Claudia se compadeceu de Arthur e os dois passaram a conversar por Messenger durante as tardes.
Além de Claudia, o único contato próximo de Arthur era com uma pessoa que havia conhecido na internet. Após alguns elogios os dois passaram a conversar diretamente pelo MSN. Ana era uma moça muito bonita que residia em Curitiba. A qualidade das fotos que pareciam ter sido feitas por um fotógrafo profissional mostravam que ali ainda havia algo escondido, porém Arthur podia notar que atrás daquela falsa montagem de uma vida, existia uma pessoa impar com pensamentos tão próximos dos seus que ele se impressionava. Arthur e Ana conversavam sobre tudo, ela lhe contava seus problemas e ele a aconselhava. Ficaram próximos como se fossem amigos de infância. Arthur manifestou seu desejo de conhecer aquela moça que tanto o intrigará porém sentiu-a retraindo-se um pouco cada vez que tocava no assunto. Sentiu que talvez fosse o medo de conhecer alguém pela internet ou o medo de mostrar sua verdadeira identidade. Tentou inúmeras vezes mostrar-se de confiança mais absolutamente nada surtia efeito.
A crise financeira apertava, o aluguel não estava pago, nem a luz e a internet que eram as contas básicas, ele se sentia feliz por ter pelo menos a prestação do carro paga. Porém cada dia que passava as coisas ficavam piores nas relações dentro de casa justamente porque a iminência de um despejo ou do corte de algum dos serviços gerava uma grande tensão em sua família. Isto não demoraria a acontecer
Naquela quarta feira, ele chegará do trabalho com algumas novidades do seu dia e queria logo dividi-las com Ana porém o serviço de internet havia sido cortado. Nem ficou em casa, foi direto a uma lan house que ficava aos pés do seu prédio, não queria deixar de ter contato com aquela que havia se tornado uma grande amiga.
Foi então que ela lhe contou. Disse que ele havia se tornado um amigo muito importante na vida dela e que ela não poderia continuar a enganá-lo por este motivo, começou a contar sobre como havia inventado o perfil falso de Ana a pedido de uma amiga, apenas para tirar sarro de alguns assanhados que haviam na internet. Ela comentou que havia escolhido fotos de uma moça perfeita justamente para atrair mais homens para o perfil e assim conhecer um pouco mais sobre as bobagens que os homens dizem a mulheres belas e dadas. Contou também que morava no Rio Grande do Sul e que seu verdadeiro nome era Maria Eduarda.
Arthur sentiu o medo em suas palavras mesmo que virtuais, Maria Eduarda achava que ele se revoltaria ao perceber que havia sido enganado e se desculpava sem parar. Ele sempre soube que não era de verdade mais manteve o diálogo pelo interesse na pessoa que havia por trás daquele falso perfil. Quando viu o verdadeiro não pode acreditar, ela era tão bela quanto o falso perfil e era interessante notar que era uma menina culta e centrada brincando de ser fútil. Ele riu e os dois caíram na gargalhada, a amizade continuou a mesma após isto.
Seu sócio no Rio de Janeiro mandou o valor necessário para o pagamento e religamento dos serviços. Não adiantou muito pois na semana seguinte houve o corte da luz.
Estar em casa sem energia elétrica era um inferno. Dona Josefina, sua mãe, não suportava aquela situação e exteriorizava seus problemas com brados de fúria ininterruptos, quase sempre dirigidos a ele, não por raiva mais por não aceitar a própria situação. Arthur decidiu pegar seu computador e ficar na casa de seu pai, pelo menos até as coisas se normalizarem. A vida era corrida mais não desanimadora.
Então Arthur foi demitido. A demissão foi um baque, pois havia comprado o carro por causa do emprego e com a promessa de que teria 3 meses para se adaptar as novas funções. Ele entendia que as suas vendas não iam bem, mais sabia do trabalho que realizava que dentro do que estava em seu alcance não deixava a desejar, porém não conseguia se contentar com o fato de ter sido demitido. Não que não fosse previsto, pois após sua entrada na empresa uma ex funcionária muito querida para os patrões voltou perguntando se sua função estava vaga e ela tinha muito mais experiência que ele na área de vendas.
Ele nunca se desesperava, era forte como uma rocha, toda vez que algo dava errado ele sempre tinha um plano B. simplesmente sentiu que nada podia dar errado. Foi pra casa imaginando o que fazer para resolver a situação.
Claudia numa conversa por MSN notou que Arthur não estava bem, convidou-o para sair. Era campeonato feminino de futebol e Claudia queria acompanhar as meninas. O corsa ficou na casa de Claudia e eles saíram no possante dela carinhosamente apelidado de “pois é”.
Pois é era um veículo simpático, um Fiat 147 muito antigo. As rodas pendiam para dentro, a porta do bagageiro não se agarrava a lataria e as portas do carona e do motorista pareciam que iam cair a qualquer momento. Vários buracos e ferrugem, os bancos com algumas marcas de cigarros, um porta-malas cheio de entulhos e um marcador de combustível que não funcionava. As meninas reunidas em frente ao ginásio onde treinavam faziam fila para manusear o brinquedo. Uma a uma, todas queria dirigir aquele possante de aparência impar. Umas dirigiam, outras subiam no capo, tudo valia, afinal, o que podia acontecer? Danificar a pintura?
O campeonato fora um pouco maçante, pois haviam saído bem cedo e já chegava próximo das 18 hs. Porem ele gostou de estar entre várias pessoas mesmo que soubesse que todas as meninas ali gostavam de meninas era interessante saber que não conversava só co os dedos, algo que havia virado corriqueiro já a 3 anos.
Ele sabia que a prima se relacionava com mulheres, ela o convidou para a de aniversário de uma menina que sua prima desejava muito, mais não imaginava o que encontraria la.
Claudia não sabia o endereço da festa, que era a única coisa que ele precisava saber pra chegar ao local. De repente ela colocou Vera na conversa dos dois. Vera era a aniversariante e Arthur não fazia idéia de quem ela era. Começaram a conversar sobre o local e Arthur sempre brincalhão perguntou qual o endereço. Vera tentou explicar como chegar, ele então brincando colocou apenas as palavras: “endereço + Google ... conhece?”. Vera saiu da conversa. Após um trabalho de convencimento por parte de Claudia, Vera tornou a conversar e ficou decidido que eles passariam em sua casa já que ela sabia como chegar na festa.
Para não se sentir deslocado, convidou a Paulo que fosse com ele. Chegando ao local, ele que era acostumado com organização e pouca bagunça se surpreendeu já na chegada. Um muro de pedacinhos de madeira caindo aos pedaços, duas casinhas pequenas com as paredes sujas e um quintal que era um misto de lama, lodo, mato e entulhos. Ficou imaginando onde caberia uma festa ali.
Tinham 4 meninas tentando aprender a dançar axé com Vera, e Arthur, Claudia e Paulo sentaram-se no sofá para admirar a cena. Vera tinha um traseiro avantajado, os cabelos compridos, negros e lisos, um corpo bem desenhado e olhos negros de um olhar profundo. A pesar da postura de brigona passava uma ternura que não era condizia com sua maneira de se portar. Arthur saboreou o momento, sempre adorou ver alegria no rosto das pessoas, se alimentava disto, é o que o fazia mais feliz nas festas. Aos poucos foram chegando os convidados e a casa foi se enchendo de gente. Arthur e Paulo iniciaram um jogo de truco na mesa do lado de fora, relembrando seus tempos de colégio. Para os dois a festa não parecia muito animadora, nenhuma mulher ali tinha interesse em homens.
Após algum tempo de festa as meninas dançavam umas em cima das outras de maneira sensual e tiravam as camisas ficando apenas com o sutiã. Ninguém era de ninguém e a impressão é que todas beijavam todas. Arthur foi dormir no carro e Paulo ficou vendo a cena e procurando uma maneira de interagir com o novo que via.
Em torno de 3 da manhã foi acordado porque as meninas queriam comprar cigarros. Foram 4 meninas atrás e uma na frente no banco do carona. Arthur descobriu as deficiências de sinalização na estrada da ribeira ao pular uma lombada a 110 Km/h . Claudia foi sentada no meio entre Vera e sua ex namorada Daniele. Claudia havia ficado com Vera, mais quando ela saiu comprar cigarros no posto Arthur pode ver pelo espelho que Claudia e Daniele se beijavam. Na volta, enquanto vera curtia o vento com metade do tronco para fora do carro dando gritos de liberdade Claudia com as mãos segurava vera e com a boca beijava Daniele. Prática que Arthur não achou aconselhável dada a vontade de Claudia de ter um relacionamento com Vera porém preferiu não se meter com o que não conhecia.
Em torno das 5 da manhã, Arthur foi acordado por Paulo que queria dormir também. Ele cedeu seu lugar e percorreu as dependências da festa. Não achava Claudia e ficou observando as pessoas já cansadas se acomodando pelos cantos, outras conversavam, várias se beijavam como se o mundo fosse acabar.
Viu Claudia e Vera sentadas no asfalto em frente a casa. Vera havia bebido demais, diz a lenda que 1 garrafão e meio de vinho. Resolveu tomar um ar.To be continue ...
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