Winehouse, Hendrix, Joplin, Morrison, Cobain, Jones, Johnson. Em comum? todos morreram aos 27 anos. Fiquei pensando na ironia que cercava estas mortes. Tantas, em diferentes épocas e em circunstâncias tão próximas umas das outras. Passei a entender que são somente a parte visível de uma esfera muito maior de pessoas que devem passar pelo mesmo.
Enquanto tentava entender tal fenômeno, percebi que um outro crescia dentro de mim, o da “força do sentir”. A cada dia que passa, coisas menores me atingem na esfera sentimental, com uma intensidade muito maior. Se antes eu tinha sentimentos muito fortes, hoje já se tornam insuportáveis e a cada dia isto se apodera mais de mim. É uma reação involuntária que me faz pensar: “Como estarei quando chegar aos meus 27 anos?”.
A beira de adentrar este ano mítico, de passar pelo cenário de uma lenda urbana, notei que a percepção das coisas se torna mais intensa, principalmente à de tudo aquilo que está errado. Perto dos meus 27, notei que não há ninguém a meu lado, lembrei de todos os planos frustrados e toda vez que pensei em fazer novos planos percebi que são somente uma releitura de tudo aquilo que já deu errado. Me senti cansado de brigar contra a maré, percebi que não há como lutar contra o mundo e que de nada adiantou tentar jogar o jogo dele, também não deu certo. É o momento da vida em que notei que está ficando muito tarde, que o relógio está explodindo e que ainda sou um fracasso, ainda não virei o jogo. Me olho no espelho e vejo que já não sou mais tão belo quanto já fui, sinto a esperança ruindo e se esvaziando pela minhas mãos. “um dia igual ao outro e cada dia mais a fadiga toma conta de meu corpo e mente”.
Depois de tantos anos, pela primeira vez sou capaz de admitir a mim mesmo, que eu não sou feliz. Em comum, eles, assim como eu, tem o fato de estarem sozinhos, sem alguém a quem recorrer quando as coisas ficam difíceis e sem alguém que dependesse deles, caso deixassem de existir.
Difícil é perceber a insignificância do teu ser, que até então você acreditava ser único. Como é estranho notar que até as pessoas que você um dia foi capaz de apostar que sempre precisariam de ti para serem felizes, encontraram substitutos e seguiram vivendo. Você não! Você ficou preso à certeza da volta, à certeza do bom trabalho realizado esperando que uma crise de consciência os trouxesse de volta e te desse enfim o galardão das beneficies advindas de teu altruísmo.
27 anos! Por que a lenda se torna real e só ganha mais motivos para ter força?
Talvez porque seja a época em que o desespero de ver o futuro vindo cada vez mais rápido, somado a colheita das escolhas do passado e aos sentimentos do presente; te tornem uma panela de pressão, pronta a explodir, onde é impossível ser seu único pilar de sustento. Talvez, não ouso afirmar, mas começo a acreditar, talvez, ninguém chegue aos 28, sem ter alguém em quem se apoiar!
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