarei aqui quando isso ocorrer? Quanto tempo ainda sou capaz de suportar tudo isto? Deus sabe meus motivos e tudo que se passa em minha cabeça, mas seria justo despejar isto mundo?
Quando alguém que sempre foi sereno se vê acuado, vituperado e pressionado e assim, numa noite ruim encontra a saída e tem a faca e o queijo nas mãos, a tentação de utiliza-los se torna quase uma companheira de corpo. Por que então ele simplesmente não faz o que tem que ser feito? Por que ele não quer ferir a quem o fere de morte? Por que ele tenta tanto se agarrar ao que aparentemente não tem futuro?
Seriam as coisas conquistadas? Seriam as pessoas envolvidas? Seria aquilo que não pode ir com ele ou a comodidade de não ter mais que recomeçar? Ele conhece aquela estrada, sabe onde vai dar. Assim também conhece cada detalhe da estrada que está trilhando e, embora não tenha contado a ninguém ou parte seja constantemente rechaçada por quem detém as informações, ele sabe que até o momento tudo correr exatamente como aquilo que ele já conhece e que não houveram previsões erradas mesmo tendo ele vociferado outras previsões, mais amenas e que não se confirmaram, para não ter que explicar os medos que ele mesmo não entende.
Ele sofre pelo que já perdeu, sofre pelo que ainda não perdeu mas perderá, sofre pela visão de estar novamente com uma mala de trapos a beira de uma estrada pensando em como recomeçar. Ele sofre pelo valor que sabe que tem e pelo valor que não lhe dão, sofre pelo erro e pelo possível sofrimento alheio. Ele sofre porque sabe que precisa abrir o paraquedas ou a aza delta mas ainda não entende qual dos dois fará doer menos. Ele sofre porque sabe que ficar é permanecer vendo um filme que ele não quer encontrando-se com dores que não esperava mais viver e também porque partir é dar de cara com fantasmas que ele sempre soube que estavam a sua espreita mas que não lembrava mais como eram.
Sozinho no mundo, nem conversar ele pode. Não quer ser prisão para ninguém, não quer ao seu lado ninguém que não queria estar, mas não pode viver com o que lhe é oferecido.
Novamente o mesmo impasse, novamente a vida lhe põe contra a parede para que ele tome uma atitude, para que ele escolha. Contentar-se-a com a não escolha mais uma vez? Será que não é este o motivo pelo qual este martírio se repete a cada ciclo? Ou será que ele realmente não nasceu para ser de um único alguém? Será que seu destino é ficar por um período determinado de tempo na vida das pessoas e então partir? Será que ele é mesmo um anjo? Se for, por quê tudo dói tanto?
Ele está ávido por entender as nuances daquilo que o cerca porém, mais uma vez está paralisado pelo medo de se precipitar ou de cometer uma injustiça. Mais uma vez não quer dar o passo definitivo embora a emoção implore a ele.
Quando lhe é permitido falar sobre, o faz desenfreadamente buscando qualquer coisa a que se agarrar que lhe faça finalmente subjugar o instinto de agir, mas são tão poucas oportunidades em janelas que se fecham tão depressa.
Partir ou ficar? Ele realmente não sabe.
E agora José? Para onde?

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Mais do mesmo

É um calor que corre o peito, um vazio de sentir-se roubado, de compreender a magnitude e o absurdo daquilo que o ronda. Tantas vezes lhe disseram que as pessoas eram más, tantas vezes ele disse não ser isso uma condição humana e sim um momento peculiar onde o que importava era a busca por "aquele alguém" que lhe mostrasse a verdadeira face do amor.
Ele percebe agora que buscou toda uma vida uma ilusão inalcançável pois ao ver a felicidade como algo a ser saboreado a dois, não entendeu que isto demandava também o desejo de alguém que não ele e que seres humanos são assim, mesquinhos e egoístas por natureza. Se julgam superiores, a todos julgam mas não permitem que o julgamento alheio caia sobre si.
Percebe quantas escolas erradas fez por querer acreditar em pessoas que lhe provaram não ser dignas de confiança. 70x7, ele perdoou só 21. Agora, vê a continuidade de uma história que jurou não mais viver diante de si. Vê as garantias propostas junto ao absurdo de vida que foi condicionante para seguimento serem postas por terra. Já não importa mais. Entende as constantes recusas dos últimos tempos, os sumissos inexplicados e a felicidade repentina. Tornou-se coadjuvante onde era protagonista. Pra que então continuar? Nem ele sabe.
Compelido a desistir ante as mentiras que estava certo não haveriam, ante ao fator indigesto de tudo que se apresentou diante dele, só consegue pensar no que deveria ter feito de diferente. Só consegue pensar que tudo deveria ter sido abortado naquele primeiro momento de cheque. Deseja ardentemente ser amado, ser desejado, ser visto como mais que um enfeite. Quer ser respeitado e entendido coisa que já sabe, não terá de ninguém.
Em meio a todo este retrocesso de um passado que ele considerava superado, em meio a toda esta destruição de seu próprio ser e de absolutamente tudo que ele considerava ter construído de sólido nos últimos tempos, só lhe resta a solidão, a certeza da impossibilidade, a percepção da necessidade de ação e a estagnação que o faz sentir ainda menos homem.
Se ele não for capaz de agir vera sua vida tomada assalto por quem não se importa com seus anseios, quem não consegue olhar para ele com empatia. Ou ele pensa em si ou ninguém o fará por ele. Justo ele que sempre acreditou que o amor e a entrega geravam a reciprocidade e que na vida a dois um cuida do outro.
O fim parece deixar de ser uma questão de se, e ele observa o horizonte tentando entender o quando, já que para ele cada passo precisa ser antecipadamente planejado. Ou ele vive ou morre, mas como viver sem entender o cenário num deserto tão morto?

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Pra que?

É lamentável. É lastimável. O que é mais corrosivo? A briga intensa de uma noite ou os pequenos socos no estômago do dia a dia?
Tem aqueles momentos na vida em que se é confrontado com a própria insignificância, e não por autopiedade mas por uma constatação fatídica irrefutável. Como quando você passa meses com barba e um dia a retira e vai trabalhar normalmente sem que absolutamente ninguém perceba qualquer mudança.
As pessoas costumam viver indicando uma independência em relação aos outros. Somos condicionados a crer que somos bons e que nossas escolhas são imponentes, mais bem pensadas e acertadas que aqueles a quem criticados. Beira ao estranho notar que a insignificância incomoda principalmente à alguém que exibe no peito a certeza lidar bem com a solidão.
Se eu sumisse do mundo, que de mim faria falta a quem? Provavelmente a ausência da presença seria sentia por um curto período de tempo, a ausência mais duradoura seria principalmente a de ações, quase como se estragasse uma máquina, algo facilmente reparável com a compra de uma nova.
Ver. Uma postura aqui, uma omissão ali, um abraço negado, um comentário alheio em uma postagem que mostra mais intimidade com o ser amado do que você, um trecho lido sem intenção ao passar perto que demonstra mais abertura com outro que contigo. É quando você é confrontado com a realidade de ser descartável que começa a se perguntar o por quê de tanta luta. É porque ou por que?
São os pequenos detalhes que minam a autoconfiança e a fé. Pra que eu sirvo? Qual minha real função no mundo? Será que sou só um pai meia boca e um funcionário pouco importante? "Quando é que ele volta de férias? Cheio de coisa pra passar pra ele". Só que eu estou aqui. Então pra que eu sirvo?
Sem importância em casa, despercebido no visual, substituível no trabalho. Só mais um fracassado.
Como voltar a sorrir ante a tanta coisa junta? Como não entender o que é claro? Aquele que nunca toma decisões precipitadas começa a caminhar a passos lerdos, com entendimento de que a não escolha, sua escolha comum, desta vez irá leva-lo a morte. E ele já sente o seu gosto após um breve período de felicidade em uma vida plena. Sente medo, como em outros momentos em que não querendo precisou se mover.
Não se é feliz, felicidade é um estado. Assim também não se é triste, mas é muito mais difícil sair deste estado. Ele precisa se sentir vivo, se sentir importante, talvez não exija tanto ... Mas ele não vive se não for ao menos necessário. Não uma frase de "você é importante" mas uma atitude de "sem você isto seria impossível".
É curioso a devastação que sente em si, não tem mais forças pra lutar, não consegue mais vociferar o que sente, passa o tempo todo com sensação de choro, mas nem isto ele sabe fazer.
Precisa desesperadamente achar o seu lugar no mundo. Precisa sentir que não está só. Precisa de um lugar onde descansar, um recanto de paz. Não pode reclamar, não tem com quem se abrir, não consegue projetar o amanhã. Precisa sentir que está vivo, que faz alguma diferença para alguém, precisa entender onde ir e o que fazer. Do jeito que vive não durará muito tempo. Lutar todo o tempo por conquistas perdidas ao mesmo tempo tentando o obter novas. Então, pra que viver?

sábado, 10 de setembro de 2016

Os bêbados e o equilibrista

E fica tudo assim, meio certo meio errado. As vezes toda sujeita sai de uma vez debaixo do tapete e demora até que se encontre uma forma de limpa-la totalmente.
Quantas vezes o que vem a cabeça é a ideia de se desfazer de tudo e tentar um novo começo? Mas ele já está cansado de recomeçar, sente que cada vez é mais difícil e mais dispendioso iniciar um novo movimento e agora há muito mais o que pensar.
O que ele sente agora, de tão corriqueiro já chama pelo apelido. Já não crê mais que alguém no mundo seja diferente então nada muda independente do cuidado na construção. Sempre os mesmos problemas, sempre as mesmas pedras, aquilo que ele conhece tão bem.
Se sente distante, só e incompreendido, se sente vituperado, vilipendiado e cansado. Sente que não tem mais forças pra lutar contra o destino, se é isto que ele tem que viver será senhor da correnteza, dominará a maré.
Ele atravessou um deserto com a promessa de um lugar melhor e agora só encontra uma terra infértil e salgada onde morrem os sonhos.
Verdade que fora avisado a retornar antes, mas não via motivo para deixar a caravana apesar dos avisos. Hoje, com pesar entende que deveria ter ido quando lhe deram a ordem, assim ainda acreditaria que fosse possível.
Agora não faz mais diferença ir ou ficar, ele já não tem mais esperanças de um novo amanhã, ele não crê que uma decisão sua mude algo. Mudar a estrutura novamente com muito esforço para se deparar novamente com os mesmos problemas não é algo que ele fará ou que ele suportaria. É quase como um carro com defeitos, ele sabe que reparos tem que fazer neste, mas troca-lo implica em adquirir um com outros problemas que ele nem imagina a extensão.
Como guerreiro, ele está agora vestindo a armadura e preparando arsenais para lutar uma batalha da qual ele sempre fugiu, lutar contra si mesmo para se adequar ao padrão do mundo em que vive, não o que deveria ter nascido. Ele sabe bem a doença desta geração e sabe que só será feliz aceitando que nunca encontrará alguém que não sofra deste mal.
No fim, todos os seres humanos são assim, talvez tenham nascido doentes, talvez tenham adoecido no caminho, certo é que se ele não adoecer também nunca terá uma vida plena.
Sente-se como alguém sóbrio em uma mesa de bêbados, ou se levanta e vai embora, ou bebê para nivelar-se aos outros que perdidos acreditam ter se encontrado. O grande problema é que está mesa é o mundo e não há uma maneira fácil de levantar-se e ir embora. O jeito parece ser mesmo aceitar a bebida e ver no que dá. Ocupar-se de viver ou ocupar-se de morrer.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

The dream

E tudo isto pra que? Ele nem sabe mais há quanto tempo não se sente realmente amado, só segue.
Quantas vezes você já parou para reparar em tudo sem entender porque tanto esforço? A gente sempre segue, a gente sempre busca uma forma de entender, mas aos poucos parece que nada mais faz sentido, como se as forças fossem indo embora e parecesse que você só é importante para si próprio.
Quantas vezes você já quis um abraço apertado no meio da tarde ou um olhar diferente de alguém. As vezes realmente não importa quem, desde que te faça sentir que é mais que o pilar que sustenta uma casa.
Ser pai é um ofício de tempo integral, ser marido é uma jornada desafiadora ainda mais quando combinada a paternidade. Como não deixar faltar nada a ninguém? E o que te faria sentir-se reconhecido? É quase como se tudo que se faz fosse só uma maneira de ser uma engrenagem que com o tempo desgasta e é finalmente substituída por outra que faça a mesma função.
E esta tua síndrome de super homem? És mesmo tão necessário quanto pensas ou só mais uma peça descartável neste tabuleiro?
A vida sempre encontra um jeito, nem sempre o melhor para todos mas ainda assim é um jeito. E se você deixasse tudo desabar? Finalmente alguém te diria com sinceridade que você é importante ou o jeito da vida seria o suficiente?
Amar ao próximo é uma tarefa árdua que alguns tentam cumprir geralmente sem sucesso. Na maioria das vezes saem com as mãos calejadas e o coração cansado de esmurrar uma parede intransponível de seres caminhando na direção contrária. Talvez, teu altruísmo seja só uma forma diferente de egoísmo e tudo que você acreditou ser desprendimento e bondade seja apenas ansea de ser reconhecido e amado.
Quem é capaz de entender o que se passa em tua mente? Ninguém nem mesmo busca olhar além do teu silêncio. Ninguém quer ler o enorme texto escrito em teu olhar silencioso.
Quando tudo pelo que se luta perde o sentido, que sentido dar a uma vida que não sabe o que valorizar? Talvez o amor seja mesmo egoísta, ou talvez seja somente uma forma de se sentir seguro com alguém ao seu lado. Como então seguir acreditando quando não se sabe em que pedras pisar? Como dar passos firmes quando a neblina não te deixa ver muito além do que está perto?
Que aventura é esta do viver, onde as certezas que se tem mudam a todo instante e grande parte de teus anseios não dependem só de ti. Talvez a única forma ser feliz seja não pensando sobre o futuro, mas que sentido teria? E como eu faria?
Entender o passado, aceitar o presente e molhar um futuro de sonhos egoístas. Mas que sonhos podem ser sonhados que não dependam de outro alguém ao seu lado? E que tipo de vida seria esta?
Talvez não existam respostas a estas perguntas mas seguir perguntando é uma forma de manter-se vivo e são. Então, talvez um dia as perguntas se tornem mais leves, o sorriso mais fácil e a vida mais simples sem medo de te errado ou de não entender o caminho.
Até lá, existe a barriga que tudo empurra e leva as rupturas e decisões para quando se torne mais simples entender o que se sente e o que se quer.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

A mariposa

Hipócrita, dono da verdade, insuportável, chato, insosso, fraco, sem ambição, pobre, infantil. Todas estas acusações vindas de alguém a quem se dedica amor unicamente por uma encruzilhada de diferentes visões de mundo. Sou hipócrita por concordar com vontades mesmo entendendo que muito se tem a perder quando saem da esfera do pensamento? Ou será que sou hipócrita por ser humano e em determinados momentos sentir o sangue correndo nas veias? Quem sabe eu seja hipócrita por aceitar o que ninguém aceitaria, ou por dizer a verdade. Ou talvez minha hipocrisia tenha relação direta com minha revolta com esta merda de vida que somos obrigados a levar.
Hipocrisia é ignorar os riscos das decisões e não aceitar que tudo tem uma consequência, é colocar sua vontade acima de todos e não reconhecer o esforço de quem com o coração partido mantém o mundo nas costas pra que uma aventura irresponsável seja possível. Hipocrisia é saber que está doente e não buscar tratamento porque no fim das contas quem sofre são os outros. É reclamar que não sabe sobre o outro e gritar quando ele fala de si.
Hipocrisia é um poderoso corrosivo do qual ninguém pode me acusar de aplicar, afinal, não pedi pra entrar nesta, não se pode cobrar que eu aceite isto feliz.
Hipocrisia é não querer mudar uma vírgula em si mas querer que eu mude completamente quem sou pra melhor me adequar a este novo ser no qual ainda busco uma única qualidade que justifique o esforço.
Soberba, tirania, psicopatia, manipulação, autodestruição. Qual destas qualidades o torna melhor que aquele a quem substituiu?
Se precisa mesmo que viva, mas não há como pedir que alguém o veja como mais que um zero a esquerda. Se todos tentam o tempo todo se melhorar, eis o único ser que quer e se orgulha de se destruir e é hábil em se tornar pior. Quer a admiração de todos simplesmente por ter coragem de se tornar abominável, de jogar para o alto tudo que foi construído.
Ser de palavras ríspidas, pensamentos execráveis, atitudes frias e repugnantes e postura enojante. Se vê como o mais belo dos cisnes e na verdade não passa de uma lagarta rastejante que talvez forme um casulo se tornando uma borboleta ou talvez se torne somente uma insossa mariposa.
É uma grande perda visto o potencial que havia em seu hospedeiro. Uma grande perda para humanidade, para o hospedeiro e para todos a sua volta.
Agora só um doente jogado ao chão, aguardando o próprio fim. Aguarda pela piedade alheia orgulhoso de sua miséria esperando ardentemente que todos o felicitem por ter finalmente se tornado ninguém.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A chama do amor

Para ama-la e respeita-la me fiz saúde quando ela foi doença e assim, durante muito tempo fomos ricos da verdadeira riqueza. Estar ao lado de alguém é também ter estômago para suportar coisas inimagináveis por saber que talvez seja a cura da alma ferida de quem se quer bem.
O amor não é cegueira, ele tudo suporta e mesmo vendo, ele não se ensoberbece quando dele se espera a nobreza da auto reclusão, ele não enfrenta quando o outro precisa de compreensão. Mas como saber quando o enfrentamento passa também a ser um ato de amor?
Proteger alguém de si mesmo é a mais árdua tarefa daqueles que amam. O mundo se vê satisfeito quando alguém se destrói e é então reduzido a só mais um infeliz perdido adequado aos seus moldes de auto piedade e irresponsabilidade inerente aqueles que buscam ser livres sem entender o verdadeiro significado da palavra. Este parece ser o padrão imposto.
Conhecer o amor é talvez o único e verdadeiro escudo daqueles que buscam ser luz. Mas como reconhecer, mesmo que diante de si, algo que só se ouviu falar?
Quantas vezes somos incompreendidos ao tentar proteger aqueles que amamos? Qual a melhor abordagem para que se seja escutado? Amor é também uma vida de mãos e neste ponto cabe indagar quanto tempo alguém é capaz de suportar a doação unilateral mesmo quando é nítido o amor bilateral?
"Se ela não respeita não te ama mais ou te ama menos e neste ponto os dois são muito ruins". É o que se ouve. Seria isto?
Amar é servir, é ser base para algo maior, para o crescimento e para a felicidade do outro. Amar é continuar acreditando quando todos já desistiram, é olhar pra si buscando forças mesmo quando não se vê, para percorrer um pouco mais o caminho que se acredita. Amar é é guardar sua dor e seus problemas dentro de si como forma de parecer forte para encarar os dragões que afligem a pessoa amada. Amar, é não se permitir dormir sem ter uma solução que faça quem se ama feliz.
Este fogo que arde dentro de nós é também a centelha divina que nos faz entender do que Deus é feito e que somos parte dele, nos faz olhar para o outro com o carinho e o respeito que sentimos por nós, com a ânsia de ver o sucesso nele, com a felicidade no olhar de saber que ali, diante de nós está um ser humano perfeito, único, moldado em cada detalhe por Deus mesmo e cuja felicidade é também a nossa.
Não há para mim como imaginar a infelicidade de uma vida sem amor, mas pode-se compreender a tristeza daqueles que o perderam pelo caminho sem saber que o haviam conhecido.
Amor não é possuir alguém, é doar-se a si mesmo esperando que seja suficiente para a completa felicidade daquele ser que dentre tantos deixou uma tatuagem personalizada em sua alma. Amar é compreender as mudanças, é estar pronto a ser apaixonar mais uma vez. Amor não é fidelidade mas ele te faz pensar a cada passo em como o outro se sentiria. Amar não é desejar carnalmente um único alguém, mas é entender que uma única carne se encaixa perfeitamente em si e que  todas as outras teriam a falta de um ingrediente único, uma liga que só a pessoa amada pode te dar.
Amar não é nunca discutir, mas é saber mesmo em meio as brigas que se está diante de alguém insubstituível, é pensar cada detalhe como forma de gerar a harmonia.
Talvez eu só entenda parte do que representa amar, mas assim como todo o ser, também estou na busca constante de me aperfeiçoar, de conhecer. O amor está presente em casa criatura que existe neste mundo, até na brisa se pode encontra-lo. Quando um anjo te visita, percebe-se que o material que o compõe é o amor, e quando se sente a presença de Deus, você transborda de amor.
Talvez eu tenha minha maneira romântica de ver o mundo, mas se o mundo for mesmo parecido com o que vejo eu prefiro acreditar no mundo meu jeito. Se é mesmo necessário se corromper, se é mesmo imprescindível se trancar o coração a sete chaves, talvez nada disto valha a pena e talvez então não exista um sentido.
A única maneira de mudar o mundo é sendo luz pois, quando as pessoas pensam em mudar esbarram sempre na premissa de que seriam os únicos fazendo o bem. Pois bem, se você for luz, aqueles que desejam ser encontrarão em ti um par. Você sofrerá, mas talvez mude alguém, nem que uma única vida.
Se você pudesse vislumbrar o que vejo, entenderia a razão de tudo, veria que a existência deste mundo está diretamente ligada ao amor, veria que a vida só se mantém por causa dele que ele está em sua essência.
A luta não é simples, são anos em que o amor vem sendo constantemente vituperado, maltratado e assinado toda vez que uma nova fagulha se acende. E assim, por muito tempo o mundo não tem custo sua chama brilhar. O que o mundo ganha com isso? Eu não sei, mas entender e conhecer o amor me faz ver com clareza que, ainda que a jornada seja árdua, ainda que somente no final de tudo, eu ei de perceber que, valeu a pena não me deixar apagar.

sábado, 3 de setembro de 2016

Fechar os olhos

Fechar os olhos para entender.
Fechar os olhos para viajar pra longe.
Fechar os olhos para reviver um momento distante no passado.
Fechar os olhos para ver dentro si buscando encontrar aquele que se perdeu.
Fechar os olhos como forma de melhor falar com Deus.
Fechar os olhos é também uma forma de não pensar, ou de ouvir mais alto seus pensamentos. É ver as imagens do passado e também do futuro projetadas diante de si.
Que coisa mais emblemática é esta de se ter uma ação que é ao mesmo tempo um start para o dormir e para o acordar.
Porque fechar os olhos é sempre uma forma de busca. Crescemos e deixamos de crer que nos tornamos invisíveis quando o fazemos, mas quando fechamos os olhos como adultos, por vezes esperamos sumir, ou não ser vistos, ou não ver.
Todo o sonho incessantemente buscado, todo anseio vociferado, toda dor suportada, todo o plano traçado tem sempre em maior ou menor grau a participação de um momento onde os olhos foram fechados.
As vezes é necessário imergir dentro de si fechando as janelas da alma para ressurgir fortalecido. Lágrimas são importantes mas talvez não exista uma melhor forma de se entender ou de esquecer do que fechando os olhos.

Fecho meus olhos para dormir, para não ver e também para enxergar com clareza.
E você?
Já fechou seus olhos hoje?

Isto importa?

Conforme o tempo passa, novos e maiores desafios são colocados diante daqueles que ousam sonhar com a grandeza. Verdade que alguns lutam por ela e outros a tem imposta a si.
Quando pensamos sobre o que podemos ter ou sobre o que não podemos ter, nunca questionamos se pra que tenhamos tudo alguém não abriu mão de parte. Então o que é o certo? De certa forma não se pode viver em função do outro, entretanto, como seres sociáveis também seria impossível vivermos em uma ilha sem olhar para os lados e para os anseios e esperanças em nós depositados.
Como equilibrar a balança de uma vida sedenta pela aventura com a solidez de uns relação a dois? E como equilibrar tudo isto com um orçamento limitado?
Não se importar com o outro pode ser fatal. Quando o outro sente que não há mais interesse em si, que está vivendo só, se doando a toa por alguém que não se importa se ele está ou não ao seu lado, passa também a ansiar um novo horizonte de melhor sorte, onde possa ser valorizado simplesmente por ser quem é, onde impere o respeito e o carinho e onde ele é verdadeiramente compreendido.
Como sobrevive uma relação onde se dorme separado numa mesma cama, onde não há um abraço matinal de bom dia nem se pode ser quem é?
Saber o que esperar dos outros é a chave pra evitar decepções e pra se manter relações duradouras mas, em dados momentos uma relação à dois é também saber lidar com as mudanças do parceiro que se escolheu para uma vida.
Ninguém permanece o mesmo para sempre, somos seres mutáveis que escolhem ser melhores ou piores com o passar dos dias e, neste ponto é necessário entender que a gente não vive uma vida inteira ao lado da pessoa com quem casou.
O segredo talvez esteja em, por mais difícil que pareça, se habituar com as mudanças e tentar apaixonar-se por este novo ser que se apresenta a sua frente. Nem sempre isto é suficiente pois quando as pessoas mudam, mudam também seus anseios e por vezes seus nortes, e quando isto acontece também quem mudou precisa novamente apaixonar-se por aquele que aceita a mudança.
Uma relação à dois não é nada fácil. Só sobrevive quando há nela muito amor. Verdade que muitos fatores pesam na decisão de permanecer ou não ao lado de alguém, verdade que em dados momentos ambos olharão para fora com vontade de viver o novo, o que com o tempo só gera mais distância, mas saber estancar as sangrias e reescrever a própria história pode ser a diferença entre permanecer ao lado de alguém ou perde-lo para sempre. A questão que se coloca é: "quanto isto realmente importa pra você?"