domingo, 13 de março de 2011

Novela da Vida - 1º Capítulo

Era um dia atípico, sem nada ter acontecido. Apenas havia acordado e estava em sua primeira xícara de café, mais sentia algo diferente, como se a guinada estivesse próxima, como se finalmente pudesse vislumbrar o momento em que as peças começariam a se encaixar, em que finalmente a vida deixaria de ser só mais um passar de dias e passaria para um estágio acima, onde os dias mornos que vivia pudessem ter uma cor e um calor a mais que lhe trouxessem novamente a alegria de viver.
Ao olhar pela janela conseguia ver toda a cidade, acordando para mais um dia, mais hoje era feriado e a cidade acordava preguiçosa, sem pressa. Podia sentir a vibração dos primeiros raios de sol que tocavam seu rosto, acordará tarde hoje, afinal tinha ultrapassado seu horário de dormir assistindo a programas de televisão noturnos, já que não tinha nada melhor pra fazer, estava feliz por ter acordado as 9:30 pois 3 horas alem do costume diário faziam uma grande diferença no cansaço corriqueiro.
Enquanto saboreava seu café, que hoje parecia ter um gosto muito melhor que em outros dias, observava fixamente a paisagem, mais seus olhos não fitavam nada, estava imerso dentro de si, lembrando dos erros do passado, pensando na solidão que sentia e em como vivia rodeado de pessoas e ao mesmo tempo não tinha ninguém ao seu lado. Ali, parado, tentava planejar o dia e esta tarefa nos últimos tempos parecia quase impossível, tinha que inventar o que fazer e quase sempre se sentia tentado a ficar em casa e fazer como todo mundo faz, assistir TV e esperar que o feriado passe e volte a rotina do trabalho porque esta parece ser a única que faz algum sentido.
Arthur era um jovem de 24 anos, não pensava ser bonito, mais tinha grande orgulho de sua inteligência que desde pequeno almejará ter, porem agora já não sabia exatamente onde um homem inteligente poderia se encaixar na sociedade e simplesmente remava com a maré e dia após dia caminhava jogando o jogo que lhe era imposto. O que mais se orgulhava era de um dia ter escolhido as características da pessoa que queria ser e ter chego ao estágio que almejava, mesmo sabendo que certas escolhas lhe custaram muito caro e que a seriedade com que tratou este tema agora era também o motivo principal de sua solidão.
Arrumou-se apressadamente e saiu em velocidade como se tivesse medo de ir devagar e desistir de sair neste meio tempo, acabou optando por colocar combustível no carro com o pouco de dinheiro que tinha e ir até a casa de seus amigos com quem havia estudado o segundo grau, eram 4 com os quais mantinha contato, todos com anseios parecidos, alguns mais e outros menos encaminhados no futuro que ansiavam.
Ao chegar descobriu que nada mais era a mesma coisa, os amigos não se falavam entre si, e cada um tinha seus afazeres que por mais vontade que tivessem de se encontrar não conseguiam tempo de encontrar um ao outro. Mesmo assim, aproveitou um período na casa de cada um, sugando o máximo de alegria que aquele momento pudesse proporcionar.
Claudio era o mais responsável, havia se formado recentemente e trabalhava com computadores, entre eles o único a conquistar independência financeira fazia viagens periódicas ao Paraguai onde comprava produtos para revender na capital. Marcio estava na casa da namorada, havia sumido totalmente de vista após conhecê-la e todos pensavam se seria esta a escolhida. Marcio é irmão mais novo de Claudio trabalhava com sites e sempre tentava uma empreitada nova para sua guinada financeira. Arthur passou um tempo ali conversando com Claudio e enquanto descobria o que cada um havia feito em sua longa ausência, já que fazia 3 anos que não aparecia pois havia mudado de cidade a trabalho e voltava só agora, não podia deixar de pensar o que tinha afastado tanto aqueles amigos tão inseparáveis.
Após 2 horas de conversa decidiu-se por ir visitar Paulo, haviam sido inseparáveis no colégio, cúmplices nas bagunças e companheiros nos estudos e na vida. A amizade dos dois permanecia intacta, mais havia uma energia estranha no resto da família, parecia que já não o acolhiam como anteriormente haviam feito. Arthur apenas relevou e aproveitou ao máximo aqueles instantes ao lado do bom e velho amigo. Tentou visitar outros conhecidos na região mais praticamente ninguém estava em casa.
Neste dia, enquanto voltava para casa em seu corsa cinza de vidros escuros, pensava sobre o que tinha visto, pensava sobre como todos haviam tocado suas vidas sem ele e sobre como não era mais necessário ou essencial a ninguém. Começou a perceber que sua ausência havia causado feridas perpétuas em todos aqueles que conhecerá um dia e que mesmo assim, já não fazia mais diferença para ninguém sua presença ou sua ausência.
Toda mudança começa na mente, passava a entender agora que ou modificava sua maneira de pensar e entendia sua nova condição, ou estava fadado aquela vida onde já ninguém lembrava de sua existência. Mas como fazer a mudança? Como fazer diferente? Arthur apenas sabia que precisava mudar algo, mas não fazia idéia de como.
Fez alguns contatos por no Orkut com mulheres porque achava que isto poderia ajudá-lo em alguma coisa, chegou a sair com algumas garotas, mais uma era menos interessante do que a outra.
E numa tarde de Sábado foi convidado a uma festa de família, 90 anos de uma tia que ele só ouvirá falar, mais todos os primos estariam reunidos. A festa foi boa e conheceu uma parte da família que nem sabia que existia. Para matar a saudade, os primos decidiram sair a noite jogar sinuca com os primos que haviam acabado de conhecer. Arthur permanecia com sua percepção de realidade alterada, como se o mundo fosse apenas uma janela daquilo que não se vê, nada tinha cor nem graça e ele se sentia cada vez mais deslocado, a tempos deixara de acreditar no amor, e já não sabia afirmar se Deus existia, neste momento estava apenas deixando as coisas acontecerem da maneira que pudessem acontecer, ele esperava que algo mudasse sua vida, esperava poder ser mais do que era, esperava que o futuro lhe reservasse boas coisas já que no presente ele não conseguia se imaginar bem.
Enquanto jogavam sinuca Arthur deixou se celular em cima de uma mesa porque o aparelho incomodava no bolso pelo tamanho. Ninguém se deu conta quando ele sumiu, o que fez com que o clima da noite se estragasse por alguns instantes. Arthur apenas se entristeceu com o fato, mais para não estragar a noite de todos tentou disfarçar seu desconforto e fingir que nada acontecera.
O fato o aproximou de Claudia, uma prima que não via a algum tempo mais que fora grande amiga na infância. Claudia sempre fora incompreendida pelo seu jeito espontâneo e carente e pelos erros que cometeu em fazes anteriores de sua vida.

To be continue ...

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